De JF a Lima: rubro-negros embarcam para final da Libertadores
Às vésperas da final, rubro-negros relatam percalços para viajar rumo à capital peruana depois de mudança de sede a menos de 20 dias de confronto contra o River Plate
Renato Soares Bahia Júnior, 41 anos, e Douglas Rettore, 58, embarcariam, nesta sexta-feira (22), às 4h30, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, rumo à Lima, no Peru, para assistir à final da Copa Libertadores da América entre Flamengo e River Plate. Ao menos desde a fase eliminatória da competição continental, ambos alimentam expectativas para acompanhar o retorno do Rubro-Negro à final após 38 anos. Em particular, a primeira edição da Libertadores em final única. Se o jogo, em sede neutra, ao contrário do formato ida e volta, implicaria em dificuldades logísticas naturais, a transferência do confronto, a 18 dias de sua disputa, de Santiago, Chile, para Lima exacerbou o drama dos rubro-negros. Anunciada há tempos pela convulsão social chilena, a mudança, aliás, fora fundamental para Douglas, ainda que quase tenha afastado Renato de Lima.
Apesar de estar a caminho da capital peruana, Renato perdeu a companhia da esposa em razão da realocação da sede do Estádio Nacional de Santiago para o Estádio Monumental de Lima. “Providenciei a viagem para Santiago antes mesmo da classificação contra o Grêmio, nas semifinais, ou seja, antes mesmo do Flamengo estar garantido na final. Arrisquei e comprei uma viagem para mim e para a minha esposa. Falei à época: ‘Ó, se o Flamengo não passar, aproveitamos para fazer um pequena lua de mel. Agora que as crianças estão um pouquinho maiores, vamos aproveitar e viajar nós dois’. Quando a Conmebol anunciou a mudança, foi um desespero, porque estava com tudo comprado. Tive que fazer toda uma rearrumação para ir. No fim das contas, estou indo sozinho”, detalha. Renato foi ao Maracanã em todos os jogos do Flamengo na Libertadores.
O voo fretado em que estão Renato e Douglas tem, ainda, outros 178 rubro-negros. O engenheiro de 58 anos, entretanto, conseguiu comprar o ingresso somente na última sexta (15). Depois, conforme ele, foi só correria. “Para o Chile, não havia conseguido. Comprei agora, após a troca da sede. Algumas pessoas desistiram e consegui fazer a aquisição na semana passada. Já tinha a intenção de comprar o ingresso quando a final estava marcada para Santiago, só não consegui por conta das restrições, como a capacidade do estádio”, conta Douglas. “O propósito era ir. Mesmo que confirmasse no Chile, iria se conseguisse o ingresso. Correr atrás de passagem e de hotel foi em decorrência de ter o ingresso. Comecei a correr atrás de melhores opções de voos, porque os voos para Lima são muito escassos e a maioria tem escalas muito longas. Depois, conseguimos um voo fretado.”
A maior preocupação de Renato, como conta, era simplesmente não conseguir assistir ao jogo. “Na última vez que o Flamengo foi campeão, em 1981, eu tinha apenas três anos de idade. Estou indo para essa final, e o meu filho tem exatamente a mesma idade que eu tinha à época. Então, assim, a minha maior preocupação era não conseguir o voo por causa da questão de disponibilidade para Lima. (…) Procurei voo para tudo quanto é lugar, com escala nos Estados Unidos, Panamá, Bolívia, Colômbia, etc.. A minha agência de viagem estava procurando de um lado, e, eu, de outro, por precaução. Não poderia ficar de fora deste jogo.” Para Renato, a virada sobre o Emelec, do Equador, no Maracanã, no jogo de volta, em disputa de pênaltis, foi o momento-chave. “Era vitória de time campeão ou de time que vai para a final, não é? Porque ainda não fomos campeões (risos). Mas, naquele momento, percebi que iríamos longe.” A expectativa de Renato é compartilhada por centenas de juiz-foranos que, diferentemente dele, não viajarão. Nas ruas da cidade, às vésperas do jogo, muitas bandeiras são vistas à venda, em diversos pontos da cidade, como na Rua Olegário Maciel, na Rio Branco e na Avenida Brasil.
Douglas sabe que o momento é único. Logo, toda a mobilização em torno de passagem, hospedagem e ingresso. “Essa chance é única, por isso estamos fazendo todo esse movimento, correndo. Os preços não estão muito favoráveis para um jogo de futebol. Vale à pena porque é Flamengo. Flamengo acima de tudo”, diz. Como é sócio-torcedor, assim como o colega Renato, ele foi à maioria dos jogos no Maracanã, inclusive na goleada sobre o Grêmio por 5 a 0. “Quando o Flamengo ganhou do Internacional e passou pelas quartas de final, pensei: ‘agora vai’. Estou muito confiante para a final. Acho que voltamos de lá com o caneco da Libertadores na mão. Não vai ser fácil, vai ser um jogo catimbado, com emoções à flor da pele”, projeta. No quengo de Renato e Douglas, só dá Flamengo, como emana o samba-enredo da Estácio de Sá de 1995.