“Sonho realizado”: atacante do Athletic comenta sobre possibilidade de jogar a Copa do Mundo
Em entrevista exclusiva à Tribuna, Alessio da Cruz se diz muito orgulhoso pelo feito da Seleção cabo-verdiana

Na segunda-feira (13), o mundo do futebol voltou os seus olhos para Cabo Verde — um conjunto de dez ilhas no Oceano Atlântico cujo território é aproximadamente nove vezes menor que o da Zona da Mata — após a Seleção do país garantir, de maneira inédita, uma vaga para a Copa do Mundo de 2026. Quem viveu a expectativa pela qualificação dos Tubarões Azuis foi o atacante do Athletic, Alessio da Cruz, nascido na Holanda, mas com pai e avós paternos cabo-verdianos, o que possibilitou a naturalização em 2021.
Alessio concedeu entrevista exclusiva à Tribuna, e relatou o seu sentimento durante a vitória de Cabo Verde por Eswatini por 3 a 0, sua expectativa para a Copa do Mundo, a negociação com o Athletic e suas primeiras impressões do Brasil.
Tribuna de Minas: Qual foi o seu sentimento quando foi convocado pela primeira vez?
Alessio: Me senti muito animado e orgulhoso. Foi um momento de grande alegria para mim mesmo, mas também para a minha família. Meus avós e meu pai nasceram em Cabo Verde. Para a família, foi um momento de muito orgulho.
– Você acompanhou o jogo de segunda?
Sim, assisti. Com muita tensão, porque o primeiro tempo terminou em 0 a 0. Na segunda etapa, finalmente saiu o primeiro gol. Foi um grande alívio. Foi um momento muito orgulhoso. Infelizmente, dessa vez eu não estava lá para acompanhar o time, mas assisti o jogo do meu computador. Como eu disse, eu estou muito feliz por Cabo Verde ter ganhado o jogo e qualificado.
– Para você, foi diferente acompanhar o jogo de longe?
Sim, foi um pouco diferente, porque você não pode contribuir para influenciar no resultado. Mas estou feliz por todos, por Cabo Verde, por termos ganhado e chegado à fase de grupos da Copa do Mundo.
– O que sentiu quando acabou o jogo?
Foi um momento de muito orgulho, de muita felicidade para mim, para a minha família, para as pessoas de Cabo Verde e meus companheiros. Foi indescritível, um pouco surreal. Agora, alguns dias já se passaram e a ficha está caindo: nós, Cabo Verde, estamos indo para a Copa do Mundo. É uma sensação muito louca.
– Quando você se naturalizou, imaginou que poderia ter chances de disputar a Copa do Mundo?
Eu conhecia os planos da Federação. Eu sabia que eles estavam construindo um bom time, um time forte. Mas, para ser sincero, a Copa do Mundo é um grande evento. Somos apenas um pequeno país com mais de 500 mil habitantes. De um lado, sim, eu acreditava nisso, e do outro lado, eu acho que ainda era um pouco longe para chegar.
– Você entende que tem chances reais de disputar a Copa do Mundo?
Sim, eu acredito. Nós temos um grupo forte, com jogadores que atuam em todos os lugares da Europa, em alto nível. Eu acho que a nossa qualidade principal é que nós somos realmente um time. Nós trabalhamos juntos, nós lutamos por nós mesmos. E quando você tem isso em um time, você pode ter uma ótima experiência e pode alcançar grandes momentos juntos. Acho que nós podemos competir na Copa do Mundo, sim, eu acredito nisso.
– O que isso representaria para você?
Representaria muito. Eu acho que é um sonho para todos. Todo jogador deseja alcançar o máximo possível. E eu acho que o máximo possível é competir na Copa do Mundo, com todos os melhores jogadores do mundo. É como se um sonho tivesse sido realizado.

– Como surgiu a oportunidade de jogar pelo Athletic?
Antes do Athletic, eu jogava na Holanda. E o grupo proprietário do clube me acompanhava desde então. Eles me contataram, e a partir daí, nós começamos a negociar. Eles me contaram os planos do Athletic, de quão rápido a equipe cresceu. Eu estava muito ansioso por fazer parte disso, e espero alcançar ótimas coisas também com o Athletic.
– Você fala alemão, inglês e italiano. Como você faz para compreender seus companheiros nos treinos e nos jogos?
Eu acho que a língua de futebol é uma língua para todo o mundo. No campo, você realmente se faz entender rapidamente. Fora do campo, é um pouco mais difícil. Mas eu estou fazendo aulas de português. Estou ficando cada vez melhor, para ser honesto. No começo, foi difícil entender alguns dos meus companheiros fora do campo. Mas agora, sim, eu posso começar a me comunicar com eles e isso está me ajudando muito.
– O que você já aprendeu em português?
Bom dia, boa tarde, boa noite, pra cima, algumas palavras por enquanto.
– São João del-Rei é uma cidade com uma arquitetura que preserva os tempos de colonização portuguesa. Pelo o que você conhece, Cabo Verde é parecido?
É bem diferente, para ser honesto. Eu li sobre isso, sobre a colonização aqui e em Tiradentes. Eu fui lá, acho que é um lugar bonito. Mas Cabo Verde é bem diferente.
– Qual o seu ponto turístico preferido em São João del-Rei?
Ainda não tenho um ponto turístico preferido em São João del-Rei, mas gostei muito de Tiradentes. Lá tem muitos restaurantes, lindas casas pequenas. Gosto muito de ir a Tiradentes.
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