Com 2,11m, juiz-forano Eliab Augustus vai defender clube paulista de vôlei

Altura, saque e potência no ataque se tornaram marcas do jogador, que conta com apoio intenso da mãe na realização dos sonhos


Por Davi Sampaio

25/12/2025 às 06h00

Aos 17 anos, o juiz-forano Eliab Augustus já se acostumou a chamar atenção antes mesmo de tocar na bola. Com 2,11 metros de altura, o atleta do Clube Bom Pastor, que joga como ponteiro e oposto, é um dos nomes mais promissores do voleibol de base do Brasil e está de saída para defender um clube paulista, que ainda não pode ser anunciado oficialmente.

A estatura impressiona, mas está longe de ser o único diferencial. Convocado para a seleção brasileira sub-17 nos últimos anos e presença constante nas seleções mineiras de base, Eliab construiu o caminho com regularidade, competição e amadurecimento dentro de quadra. “Todo mundo me pergunta isso, então não tem jeito: tenho 2,11 metros. É de família, todo mundo é alto, mas eu acabei passando todo mundo”.

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Eliab irá disputar os principais campeonatos do país em equipe de São Paulo (Foto: Yan Ferreira/Dycom Sports)

Curiosamente, o caminho até o vôlei não passou por outras modalidades tradicionalmente associadas a atletas altos. “Eu nunca tentei basquete. De goleiro eu só jogava no intervalo da escola, mas nunca foi algo sério. Fui direto para o vôlei, e deu certo”, diz, rindo. E, assim, a trajetória começou de forma quase improvisada. Em 2017, ainda criança, Eliab entrou no Bom Pastor por meio de uma parceria, voltada a alunos de escolas públicas. Na época, não havia qualquer planejamento de carreira. “No começo eu nem sabia direito o que estava fazendo. Comecei a entender melhor depois da pandemia. Em 2022, com os campeonatos, eu tive certeza de que era isso que eu queria para a minha vida”, afirma.

Foi justamente em 2022, durante a disputa da Copa Paraná, um dos principais torneios de base do país, que o jovem passou a se enxergar como atleta de alto rendimento. O evento reúne equipes de diferentes estados e até de fora do Brasil. “Foi ali que conheci atletas de outros lugares, do Chile, da Argentina. Foi quando pensei que dava para viver do vôlei”, diz. Desde então, a rotina mudou. Escola pela manhã, treinos quase todos os dias da semana, academia sempre que possível e pouco espaço para descanso.

“Conciliar tudo isso é muito difícil, mas sei que o vôlei é o meu futuro”. Dentro de quadra, destaca como pontos fortes a altura, o saque e a força de ataque, características lapidadas ao longo dos anos por treinadores do Bom Pastor. Ele faz questão de citar nomes como Saulo, no início da formação, e Mandela, que o acompanha desde 2019. “Ele é como um segundo pai pra mim”, define.

Além do crescimento técnico, Eliab também precisou aprender a lidar com a exposição precoce. Desde muito novo, passou a ser observado em quadra não apenas pelo jogo, mas pela presença física fora do comum. “No começo eu ficava muito nervoso com as pessoas olhando. Hoje ainda fico um pouco, mas estou aprendendo a lidar melhor”, admite o atleta, que reconhece que a maturidade emocional tem sido tão importante quanto a evolução esportiva neste processo de transição para um cenário mais competitivo.

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Eliab diz queapoio dos treinadores é fundamental para o sucesso (Foto: Reprodução/Instagram)

Apoio da mãe de Eliab

Fora das quadras, o suporte principal vem de casa. Presente em treinos, viagens e competições, a mãe, Érica de Melo vive a rotina do esporte quase tanto quanto o filho. “Ser mãe de atleta é uma aventura de super-herói”. É levar para treino, conciliar com trabalho, viagens de madrugada, campeonato em semana de prova. Sendo menor de idade, tudo é mais complicado.”

Ela lembra que a altura, que hoje é vantagem esportiva, também trouxe dificuldades no início. “As pessoas achavam que ele era mais velho e cobravam coisas que não condiziam com a idade. Teve momentos em que ele pensou em desistir.” Nessas horas, o incentivo era simples e constante: ‘amanhã é outro dia’. “No dia seguinte, ele já queria ir treinar de novo.”

A ida para um clube paulista representa um passo natural e inevitável na carreira. Para Érica, o sentimento mistura orgulho e apreensão. “Dá muita felicidade, mas aperta o coração porque ele vai para longe. Mesmo assim, ele sabe que a gente está aqui. O apoio é incondicional.”

Inspirado em nomes como Lucarelli, Wallace e Otávio, Eliab não esconde os sonhos. Quer uma carreira longa, experiência internacional e, se possível, vestir a camisa da seleção principal em grandes competições. “Meu sonho é jogar fora do país e, se Deus quiser, conquistar uma medalha olímpica”, projeta.

O apoio familiar, especialmente da mãe, segue como base nesse momento decisivo da carreira. Érica reforça que o esforço vai muito além do que aparece nos resultados e convocações. “Valeu a pena as correrias, os atrasos, os sacrifícios. Quem está de fora não imagina a pressão e os detalhes que existem”, afirma. Para ela, o mais importante é garantir que o filho siga confiante. “Eu só quero que ele voe. E que voe o mais alto que conseguir.”

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