Trabalhadores em situação análoga à escravidão são resgatados em MG
Homens, que atuavam na colheita de café, tiveram que arcar com custos de viagem e compraram equipamentos com próprio dinheiro
Seis trabalhadores que viviam em situação análoga à escravidão foram resgatados por auditores-fiscais da Gerência Regional do Trabalho, do Ministério do Trabalho, em Campestre, cidade localizada no Sul de Minas Gerais. De acordo com o Ministério, eles atuavam em uma colheita de café há um mês e estavam alojados em uma casa com rede elétrica precária, além de não terem instalações sanitárias, abrigos para refeição e proteção contra intempéries durante a realização do trabalho. Eles estavam sem receber o salário de junho. A ação foi realizada no dia 19 de julho, mas foi divulgada nesta segunda-feira (31).
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Conforme o Ministério do Trabalho, os trabalhadores são migrantes das cidades de Berilo e Virgem da Lapa, na região do Vale do Jequitinhonha. Eles teriam se deslocado para a zona rural de Campestre a pedido do empregador em carro próprio e van, arcando com todos os custos da viagem. Eles também não teriam tido estrutura para o trabalho, e precisaram adquirir insumos, como equipamentos de proteção individual, garrafões de água e materiais necessários para a colheita de café, com gasolina e óleo para os equipamentos, com dinheiro do próprio bolso. Por conta disso, eles estariam com dívidas em mercados da região.
O empregador responsável pelas infrações foi notificado pela Auditoria-Fiscal do Trabalho e obrigado a registrar o vínculo empregatício dos seis trabalhadores, com admissão e imediata interrupção do contrato de trabalho. Os trabalhadores receberam R$ 46.808,04 em verbas rescisórias e retornaram para suas residências com solicitação de seguro-desemprego do trabalhador resgatado, que dá direito a três parcelas de um salário mínimo cada.
25 trabalhadores em situação análoga à escravidão
No total, a Gerência Regional do Trabalho em Poços de Caldas já contabiliza três casos de trabalho análogo ao de escravidão na safra de café de 2023. No total, 25 trabalhadores foram resgatados. Em todos os casos, de acordo com o Ministério do Trabalho, os trabalhadores eram migrantes e estavam alojados em condições degradantes, além de terem arcado com parte das despesas para a estrutura de trabalho, que deveriam ser fornecidas pelos empregadores.
Denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê, neste endereço.