Mesmo sob chuva e com derrota, torcedores de JF se mantêm esperançosos no Brasil na Copa
Tribuna acompanhou partida na UFJF que terminou com derrota do Brasil para Seleção de Camarões por 1 a 0
A chuva não abalou os torcedores que se reuniram na Praça Cívica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para assistir o jogo entre Brasil e Camarões na tarde desta sexta-feira (2). Já o resultado da partida, sim. Com um gol de Aboubakar aos 47 minutos do segundo tempo, a Seleção Brasileira perdeu para o time de Camarões, desfecho “inimaginável” para alguns que assistiam o jogo.
A torcedora Kendlear Souza não levou sombrinha ou capa de chuva para a UFJF, caprichou na maquiagem com as cores do Brasil, mas se disse arrasada com o placar final. “Achei muito ruim ele ganhar muitos jogos bons para perder para Camarões, fiquei decepcionada.” A chuva pode ter até desfeito a maquiagem, mas nem o tempo a fez perder a esperança da conquista do hexa. “Apesar de tudo, valeu a pena ter pegado chuva porque é o meu Brasil, né. Esse ano o hexa é nosso.”
Cada um se virou como pôde. Uns se cobriram com a bandeira, muitos se amontoaram nas tendas montadas pelo festival Deguste. Os que foram prevenidos e levaram guarda-chuva, tentaram abrigar sobre ele o máximo de gente que deu. Como o caso da Marisângela Domingos e Larissa Gomes, que trouxeram as filhas, Isabela Valentim e Sofia Gomes, para curtir o jogo da UFJF. Quando começaram os primeiros pingos de chuva, logo se protegeram debaixo de uma única sombrinha. “A chuva não atrapalha em nada, a gente arruma um jeito aqui debaixo da sombrinha, mas não deixa de assistir”, disse Marisângela.
Já outros acreditavam que, “quem tá na chuva é pra se molhar”. No intervalo da partida, os amigos Igor Almeida, Wendel Silva e Rodolfo Fortunato ainda estavam esperançosos que no segundo tempo cinco gols do Brasil contra Camarões iam sair. “Eu apostei 5×0 no Brasil hoje, acredito que ainda tem chance de sair tudo nesse segundo tempo. Desacreditar jamais, Brasil sempre.”
O mesmo otimismo foi mantido por Gabriela Grimaldi, que esperou até o último minuto do jogo por um gol do Brasil. “A esperança é a última que morre”. Ela, junto ao namorado Wesley do Vale e o amigo Ruan Rodrigues, foram uns dos que assistiram o jogo todo debaixo de chuva. “Apesar do resultado a gente ficou em primeiro lugar, semana que vem tem mais. No próximo jogo o Brasil ganha”, disse Wesley.
No final do jogo, o clima, apesar de tudo, não era de derrota. Afinal, o Brasil termina a fase de grupos liderando o grupo G e, na segunda-feira (5), joga contra a Coréia do Sul, às 16h, pelas oitavas de final do Mundial. A animação que permaneceu, mesmo em condições adversas, aguenta uma derrota. “Pelo menos perdeu quando podia perder. Foi com o time reserva ainda. Na segunda-feira vai dar tudo certo”, afirmou o torcedor João Vitor Basilio.
Camarões 1 x 0 Brasil: o jogo
(Agência Estado) – Desorganizado e sentindo falta de entrosamento, o time reserva do Brasil até que tentou fazer frente à limitada seleção de Camarões, mas sofreu um gol de cabeça nos acréscimos e saiu do Lusail Stadium com sua primeira derrota na Copa do Mundo, por 1 a 0. Apesar do revés, o Brasil garantiu a liderança do Grupo G e enfrentará a Coreia do Sul nas oitavas de final, na segunda-feira.
Ainda que corresse à boca pequena entre os jornalistas estrangeiros que cobrem a Copa do Mundo que “o Brasil tem duas seleções”, havia expectativa sobre o real potencial do time reserva para o jogo desta sexta-feira. A qualidade individual dos jogadores praticamente não estava em dúvida, mas colocar onze atletas que não têm o hábito de atuar juntos numa partida suscitava desconfiança.
O jogo também tinha um importante personagem predefinido: Daniel Alves. Escolhido para ser o capitão do Brasil, o atleta de 39 anos foi contestado desde que teve seu nome anunciado por Tite no mês passado. E, contra Camarões, o lateral teve finalmente uma primeira oportunidade para justificar sua presença no Mundial.
Os primeiros 45 minutos mostrariam que a seleção reserva era de fato um bom time, mas carecia, sim, de entrosamento. Acostumado a jogar entre os titulares, Fred mais de uma vez precisou girar em torno do próprio eixo à espera de um companheiro que evoluísse ao ataque. Os pontas, Antony e Martinelli, eram agudos, mas tinham dificuldades em encontrar Gabriel Jesus no meio da área. Rodrygo, o substituto de Neymar, desempenhava bem o papel do titular – inclusive sendo caçado em campo -, mas não tinha chances para finalizar.
Quanto a Daniel Alves, ele foi menos construtor do que Tite tanto se empenhou em destacar nos dias que antecederam à partida Jogou recuado pela direita e mais de uma vez a seleção de Camarões conseguiu progredir por lá. Mas o capitão da seleção brasileira não comprometeu, ajudou a organizar a defesa e até teve chance de fazer um gol, ao bater falta da entrada da área. A bola acabaria indo por cima do travessão.
A seleção voltou sem alterações para o segundo tempo, mas não tardou para Tite promover três mudanças. E isso por causa de um novo problema na lateral. Alex Telles, o substituto do lesionado Alex Sandro, também se contundiu. Sem opção para o lado esquerdo, o jeito foi colocar o zagueiro Marquinhos por lá. Bruno Guimarães e Everton Ribeiro também entraram.
A essa altura, a partida que fechava o Grupo G da Copa do Mundo era de pouca técnica e muita disposição. Porque de um lado havia Camarões tentando ir ao ataque de qualquer jeito em busca de uma classificação improvável, e do outro havia o Brasil reserva buscando o gol de Epassy apenas na base do talento de seus jogadores, uma vez que a organização tática quase inexistia. Até que, aos 47, Mbekeli escapou pela direita e cruzou na primeira trave para Aboubakar cabecear no canto. Ederson apenas olhou a bola morrer no fundo da rede.
Mesmo com o resultado, o Brasil assegurou a primeira colocação no grupo, com seis pontos, e, na segunda-feira, enfrentará a Coreia do Sul pelas oitavas de final da Copa do Mundo. A seleção asiática garantiu classificação de forma surpreendente um pouco antes, ao virar sobre Portugal e chegar aos quatro pontos no Grupo H. Assim, se igualou ao Uruguai, mas terminou à frente pelo critério de gols marcados.
A segunda vaga do Grupo G ficou com a Suíça, com os mesmos seis pontos, mas desvantagem no saldo de gols. Camarões terminou em terceiro, com três, e a Sérvia ficou na lanterna, com apenas um ponto. Nas oitavas, os suíços vão enfrentar Portugal, na terça-feira.
Torcida exalta Pelé e Neymar
Recuperando-se de lesão no tornozelo direito, o atacante Neymar – assim como Danilo e Alex Sandro – esteve no Lusail. O atacante apareceu no telão durante a execução do Hino Nacional e foi ovacionado pela torcida. Pelé, que está internado com infecção respiratória em São Paulo, foi homenageado com um bandeirão pela torcida. A imagem do Rei do Futebol estava estampada, com uma mensagem desejando melhoras em inglês.
FICHA TÉCNICA:
BRASIL 0 X 1 CAMARÕES
BRASIL – Ederson; Dani Alves, Éder Militão, Bremer e Alex Telles (Marquinhos); Fabinho, Fred (Bruno Guimarães) e Rodrygo (Everton Ribeiro); Antony (Raphinha), Gabriel Jesus (Pedro) e Gabriel Martinelli. Técnico: Tite.
CAMARÕES – Epassy; Fai, Wooh, Ebosse e Tolo; Anguissa, Kunde (Ntcham), Mbeumo (Ekambi), Choupo-Moting e Ngamaleu (Mbekeli); Aboubakar. Técnico: Rigobert Song.
GOL – Aboubakar, aos 47 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Tolo, Kunde, Fai, Aboubakar; Éder Militão, Bruno Guimarães.
CARTÃO VERMELHO – Aboubakar.
ÁRBITRO – Ismail Elfath (EUA).
RENDA – Não disponível.
PÚBLICO – 85.986 pagantes.
LOCAL – Lusail Stadium, em Al Daayen, no Catar.