CUT aponta risco de precarizaĆ§Ć£o
Para o presidente da Central Ćnica dos Trabalhadores (CUT) Regional Zona da Mata, WatoĆra AntĆ“nio de Oliveira, a terceirizaĆ§Ć£o jĆ” Ć© altamente prejudicial ao trabalhador. A possibilidade de ela se tornar irrestrita, como estĆ” previsto na reforma trabalhista, Ć© ainda mais preocupante. “Querem rasgar de vez a ConsolidaĆ§Ć£o das Leis Trabalhistas (CLT).” WatoĆra, que tambĆ©m Ć© dirigente do Sindicato dos BancĆ”rios, observa que Ć© comum a terceirizaĆ§Ć£o da atividade-fim no setor, o que precariza as relaƧƵes de trabalho e penaliza, principalmente, o trabalhador. Para a CUT, com a sanĆ§Ć£o da lei que amplia a terceirizaĆ§Ć£o “sem garantias que preservem de fato os direitos e a vida dos trabalhadores, a precarizaĆ§Ć£o crescerĆ” consideravelmente, aumentando ainda mais os riscos de acidentes”.
O dossiĆŖ produzido em parceria com o Dieese em 2015, “TerceirizaĆ§Ć£o e desenvolvimento, uma conta que nĆ£o fecha”, aponta que, na maioria dos setores produtivos cujas atividades jĆ” sĆ£o terceirizadas, os acidentes vitimam sete vezes mais os trabalhadores terceirizados. O estudo revela ainda que, no paĆs, esses trabalhadores recebem, em mĆ©dia, 24,7% a menos do que os contratados diretos. Trabalham, pelo menos, trĆŖs horas e meia a mais e sĆ£o as principais vĆtimas de acidente de trabalho. Os terceirizados tambĆ©m permanecem menos tempo no emprego (2,7 anos) ante os celetistas (5,8 anos). A rotatividade chega a 64,4% contra 33% dos demais.
Hoje, no paĆs, o universo de terceirizados soma 12,7 milhƵes trabalhadores contra 34,7 milhƵes protegidos pela CLT. No entendimento da entidade sindical, os nĆŗmeros comprovam que os efeitos da terceirizaĆ§Ć£o estĆ£o na contramĆ£o do desenvolvimento ao trazer Ć tona relaƧƵes arcaicas de trabalho, que ferem os preceitos de igualdade.
Fiemg vĆŖ ganho de produtividade
JĆ” para o presidente da Fiemg Regional Zona da Mata, Francisco Campolina, a legislaĆ§Ć£o sĆ³ confirma o que acontece na prĆ”tica em relaĆ§Ć£o Ć terceirizaĆ§Ć£o na indĆŗstria mineira. Antes da norma, avalia, as empresas nĆ£o contavam com seguranƧa jurĆdica para a prĆ”tica. A inseguranƧa jurĆdica, aliĆ”s, Ć© destacada por 67% das empresas mineiras como o principal entrave ao processo de terceirizaĆ§Ć£o.
Para Campolina, “o risco de precarizaĆ§Ć£o das relaƧƵes de trabalho Ć© zero, jĆ” que os trabalhadores contam com todas as garantias constitucionais e celetistas”, nĆ£o tendo como burlar a legislaĆ§Ć£o. A possibilidade de a indĆŗstria flexibilizar o processo, contratando outras empresas para otimizar a produĆ§Ć£o, Ć© considerada altamente positiva.
Sondagem especial sobre terceirizaĆ§Ć£o, divulgada pela federaĆ§Ć£o, aponta que 67% das indĆŗstrias mineiras fazem uso de serviƧos terceirizados. Deste universo, 80% pretendem manter ou aumentar a utilizaĆ§Ć£o do serviƧo nos prĆ³ximos anos. Para 91,5% das empresas, a reduĆ§Ć£o de custos Ć© o principal motivo para a decisĆ£o de terceirizar. Dentre os serviƧos priorizados estĆ£o montagem e/ou manutenĆ§Ć£o de equipamentos (50,9%), seguido pela logĆstica e transportes (48%) e serviƧos de consultoria tĆ©cnica (42,8%). A perda da competitividade Ć© considerada a principal consequĆŖncia caso nĆ£o houvesse a possibilidade de contrataĆ§Ć£o de serviƧos terceirizados para 40,3% dos empresĆ”rios ouvidos.