Jovem de 11 anos vem treinar em JF e se destaca nas artes marciais
Nicolas Sobrinho veio de Lima Duarte para Juiz de Fora para treinar, se destaca em cinco modalidades de artes marciais – muay thai (grau azul claro), capoeira (corda azul), boxe, jiu-jítsu (faixa amarela) e kickboxing – e já sonha com o UFC

Com 11 anos de idade e muita garra, o jovem Nicolas Sobrinho chama a atenção dos treinadores nas cinco modalidades que pratica. O sonho do menino, que começou aos 5 anos, é chegar aos octógonos do UFC. Para os pais, o talento foi uma surpresa e surgiu na escola durante as aulas de capoeira. Com o tempo, Cláudio passou a levar o filho para assistir seus treinos no muay thai, quando ainda moravam em Lima Duarte (MG), e recebeu incentivo do treinador local para investir no atleta.
“Acho que de tanto ouvir que tem talento, ele absorveu isso. Eu comecei a ver a evolução dele na técnica quando o professor falava para fazer algo e logo de cara ele já pegava e outros adultos não conseguiam fazer. A primeira luta dele foi em um campeonato interno e ele nocauteou um menino que já lutava há mais tempo”, conta Cláudio, que deixou de lado seu sonho de ser lutador profissional para realizar o sonho do filho.
Sem automóvel na família, por mais de um ano, pai e filho fizeram o trajeto de Lima Duarte a Juiz de Fora de ônibus para que o menino treinasse. Com os custos se tornando altos e o tempo apertado, Cláudio, a esposa Paola e os quatro filhos vieram de vez para Juiz de Fora. “Viemos para cá para abraçar o sonho dele mesmo, algumas pessoas disseram ‘vocês são loucos’, mas chegamos aqui e todos da equipe abraçaram a causa, olharam para ele e viram futuro”, conta a mãe Paola Sobrinho. Para ela, apoiar o sonho do garoto não era tarefa fácil no início. “Vou ser muito sincera, já tentei tirá-lo do muay thai muitas vezes, porque pensa em mim como mãe vendo meu filho no ringue… Ele já fez 16 lutas, mas é o que ele ama. Ele começou por causa de uma gagueira, ele é tímido, e quando chega dentro do ringue, ele se solta.”
Para Nicolas a justificativa de tanta paixão é expressada em palavras simples. “Gosto muito dos golpes, de lutar. Faço muay thai (grau azul claro), capoeira (corda azul), boxe, jiu-jítsu (faixa amarela) e kickboxing, mas prefiro o muay thai, trabalhar em pé”, conta e afirma que por enquanto não quer aprender outra arte marcial. Hoje, o atleta treina quase todos os dias, conciliando a escola com as aulas de muay thai, jiu-jítsu e boxe, e garante não sentir cansaço. Na verdade, ele conta que a melhor parte do seu dia é quando vai treinar. “Quando não tem treino, pratico em casa com meu pai”, relata.
Cheio de vontade e dedicação
Para seu treinador de muay thai Bruce Carvalho (BCT), o que mais chama atenção na criança é a vontade e a dedicação em aprender. “O pai dele diz que ele não assiste desenho, só luta, tem hora que ele fala para o filho brincar, mas ele gosta da luta. Ele treina em um ritmo frenético e às vezes tenho até que moderar com ele, porque é muito animado. O Nicolas treina com adultos, o pessoal só diminui a força, e ele já tem a maldade da galera profissional. Na sombra dele ele já treina instigando a mostrar o que o adversário vai fazer”, se admira.
Inspirado por José Alves, Anderson Silva, Jon Jones, Nicolas desenha o caminho para o MMA. “Planejo entrar em um evento bom e conseguir um bom resultado lá e, se Deus quiser, entrar no UFC.” Das suas conquistas, o pai já destaca o cinturão no Circuito Meritiense de Muay Thai, em São João de Meriti (RJ), e os títulos de campeão na 27º Favela Kombat, em Juiz de Fora (MG), e na 30° Favela Kombat, em Itaboraí (RJ), todos este ano.
Para o treinador Bruce Carvalho, Nicolas está em constante evolução e concorda que, para ter uma carreira de atleta de alto rendimento é preciso começar cedo. Por Nicolas ser ainda muito jovem, Bruce acredita que com 16 anos ele já poderá começar a lutar o tão sonhado MMA, já com um diferencial em relação aos adversários. “Ele pode ter um futuro brilhante, quando chegar para estrear estará mais do que pronto. Ele é muito pequeno até para a idade dele. Mas quando pegar corpo, já vai estar introduzido no MMA, porque já tem a parte em pé (muay thai) e o jiu-jítsu, então é só fazer os treinos de queda. Às vezes falo para o pai não instigar muito, porque ele pode chegar a uma certa idade e dar uma desanimada, pensar que mexeu com isso por muito tempo e querer fazer outra coisa. Falo para segurar a onda dele para não ser só empolgação.”
Sem medir esforços para apoiar o filho, o pai diz não ter calculado os gastos com os treinamentos, materiais e viagens para campeonatos, mas afirma serem altos pela falta de patrocínio. Sem preparador físico e acompanhamento de um nutricionista, os cuidados com a saúde são feitos pela própria mãe, que é técnica de enfermagem. “Mesmo sendo uma criança, ele tem vida de adulto, de atleta. Ele tem a parte criança, com batata frita e fast food, mas em casa a alimentação é regrada e ele gosta”, explica ela.
Segundo os planos do treinador, no ano que vem Nicolas deve participar de campeonatos regionais e da Federação Mineira,
podendo caminhar para um Campeonato Brasileiro no futuro.
*estagiária sob supervisão de Carla da Hora