Escola promove aula de Educação Física com materiais adaptados e reciclados
Mesmo com limitação de materiais, Escola Estadual Francisco Bernardino promoveu Campeonato de Atletismo Escolar, com engajamento de alunos e funcionários
No lugar da bola de metal, uma feita com pedras dentro de uma meia encapada com fita adesiva para o lançamento de peso. Em vez de lanças de fibra de metal, carbono ou vidro, cabos de vassoura para o lançamento de dardo. No salto em altura e em distância, os colchões entram em cena para amenizar a queda dos atletas após os movimentos de cada modalidade. As medalhas, coloridas, são feitas com fitas e papel. Dessa forma, a Escola Estadual Francisco Bernardino, do Bairro Manoel Honório, trabalha a Educação Física em turmas do Ensino Fundamental, e promoveu nessa semana o Campeonato de Atletismo Escolar com alunos do quarto ao sexto ano.
Sob comando do professor Jander Sá, os alunos disputam até cinco modalidades de sua preferência — treinadas nas aulas de Educação Física durante o ano: corrida de 50m, corrida de 250m, corrida com barreira, revezamento, lançamento de dardo, de disco, de martelo e de peso, salto em altura e salto em distância. Os jovens participam, junto com funcionários da instituição de ensino, inclusive da confecção dos materiais utilizados nas disputas.
“O material é todo alternativo, reciclado e construídos próximo ou com as crianças. Quando tenho tempo e alguma ideia construo alguma coisa também. E assim as aulas e o campeonato vão acontecendo. Tudo adaptado buscando o melhor para as crianças”, conta Jander, que desfruta de um engajamento de sucesso. “Durante as aulas, todos os alunos participam de todas as modalidades. No campeonato, apenas das que mais gostam. Tenho 100% de participação dos alunos nas aulas, nunca tive problemas em relação a isso”, destaca.
Esta foi a terceira edição do evento na escola. Até então, Jander se surpreendeu positivamente com o feedback dos jovens ao utilizarem os objetos reciclados, como cones de sinalização de trânsito e cabos de vassoura. “Os alunos usam o material como se fosse comprado. Aqui o aluno não pega um disco ou qualquer material que for e desvaloriza. O interessante é que eles aceitam esse material construído de maneira muito satisfatória. Gostam e se empenham com esse material sem reclamação alguma”, enfatiza.
Até a medalha (feita com fitas e papeis) é produzida a mão por funcionárias da escola que também participam da premiação depois de cada prova. A entrega das medalhas, aliás, é feita em um pódio também construído na escola com madeira reaproveitada. “Para eles, as medalhas valem o mesmo que as de competições oficiais”, conta Jander.
Aluno, corredor e voluntário
A participação das crianças não ocorreu apenas na confecção dos equipamentos para as brincadeiras, disputas e aulas. Tampouco somente na competição. O jovem Whesley Israel Régis Campos, 11 anos, exemplifica isto. Quando uma prova terminava, lá estava ele junto com outros meninos, todos prontos para ajudar Jander a recolher materiais lançados ou arrumar as barreiras após quedas de cabos de vassoura. “O campeonato é bem maneiro! Já aconteceu várias vezes e sempre gostei de participar”, conta o jovem.
Mas claro que ainda havia energia e disposição para acumular o máximo de medalhas no peito. Após quatro provas realizadas, Whesley já mostrava duas com orgulho. “Uma medalha é de primeiro lugar na corrida com barreiras e a outra do terceiro lugar de corrida curta”, explica o jovem apaixonado pelas provas de velocidade. “A modalidade que mais gosto é a corrida porque desde pequenininho sempre gostei de correr”, justifica, antes de voltar correndo para ajudar Jander e os colegas.