Vereadores visitam hospitais e constatam falta de materiais no HPS
Segundo parlamentares, gestores da unidade teriam apontado que insumos repassados não são suficientes; Prefeitura, no entanto, afirma que não há desabastecimento
Em duas ações distintas, vereadores da Câmara Municipal de Juiz de Fora estiveram na manhã desta quinta-feira (7) em unidades de saúde que compõem a linha de frente do combate à Covid-19 na cidade, que são o Hospital Universitário – Unidade Santa Catarina -, o Hospital Regional Doutor João Penido, o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, além do Hospital de Pronto-Socorro Dr. Geraldo Mozart Teixeira (HPS), onde encontraram os problemas mais alarmantes.
No HPS, visitado pela Comissão de Saúde e Bem-Estar, os vereadores constataram falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e de itens de higienização. Segundo o presidente da comissão, o vereador Adriano Miranda (PRTB), os gestores da unidade reclamaram da escassez de repasses dos itens solicitados junto à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Em nota à Tribuna, por sua vez, embora ressalte a escassez e a dificuldade de compra de EPIs, a PJF afirmou que todos os servidores do HPS, de acordo com suas respectivas funções, recebem o material preconizado pelo protocolo sanitário do Centro de Operações de Emergência em Saúde de Minas (COES/MG).
De acordo com o presidente da Comissão de Saúde, Adriano Miranda, chamou atenção a escassez de materiais de higienização e a dependência de máscaras advindas de doação, uma vez que, segundo a direção da unidade, um quantitativo insuficiente de unidades chegou até o hospital. “Logo na entrada, não há nenhuma preocupação com a higienização pessoal. Não tem álcool em gel para disponibilizar para os pacientes que chegam. A pessoa chega contaminada e vai contaminar todo mundo dentro do hospital.”
Aos vereadores da comissão, formada ainda pelos médicos Antônio Aguiar (DEM) e José Mansueto Fiorilo (PL), a gestão do hospital afirmou que já fez requisições de equipamentos à Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (SS/PJF), mas não foram atendidos com a quantidade necessária para o funcionamento da unidade dentro dos padrões seguros. “O que eles constatam no HPS é que existe uma quantidade insuficiente de material enviado para o quantitativo que eles precisam”, relata Miranda. “A Prefeitura tem que atender às requisições, porque quem sabe da demanda são os gestores. Tem que enviar o que está sendo requisitado, e não em um volume inferior”, critica.
PJF afirma que não há desabastecimento
De acordo com a PJF, desde fevereiro, quando recebeu o primeiro caso suspeito de Covid-19, em momento algum o HPS ficou desabastecido dos insumos e EPIs necessários para prestar atendimento adequado. “Desde março, apenas o HPS já recebeu mais de 31 mil unidades de máscaras cirúrgicas descartáveis e mais de mil unidades da N95 (conhecida como bico de pato), mais 210 mil luvas descartáveis e cerca de 12 mil toucas.”
Em relação aos produtos de higiene, o Executivo pontuou que “já foram entregues para esta unidade 110 litros de álcool líquido 70%, 38 galões de cinco litros de álcool em gel 70%, mais 235 sachês (800 mililitros/cada). Além disso, o hospital recebeu 282 sachês (800 mililitros/cada) de sabonete líquido neutro, 240 litros de sabonete líquido antisséptico com triclosan, 336 vidros (1,1 litro/cada) de sabonete líquido perolizado e 16.535 pacotes de papel toalha (mil folhas/cada)”.
A fiscalização dos parlamentares tem por objetivo conhecer as condições de trabalho dos profissionais de saúde, além de colher informações sobre a ocupação dos leitos e a quantidade de pacientes que já passaram por cada hospital. Os demais hospitais foram visitados por vereadores que não fazem parte da Comissão de Saúde. O grupo foi formado por Luiz Otávio Coelho (Pardal, PSL), Marlon Siqueira (MDB), Ana Rossignoli (Patriota), Júlio Obama Jr. (Podemos) e André Mariano (PSL), além José Márcio (Garotinho, PV), que é representante da Comissão Parlamentar de Combate ao Coronavírus.
Ocupação de leitos
Presente nas visitas às demais unidades de saúde, Pardal também destacou o interesse em conferir a ocupação de leitos de cada hospital, bem como a quantidade de pacientes que já estiveram nas unidades. “Nós precisamos sempre fazer esse levantamento, pois o papel do vereador também é fiscalizar. A proposta é exatamente para que a gente possa definir, em todos os setores do hospital, qual é a real situação”.
Até a última atualização emitida pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), o município contava com ocupação de 84% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O índice influencia na cautela da Administração municipal para a retomada das atividades, bastante exigida pelas entidades patronais da cidade. Enquanto isso, o prefeito Antônio Almas (PSDB) estuda adesão ao Programa Minas Consciente para coordenar o retorno gradual do comércio juiz-forano.
Conforme dados municipais atualizados nesta quinta-feira (7), Juiz de Fora tem 296 casos confirmados de coronavírus e 15 mortes. Há, ainda, 2.786 pacientes em suspeita de infecção por Covid-19 e nove óbitos em investigação para a enfermidade.