De corredor para corredor

O designer Mauro Célio Rodrigues, 42 anos, e o balconista Wesley Moreira Estevão, 31, se conheceram durante uma corrida, paixão em comum. Atletas amadores de trail run (corrida de montanha) de Rio Novo, os dois passaram a compartilhar o sonho de disputar sua primeira ultramaratona, a Ultra Fiord, no Chile, prova de 50km na região da Patagônia, e sem data definida, mas prevista para abril de 2018. Eis que um problema recorrente dos apaixonados pelo esporte surgiu. “Dificuldades financeiras. Porque é caro. Para uma experiência como essa, você gasta R$10 mil por pessoa. Praticamos o esporte por prazer e vimos a oportunidade. Tirar esse dinheiro é difícil, mas vamos pensar em levantar ele”, conta Mauro.
A dupla, então, resolveu jogar suas fichas no crowdfunding – financiamento coletivo, iniciando o processo com a realização do Rio Novo Trail Run, na Zona Rural da cidade vizinha de Juiz de Fora, programada para 2 de abril com percursos de 8km e 17km, e inscrição a R$ 75. Um site foi criado para orientar os participantes e, até o momento, o evento já possui a presença confirmada de quase 170 atletas.
“A adesão está sendo muito legal, estão aceitando a ideia. Quem está se inscrevendo não vê como crowdfundind, mas acredita na transparência da prova. Nós, como organizadores, estamos contando os centavos. Já recebemos ligações de interessados do Rio de Janeiro (RJ), Nova Friburgo (RJ), Parati (RJ). Essa prova inclui 80% dos recursos que precisamos levantar. E nossa ideia é que ela passe a fazer parte do calendário regional. E ainda pode ser um financiamento para outras ultras”, conta Mauro.
As inscrições são limitadas a 250 pessoas e vão até o próximo dia 26 pelo site do evento. A ideia dos futuros ultramaratonistas não acaba na Rio Novo Trail Run. Finalizando a prova, os dois irão trabalhar na criação de conta em site de arrecadação coletiva para conseguir o valor restante para a viagem e inscrição na prova.
Preparação e experiência
Os atletas terão quase 20 horas de prova no Chile. A distância e as condições climáticas não preocupam a dupla. “O que nos dá medo é o frio, uma temperatura de -17º C”, revela Wesley. “Vendo relatos de quem já foi lá, ficamos preocupados. Como vamos nos adaptar? Temos é que aproveitar cada chuva e sair para treinar. Todo ambiente próximo de algo inóspito é o que iremos procurar. A preparação psicológica é mais difícil que a física”, complementa Mauro. Mesmo ainda iniciando o caminho em ultramaratonas, a dupla tem na ponta da língua o que a atrai. “Além da saúde, é a oportunidade de conhecer lugares diferentes. Cansei de correr em asfalto, onde só via prédios. Quero correr no mato, poder olhar lugares bonitos e poder parar para tirar fotos. Você acaba conhecendo lugares que ninguém vai”, explica Wesley.