500 obras paradas em Minas
O governador Fernando Pimentel (PT) apresentou ontem os primeiros resultados da auditoria realizada por sua equipe nas contas do Estado e nas ações das gestões passadas, encabeçadas pelo grupo político liderado pelo PSDB mineiro, após as passagens dos senadores Aécio Neves (PSDB) e Antônio Anastasia (PSDB) e do ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP) pelo Palácio Tiradentes, entre 2003 e 2014. Durante o pronunciamento, Pimentel classificou a situação financeira de Minas Gerais como “muito crítica” e atacou o chamado “choque de gestão”, uma das principais bandeiras tucanas no Executivo estadual. “Estamos falando de 12 anos de gestão que se proclamava como a melhor do país. A situação é muito grave do ponto de vista gerencial e financeiro”, atacou o petista, que pediu compreensão à população diante das limitações que a atual gestão irá enfrentar.
Após fala rápida de Pimentel, os resultados do diagnóstico feito pelo Governo foram detalhados pelos secretários da Fazenda, José Afonso Bicalho; de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães; e de Transporte e Obras Públicas, Murilo Valadares, que condenou o planejamento de investimentos da administração anterior. Segundo o jornal “Folha de São Paulo”, a gestão passada cancelou mais de 800 convênios firmados com municípios do interior do estado nos últimos dias de 2014, durante a passagem de Alberto Pinto Coelho pelo Governo. Os cancelamentos acarretaram na paralisação de quase 500 intervenções em várias cidades mineiras. Os valores referentes aos convênios suspensos chegariam a R$ 76,7 milhões, que deveriam ser liberados para 300 municípios. Até o momento, apenas 12% do montante – R$ 9 milhões – foram liberados para as prefeituras.
Secretário da Fazenda, Bicalho afirmou que o Estado acumulou dívidas nos últimos oito anos, quando o passivo estadual saltou de de R$ 52 bilhões para R$ 94 bilhões, além de apontar inchaço na folha salarial do funcionalismo estadual. Mantendo o tom de crítica aos antecessores, Helvécio apontou o crescimento dos índices de violência em todo o estado. “Das 11.265 viaturas da PM, 4.562 estão fora da rua por falta de manutenção. No Corpo de Bombeiros, 373 carros estão fora de combate. Os presídios mineiros têm 32 mil vagas, mas hoje comportam 66 mil presos”.
Por meio de sua assessoria, Alberto Pinto Coelho afirmou que os cancelamentos ocorreram por conta da interrupção de obras e devido ao fato de o Banco do Brasil não ter liberado empréstimo superior a R$1 bilhão. Em nota, o PSDB mineiro considerou o pronunciamento de Pimentel como um esforço para desviar a atenção da opinião pública, valendo-se de manipulação e sonegação de informações. “Após três meses de um Governo fraco, sem ousadia e que tem dado reiteradas demonstrações de incapacidade para cuidar das demandas da população, o governador e seus secretários mobilizaram a atenção dos mineiros simplesmente para criticar adversários políticos.”