Grupos de oposição a Bolsonaro fazem ato no parque Halfeld
Ação foi capitaneada pelo PT e por movimentos sociais e sindicais da cidade

Um grupo de manifestantes contrários ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou um ato público no fim da tarde desta sexta-feira (5). A ação foi convocada por movimentos sociais e sindicais e integrantes do diretório municipal do Partido do Trabalhadores (PT), em tom crítico a ações diversas do Governo federal, tanto no campo da saúde pública, no enfrentamento à pandemia da Covid-19, como no campo político, com questionamentos sobre possíveis ataques aos direitos de trabalhadores. Neste sentido, os presentes consideram “cruel” o congelamento de salários e carreiras do servidor público até o exercício financeiro de 2021. Esta é uma das contrapartidas vinculadas ao Projeto de Lei Complementar n° 39, que define a concessão de um auxílio emergencial a estados e municípios por parte da União.
Durante o ato, os manifestantes tornaram público um documento assinado por 13 entidades, entre partidos e movimentos sociais e sindicais. O texto afirma posicionamento “em defesa da vida, da democracia, do emprego e renda”, e pede ainda a saída do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo. O manifesto cobra também a necessidade de ações concretas por parte do Governo federal para o enfrentamento à pandemia da Covid-19. “O governo Bolsonaro, além de agir de maneira irresponsável, colocando risco vida de milhares de brasileiros, segue uma agenda de ataques às trabalhadoras e trabalhadores, de destruição da soberania nacional e de autoritarismo, e incita movimentos antidemocráticos perigosos a ganhar adeptos no país”, diz o documento.
O manifesto ainda aborda quadros específicos do Governo federal, citando fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em reunião ministerial do dia 22 de abril, em que sugeriu “aproveitar que a mídia só está falando da pandemia para passar a boiada no regramento ambiental”. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também é mencionado, com os manifestantes tecendo críticas a projetos de privatizações de empresas públicas e por, segundo o documento, ter o “objetivo de proteger grandes empresários em detrimento dos direitos da classe trabalhadora”.
“Nosso objetivo é mostrar o descontentamento do partido e dos movimentos sociais e sindicais com o que percebemos como uma tentativa real de atacar os direitos da classe trabalhadora em maio à pandemia. Estamos vendo a aprovação de diversas medidas que representam isso e o risco real da perda de postos de trabalhos e também de renda dos trabalhadores”, avalia o presidente do diretório municipal do PT em Juiz de Fora, Juanito Vieira. Segundo os manifestantes, a mobilização reuniu entre 30 e 40 pessoas.
Mais alvos
Também foram feitas críticas ao governador Romeu Zema (Novo), também pelo entendimento de que a Administração estadual desenvolve uma agenda que pode resultar na perda de direitos dos trabalhadores e na privatização de empresa públicas. O manifesto também considera que Zema age de “maneira irresponsável quanto à necessidade de isolamento social” em meio à pandemia da Covid-19. Os manifestantes ainda direcionaram questionamento à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que, em meio à crise financeira potencializada pela pandemia, já optou pelo escalonamento do pagamento dos salários dos servidores.
“Entendemos que é necessário retomar um processo de mobilização diante dos ataques que a classe trabalhadora vem sofrendo dos governos federal e estadual e também do Governo municipal. Temos as pautas nacionais pela democracia, pela saída do presidente Jair Bolsonaro e em defesa da ciência e do Sistema Único de Saúde. Mas também temos como pauta questões locais. A Prefeitura tomou a decisão administrativa de escalonamento dos salários, que ataca a todos os servidores e também do Magistério”, diz Cléa Moreira, diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro).
‘Ato silencioso’
Os organizadores da ação destacaram que foram tomados cuidados para a realização da manifestação, que não foi divulgada para evitar aglomerações, com a utilização de equipamentos de proteção individual como máscaras e orientações para que os presentes observassem o distanciamento social. “Não fizemos uma convocação prévia. O ato foi organizado por lideranças de movimentos de esquerda. Todos com máscara e proteção facial. É um ato silencioso. Sem carro de som ou distribuição de panfleto, apenas com faixas e cartazes e a divulgação de um manifesto público, mantendo um distanciamento entre os manifestantes. Há uma preocupação muito grande com a política do governo Bolsonaro, que não busca ser um instrumento de coordenação em defesa da saúde e do emprego no país”, ponta Juanito.
13 entidades
As entidades que assinam o documento são: CUT/Regional Zona da Mata; diretório municipal do PT; Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro); Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Comunicação Postal, Telegráfica Similares de Juiz de Fora e Região (Sintect); Sindicato dos Bancários de Juiz de Fora (Sintraf); Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Juiz de Fora (Sintex); Sindicato dos Trabalhadores do Transporte de Juiz de Fora (Sinttro); Unidade Popular pelo Socialismo (UP); Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Frente Brasil Popular; Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Movimento Correnteza; Juventude Revolução do PT; e Coletivo Maria Maria.