Hallack celebra 20 anos de triathlon
Comemorando 20 anos de triathlon, o juiz-forano Marcos Hallack (Mizuno/Saude Performance), 35 anos, vai fazer hoje o que mais gosta: competir. A partir das 9h, o atleta larga para a disputa do Subaru Ironman 70.3 World Championship, o Campeonato Mundial de Meio Ironman, em Mont-Tremblant, em Quebec, no Canadá. Ele entra na disputa na categoria 35 a 39 anos. Hallack se classificou no ano passado, ao ser o quinto colocado de sua divisão etária no Ironman 70.3 de Cozumel, no México. Ele vai percorrer 1,9km de natação, 90km de ciclismo e 21,1km de corrida, o que totaliza um percurso de 70,3 milhas, indicadas no nome oficial do evento.
Com uma carreira recheada de vitórias importantes e participações de destaque em competições internacionais, Hallack é uma das principais referências na modalidade em Juiz de Fora e se diz contente em poder alinhar para uma nova competição com os melhores do planeta. “É muito legal poder correr meu sétimo Campeonato Mundial. Esse ano vai ser uma prova nova, no Iron 70.3, distância que considero ideal para mim, pois não sou forte o suficiente para provas mais curtas e nem extremamente resistente como exige o Ironman, por exemplo. Não estou com aquele treinamento para buscar um pódio, mas confio na minha natação, melhorei na bike e estou correndo bem. Tenho tempos em torno de 4h10min e dá para brigar. Não vou lá só para participar, a competitividade está nos sangue”, avisa Marcos.
Viajandão pelo mundo
O local disputou seu primeiro Mundial de Triathlon em 1995, como amador na faixa de 12 a 14 anos. Depois, em 1999, no Canadá, na 20 a 24 anos. Em 2000, na mesma divisão, foi à Austrália, ainda disputando a competição nas distâncias olímpicas – 1,5km de natação, 40km de ciclismo e 10km de corrida. Em 2005, já como profissional, disputou o primeiro de dois mundiais de longa distância – 1,9km de natação, 90km de ciclismo e 21,1km de corrida -, na Dinamarca, feito que repetiu em 2009, na Alemanha. Já em 2010, correu o Mundial de Duathlon, na Inglaterra. E tudo isso começou ainda bem garoto.
“Sempre gostei muito de esporte e desafio. Comecei a correr com 12 anos. Achava muito legal. No fim de 1993, um primo meu me chamou para fazer uma prova de triathlon. Falou que ia ter uma em Santos. Então, no início de 1994, ele me inscreveu no Troféu Brasil. Mas eu não nadava. Entrei em uma aula de natação para tentar me defender, comprei uma Caloi 10, fui treinar na estrada de Matias Barbosa, fiz uma pequena transição, pedalei por 5km e furou o pneu da bike. Corri mais um pouco e fui encarar a prova. No mar, morri de medo e nadei tudo de peito. Mas terminei a prova, acho que foi em 1h36min, um short triathlon (750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida). Daí não parei mais, fiquei fascinado”, conta Marcos.
Avaliando a carreira, que tem como destaque, além das participações internacionais, o tricampeonato carioca de triathlon entre 2008 e 2010, Hallack guarda com carinho algumas provas. “Em 2000, corri o Campeonato Sul-Americano de Triathlon em Mar Del Plata e venci entre os amadores, ganhando também a categoria 20 a 24 anos. Tinha um público fantástico, foi a primeira vez que tive batedores da polícia ao meu lado. Naquele momento, decidi me tornar profissional. Também me lembro com ternura dos Brasileiros de Longa Distância de 2005, em Florianópolis, no qual fui quinto geral e me classifiquei para o primeiro Mundial como profissional; e do de 2009, em Fortaleza, no qual fui terceiro e também me levou ao Mundial. Mais recentemente, do Brasileiro de Duathlon, em Belo Horizonte, em 2010, no qual fiquei em quinto e meu filho, Davi, subiu ao pódio com dez meses de vida”, relembra.
Sonho vivo
Com uma vida dedicada ao esporte, Hallack acredita que foi a prática esportiva a responsável pela sua formação. “Tenho 20 anos de triathlon e 35 de vida. Tenho mais tempo dentro do triathlon do que sem ele. Acho que foi o esporte que moldou meu caráter, minha maneira de pensar, minha mente. Aprendi a lidar com meus medos, gerando autocontrole. Percebi as recompensas de meu esforço nos treinos a cada degrau conquistado. Não consigo enxergar minha vida sem uma corrida, sem uma nadada, sem um pedal, sem uma competição”, explica.
‘Só’ nove treinos por semana
Formado em educação física, pós-graduando em ciência do treinamento esportivo e técnico da Confederação Brasileira de Triathlon (CBTri), Hallack, que também é graduado em direito, hoje divide seu tempo entre as rotinas de atleta, pai, empresário, promotor de eventos e treinador da equipe Saúde Performance. Mas mesmo com o dia a dia atribulado, mantém vivo o sonho de competir em uma das maiores disputas do triathlon internacional.
“Os compromissos de trabalho e pessoais hoje me impedem de treinar com aquela força que eu tive há cinco, dez anos. Com o que tento fazer hoje, que são nove treinos por semana, três de cada modalidade, acaba que falta alguma coisa. Para competir no alto nível não dá. A gente tem que ter respeito pelas pessoas que estão treinando forte, e muitos deixaram de ser profissionais para correr como amadores. Se eu quiser buscar o topo da divisão, vou ter que fazer mais. Mas vai ter a hora. Tenho um sonho, o meu maior, que é disputar o Ironman no Havaí. Já tentei três vezes em 2006, 2007 e 2008. Sei que ainda vai acontecer”, confia.