Fundo do poço: eliminado na ‘Terceirinha’ estadual, Tupi acumula sete anos de fracassos
Galo Carijó perdeu para o Boa Esporte e ficará mais um ano na última divisão mineira; último título foi em 2018
O Tupi, em sua primeira participação na história da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, a “Terceirinha”, terminou o hexagonal final de 2025 na penúltima posição. Foram quatro derrotas e apenas uma vitória em cinco jogos, com 11 gols sofridos e apenas um feito. Com essa colocação, a equipe terá que disputar novamente o último escalão do futebol estadual em 2026. A frustrante campanha encerrou no sábado (22), com a derrota por 3 a 1 para o Boa Esporte.
Desde 2019, o Tupi acumula rebaixamentos, problemas estruturais e financeiros, além de crises de diferentes naturezas. São sete anos seguidos de insucesso, sem nenhum título e nem sequer acessos. Nessa situação, o clube busca uma recuperação judicial e possível transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A empresa Magnitude, patrocinadora do futebol profissional do alvinegro neste ano, aparece como principal interessada.
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Insucessos do Tupi
A derrocada do Galo Carijó, que já viveu momentos gloriosos, é o resultado de um colapso construído ao longo de anos. Em 2016, o clube disputava a Série B do Campeonato Brasileiro e vivia a sua melhor fase recente, mas não aproveitou o momento: apesar de receber mais de R$ 4 milhões em direitos de transmissão, a gestão falhou em estruturação, provocando dívidas trabalhistas e uma base frágil para o futuro.
No ano seguinte, 2017, o alvinegro até teve um bom desempenho na Série C: ficou em segundo na fase de grupos e chegou às quartas de final. Entretanto, foi eliminado pelo Fortaleza — derrotado fora, venceu em Juiz de Fora, mas não garantiu o acesso à Série B. Novamente, a instabilidade técnica e as trocas de comando atrapalharam a consolidação do clube.
Em 2018, o Tupi conquistou o título de “Campeão do Interior” no Mineiro, reacendendo a esperança da torcida. Mas, na Série C do Brasileiro, a campanha caiu. Foram apenas seis vitórias em 18 jogos, e o clube acabou rebaixado para a Série D.
Em 2019 veio mais uma queda: no Mineiro, o Tupi fechou a fase inicial em último lugar e caiu para o Módulo II, a Segunda Divisão estadual. Ao mesmo tempo, foi eliminado já na primeira fase da Série D, o que significou o fim do calendário nacional para a equipe nos anos seguintes.
Com a chegada da pandemia, em 2020, a crise se aprofundou. O Tupi disputou apenas o Módulo II, campeonato que foi interrompido por sete meses. A instabilidade também se refletiu nas trocas de treinadores, e a ausência de receitas externas agravou a situação.
No ano seguinte, em 2021, problemas fora de campo se tornaram ainda mais graves. O ex-presidente Juninho foi preso durante investigação da Polícia Civil sobre irregularidades na gestão do clube. Ao mesmo tempo, a administração financeira continuava falha: as dívidas aumentavam, e a credibilidade junto a torcedores e investidores despencava.

Troca de gestão
Em 2022, com Tiquinho assumindo a presidência, havia a esperança de reconstrução. No entanto, mesmo com discurso de transparência e aproximação com a torcida, a equipe ficou apenas em sétimo lugar no Módulo II e não avançou ao hexagonal decisivo.
O ano de 2023 não trouxe alívio. Apesar de um planejamento mais antecipado — com amistosos e preparação —, o Tupi teve uma temporada fraca no Módulo II, terminou em décimo lugar, e viveu crises internas, como desentendimentos entre jogador e técnico. A formação de elencos pouco produtivos e a baixa competitividade refletiram a situação de um clube que parecia longe de recuperar seu passado de glórias.
Finalmente, em 2024, o desastre se concretizou. A pré-temporada foi marcada por instabilidade: três treinadores saíram antes mesmo de o campeonato começar, dirigentes deixaram o clube e a montagem do elenco foi alvo de críticas por falta de qualidade e profissionalismo. Na fase inicial, o Tupi chegou à última rodada ainda com chances tanto de avançar quanto de cair. A derrota para o Betim, somada a outros resultados, decretou sua queda para o terceiro nível do futebol estadual — algo que nunca havia ocorrido antes.
Agora, em 2025, o Tupi disputou a Segunda Divisão do Mineiro, a “Terceirinha”, e não conseguiu o acesso para o Módulo II. Apesar de ter terminado a primeira fase em primeiro do Grupo A, a equipe caiu de produção no hexagonal final e terminou na quinta colocação. Em 2026, terá que disputar a última divisão do mineiro mais uma vez.









