Juiz-forana radicada na Ilha da Madeira se destaca em competições de águas abertas em Portugal
Há mais de uma década morando na Ilha da Madeira, a juiz-forana Mayra Santos, 38 anos, redescobre o prazer de nadar e é destaque em competições de águas abertas em Portugal
Dizem que o cérebro não esquece certas habilidades que adquirimos durante a vida, como pedalar, jogar bola; é a chamada memória processual. Que também é responsável por permitir a uma pessoa que, tantos anos depois, volte a nadar mais de duas décadas depois como se não tivesse passado um dia sequer – e melhor: podendo competir em alto nível. Este é o caso da juiz-forana Mayra Santos, 38 anos, que mora na Ilha da Madeira, em Portugal, há quase 14 anos – desde 2007 não retorna ao Brasil -, e que há pouco mais de dois retomou o costume das braçadas, desta vez competindo em provas de águas abertas e conquistando prêmios diversos, entre eles o de destaque feminino da modalidade na temporada 2016/2017.
Diretamente de Portugal, onde trabalha em uma empresa de telecomunicações, Mayra conversou esta semana com a Tribuna por meio das redes sociais e contou como se deu essa virada na sua vida. Foi o retorno de um hábito que tinha na infância, quando praticou natação até os 11 anos no Colégio Granbery. “Redescobri a natação há pouco mais de dois anos, quando passei a frequentar a academia a que tenho direito por conta do meu emprego. Meu treinador achou que tinha boa técnica e me chamou para fazer minha primeira prova de mar, que seria três semanas depois.
A prova era de 1.500 metros e fiquei em primeiro lugar na minha faixa etária. Foi ótimo, apanhei uma paixão pelas águas abertas”, confessa Mayra, que lembra o dia exato do primeiro treino no mar: 24 de outubro de 2015.
A sensação das braçadas no mar foi tão boa que ela resolveu partir para um desafio maior – a Travessia Santa Cruz-Desertas, não realizada desde 2015 mas que está na agenda para junho de 2018, com 27km. “Como sou um pouco doidinha falei com meu treinador: ‘quando era a travessia para as Ilhas Desertas?’. Ele pensou que eu estava brincando, mas quando viu que estava falando sério, começou a me treinar especificamente para esse objetivo. Comecei a fazer treinos de mar com mais de 5km.”
Treinamento intenso apresenta resultados
Enquanto a travessia não chega, Mayra reveza os treinos no mar, realizados todos os fins de semana, independente do clima, em distâncias variadas, com os treinamentos em piscina, onde costuma nadar entre 6 e 7 quilômetros por vez. O resultado é o bom desempenho em competições de longa distância. Na Travessia Internacional Mar de las Calmas, nas Ilhas Canárias (Espanha), e outubro, ela ficou em segundo lugar na prova, com 18km.
Outro segundo lugar foi conquistado na Madeira Island Swim Marathon, com distância de 13km. Em outras 13 provas regionais que disputou, Mayra terminou sempre no pódio, e ainda terminou em quinto lugar no Campeonato Nacional de Águas Abertas, na Mariana da Amieira. “Poso dizer que em dois anos devo ter nadado distância que seria suficiente para chegar ao Brasil (risos).”
O bom desempenho na temporada fez com que Mayra fosse premiada como o destaque feminino em águas abertas pela Associação de Natação da Madeira, durante evento ocorrido em outubro. “Este foi, sem dúvida, o melhor prêmio, pois não esperava”, afirma a nadadora juiz-forana, que tem como próximo compromisso Funchal City Swim 2017 São Silvestre, no Lido. “Meu objetivo é disputar todas as provas do calendário, e mais uma ou duas internacionais ainda por definir. Mas o meu grande objetivo é a Travessia das Desertas”, diz Mayra, que tem no filho mais novo, Nayan, sete anos, um seguidor no prazer pelas braçadas.