Eleição da presidência da Câmara de Juiz de Fora será dia 14
Kennedy e Pardal são apontados como os candidatos de uma disputa que movimenta os bastidores do Poder Legislativo
Quem irá ocupar a presidência da Câmara Municipal no biênio 2019/2020 já tem data definida. Conforme comunicado feito pelo atual presidente da Casa, o vereador Rodrigo Mattos (PHS), na noite da última terça-feira (4), o pleito será realizado no próximo dia 14 de dezembro. A decisão atende aos dispostos no regimento interno do Poder Legislativo, que define que a definição deve ocorrer na primeira quinzena de dezembro. Dois vereadores já se apresentam como candidatos ao comando da Mesa Diretora: Kennedy Ribeiro (MDB) e Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC).
A despeito de a data ser definida para o último dia de sessão legislativa do ano, o jogo já é jogado há várias semanas nos bastidores do Palácio Barbosa Lima. Como se a presidência do Legislativo não fosse um cargo de interesse público – quem ocupá-lo ficará em primeiro na fila de sucessão da Prefeitura em caso de ausência do prefeito Antônio Almas (PSDB) -, as costuras até aqui passam apenas por articulações internas e conversas entre os parlamentares em busca de apoio para os dois grupos que, no momento, protagonizam a disputa pelo poder.

Até aqui, Kennedy e Pardal fizeram poucas explanações públicas sobre seus projetos e suas propostas. Assim, as ações parecem focadas, principalmente, na busca por apoio dos pares. Recentemente, o vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT) chegou a indagar em plenário a falta de debate público sobre a disputa e questionar as declarações de voto que vem sendo antecipadas por alguns parlamentares: “Estamos discutindo o quê? Por quais razões estão sendo dadas estes apoios?”
Instado pela reportagem nesta quarta-feira (5), o grupo que manifesta apoio à candidatura de Pardal não detalhou à Tribuna os projetos e objetivos da candidatura, afirmando que explanará seus intuitos à frente da Mesa após a consolidação do pleito. Na época em que confirmou sua candidatura, há cerca de um mês e meio, Pardal sinalizou com a continuidade dos atuais serviços prestados pela Câmara à população e outros trabalhos desenvolvidos pela atual Mesa Diretora, da qual o próprio candidato é integrante, ocupando a função de primeiro secretário.
Mesa rachada
O grupo que ocupa a Mesa, no entanto, parece que seguirá rachado para a disputa, uma vez que o presidente Rodrigo Mattos e os vice-presidentes Antônio Aguiar (MDB) e José Márcio (Garotinho, PV) apoiam a candidatura de Kennedy. Também a partir de solicitação feita pela reportagem, o emedebista detalhou alguns de seus projetos e objetivos caso chegue à Presidência da Casa, hasteando a bandeira da continuidade. “Vamos seguir a tendência com a realização de novos concursos. Isso equilibrou a relação entre comissionados e concursados. Fizemos compromissos com pautas importantes da esquerda, como o trabalho em prol da liberdade de cátedra e a valorização dos servidores públicos municipais. Temos consciência da importância quanto à manutenção da independência entre os poderes. Acima de tudo vamos respeitar os preceitos do estado democrático de direito”, afirmou a candidatura do emedebista.
Com apoio de nove, Pardal é favorito

Até o momento, Pardal aparece como favorito para levar a contenda eleitoral. Isto porque, no dia 19 de outubro, afiançou a assinatura de outros nove parlamentares em apoio à sua candidatura, além da própria subscrição. Tal compromisso já foi reforçado pelos parlamentares em sessões plenárias realizadas na Câmara ao longo dos últimos meses. Assim, caso tal cenário se confirme, ele computaria dez votos, o que corresponde à maioria dos 19 vereadores da atual legislatura. Assinaram o documento Ana Rossignoli (MDB), André Mariano (PSC), Cido Reis (PSB), Carlos Alberto Mello (Casal, PTB), José Fiorilo (PTC), Júlio Obama Jr. (PHS), Charlles Evangelista (PSL), Sheila Oliveira (PSC) e Wanderson Castelar (PT), além do próprio Pardal.
Por outro lado, Kennedy não se dá por vencido e deve utilizar os dias que antecedem a eleição para tentar reverter a suposta vantagem do adversário. Recentemente, o emedebista aceitou algumas condições colocadas pelo diretório municipal da legenda para apoiar sua candidatura. O documento colocou questões como a ampliação das políticas de transparência na Câmara; a autonomia e independência do Legislativo; e a garantia das liberdades democráticas para que os movimentos sociais tenham todo o espaço de apresentarem suas demandas na Casa.
Petista é visto como fiel da balança
A movimentação colocou o PT como fiel da balança na disputa, em especial, a posição de Wanderson Castelar, que, na última terça-feira, voltou a utilizar de sua palavra no plenário para ressaltar o compromisso com a candidatura de Pardal. “Fiz este compromisso na crença de que ele poderá conduzir bem o Legislativo e também com o entendimento sobre a necessidade de renovação”, afirmou o petista, na ocasião, fazendo referência ao fato de Kennedy ter apoio de um grupo de que deu suporte às gestões do ex-presidente da Casa, o ex-vereador Julio Gasparette (MDB), que ocupou a cadeira no biênio 2012/2013; e Rodrigo Mattos, que desempenha a função deste 2014. Cabe destacar que Rodrigo não pode se candidatar a reeleição, uma vez que o regimento impede que um mesmo parlamentar ocupe o cargo por duas vezes na mesma legislatura.
Castelar ainda considerou a movimentação do diretório do PT como tardio. “Sou absolutamente fiel ao partido, mas o que o PT pode querer com este pedido é criar um constrangimento ou então tentar me expulsar”, afirmou. O petista ainda afirmou que sua decisão já foi comunicada em plenária realizada em sua base de apoio e minimizou desentendimentos políticos que já teve com vereadores que integram o bloco de apoiadores de Pardal – e com o próprio candidato -, em especial, em questões referentes à discussão nacional, uma vez que o bloco abriga defensores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e críticos do PT.
Também na terça-feira, Castelar sinalizou o anseio de ocupar um dos outros quatro cargos na Mesa Diretora. Pardal deixou as portas abertas para tal possibilidade. O mesmo caminho foi seguido por Kennedy, que ainda busca apoio integral da bancada do PT e chegou a afirmar que poderia destinar ao vereador uma das duas cadeiras de vice-presidência na chapa que irá comandar a Câmara nos próximos dois anos.