Minas tem abstenção inferior à média nacional no primeiro dia do Enem 2023

O primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 aconteceu no último domingo (5) e reuniu 263.215 participantes em Minas Gerais. De acordo com o balanço divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 26,6% dos candidatos inscritos no estado não compareceram ao exame. O número se aproxima do cenário nacional, onde o total de ausentes foi de 28,1%. Em Juiz de Fora, mais de 12 mil se inscreveram para realizar a prova, no entanto, o dado relativo à presença dos candidatos ainda não foi informado pelo Inep.

A primeira prova contou com questões objetivas das áreas de Linguagens e Ciências Humanas, com 45 questões cada, além da redação de um texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema. Neste ano, o tema da redação foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil“. A professora de redação Priscila Maini Pinto diz que a temática escolhida apresentou uma discussão relevante sobre a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres, historicamente desvalorizado na sociedade. A educadora ainda destaca que o tema poderia ser trabalhado de diferentes maneiras, mas sem ignorar os princípios dos Direitos Humanos, conforme as Diretrizes Nacionais para Educação. Nesse caso de 2023, Priscila aponta que os vestibulandos deveriam ter abordado a igualdade de direitos.

“Embora a interpretação dessa longa frase temática possa ter revelado dificuldades a alguns candidatos, é fato que a redação Enem já vem apresentando indícios de que o trabalho de autoria textual é fundamental e deve deixar de lado o chute em apostas temáticas. Isso é essencial para que o aluno perceba a importância de orientar a construção do texto a partir do recorte temático e de seus repertórios em distintas áreas do conhecimento”, orienta a professora.

Com nove anos de atuação na área, Priscila explica que os candidatos deveriam ter conduzido os textos, sem riscos de tangenciar a discussão, por meio de três abordagens, representada pelas seguintes referências: invisibilidade,  trabalho de cuidado e mulher. “É necessário destacar que o tema não era, exclusivamente, trabalho doméstico, como se viu divulgado ontem em alguns canais. Essa era apenas uma possível exemplificação de uma discussão maior que pondera sobre a desigualdade de gênero e sobre o tratamento incutido às mulheres. Nesse sentido, os textos motivadores foram fundamentais, pois trouxeram definição, reforçaram o recorte e explicitaram muitas formas de materializar esse trabalho de cuidado tão ignorado socialmente.”

Estudante destaca a abordagem de temas sociais

A estudante Sophia Sampaio, 18, prestou o exame pela segunda vez neste domingo. No ano passado, ela fez a prova para treinar, mas agora tem o objetivo de conseguir uma vaga no curso de Direito. Sophia conta que não tinha contato com redação nas escolas que estudou e, por isso, optou por fazer um curso presencial para se preparar. A aluna do terceiro ano do ensino médio gostou do tema da redação. Segundo ela, nunca antes um tema parecido havia sido abordado no Enem e ela acredita ser fundamental debater temas sociais ligados às mulheres, que muitas vezes são invisibilizados no dia a dia.

As questões fechadas de humanas abordaram assuntos desde o racismo em diferentes contextos ao desmatamento na Amazônia. Os inscritos tiveram de responder sobre o que antecedeu a criação do Estado de Israel, ditadura militar, igualdade de gênero, a ginasta Simone Biles e protestos de torcedores do Fluminense contra cantos preconceituosos em estádios. Sophia diz que notou a variedade de temas e que a maioria das questões exigiam interpretação de texto. No próximo domingo (12), a segunda etapa da prova é voltada para Ciências da Natureza e Matemática. A jovem diz estar preocupada por ser a área que tem mais dificuldade, mas espera conseguir fazer uma boa pontuação.