“Deus no céu e Zico na terra”: torcedor de JF realiza sonho de conhecer ídolo do Flamengo
José Eustáquio, assistente administrativo do Estádio Municipal, conversou com Zico sobre jogo realizado em Ewbank da Câmara em 1972
“Valeria a pena se eu tivesse que andar a pé desde o Deserto do Saara, foi a realização do meu sonho maior”. É dessa forma que o flamenguista fanático, José Eustáquio, o “Zé”, dimensionou o significado do encontro com Zico. Na manhã desta sexta-feira (3), o Galinho de Quintino esteve em Juiz de Fora, no Centro de Futebol Zico, para ministrar uma clínica de futebol aos alunos. A Tribuna levou Zé para encontrar o ex-camisa 10, seu maior ídolo. “Estou arrepiado. É a maior alegria da minha vida. Daqui a 20 anos, vou lembrar de tudo, meus netos vão ver essa reportagem”, comemora o rubro-negro.
Na conversa que teve com Zico, Zé, de 58 anos, auxiliar de administração do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, falou sobre um jogo que ficou marcado na sua infância. “Zico, eu tinha sete anos e vi você jogando com 17 anos em Ewbank da Câmara, o goleiro era o Cassoti. Uma vitória de 3 a 1 para o Flamengo contra o Vasco. Você fez um gol. Falo a vida inteira em Juiz de Fora que queria contar isso para você. Ali nasceu um flamenguista”.
Para surpresa de Zé, o ex-camisa 10 do Flamengo e da Seleção Brasileira se recorda da partida. “O goleiro Cassoti era de Alegre, um grande goleiro, tínhamos uma amizade. Aquele jogo foi bacana, eu de um lado, Dinamite de outro. Lembro que o Luiz Reis, que era músico, e Arnaldo Reis, presidente do Vasco, conseguiram esse amistoso, na beira da estrada. Futebol é bom por essas”, disse Zico.
Com um sorriso estampado no rosto e emocionado, Zé falou de seu falecido pai para Zico. “Ele guardou como tesouro um guardanapo com a escalação do Flamengo que o Joubert escreveu para ele. Foi um troféu guardado a sete chaves, não deixava ninguém pegar”. O maior jogador da história do Flamengo sorriu e agradeceu o carinho.
Além de conversar com o Galinho de Quintino, o torcedor-símbolo recebeu uma camisa personalizada de seus filhos, João e Gabriel Rossi, com os escritos Zico e Zé. “É um presente de Natal, aniversário, está tudo aqui. É o manto”, define. Ele ainda conseguiu um autógrafo de Zico em seu boné.
Da notícia da surpresa ao encontro com Zico
Com o apoio do diretor do CFZ-JF, Léo Beire, a reportagem obteve o credenciamento de Zé para o encontro com o ídolo rubro-negro. A Tribuna telefonou para o torcedor um dia antes do encontro para comunicá-lo. A emoção já foi perceptível ao telefone. Pessoalmente, antes mesmo de chegar ao local do encontro, o auxiliar do Estádio Municipal já estava emocionado.
“Coração está batendo descompassado, nem dormi direito esse dia. Quero falar da alegria e do jogo em Ewbank, para ver se ele lembra. É o meu maior ídolo disparado, Deus no céu e Zico na terra. Sonhava, expressava a minha vontade para todas as pessoas, mas hoje tenho essa oportunidade única de estar ao lado dele com quase 60 anos. Não sei qual vai ser minha reação, mas eu vou tremer, disso tenho certeza. Uma história para contar para todo mundo”, projetou Zé.
“Eternizado na memória”
No momento de ir embora, Zé vibrou com a realização de seu sonho. “É um dos melhores dias da minha vida. O autógrafo do boné será imortalizado, vou fazer um quadro, não uso mais, guardo para a vida inteira. Alegria eterna, poder falar de uma recordação de meu pai para ele, estou muito emocionado. E que memória ele tem. Eu com sete anos assistindo ao jogo em Ewbank e o Zico com 17 jogando, e ele lembra disso. Vou contar isso para os ewbanquenses, eles não vão acreditar”, afirmou.
Segundo o torcedor, ele sempre “sonhava com esse dia, mas não imaginava [que poderia acontecer], achava muito distante”. Por isso, o fã de Zico reiterou sentir uma alegria que não tem preço. “Daqui a 20 anos, vou lembrar de tudo, meus netos vão ver essa reportagem. Minha família inteira, meus amigos. Valeria a pena se eu tivesse que andar a pé desde o Deserto do Saara, foi a realização do meu sonho maior como flamenguista. Não preciso nem fechar o olho, está eternizado na memória”.
“Vivenciei momentos em JF”
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Mais uma vez na cidade, Zico foi recebido por centenas de alunos do CFZ. “Agradeço aos avós e pais porque eles fazem a cabeça da garotada. Vivenciei momentos importantes em Juiz de Fora. O carinho e a receptividade é muito grande, e isso marca. Lembro da despedida, com o estádio lotado. Temos o centro de futebol aqui há 26 anos, um dos primeiros fora do Rio de Janeiro. E tenho uma homenagem muito gratificante de uma pessoa que trabalhei junto, o ex-presidente Itamar Franco. A gente se via muito em Brasília e fui homenageado aqui com uma medalha dele. Tenho muito orgulho de ter ela em minha sala de troféus”, declara o campeão mundial.
Conforme o ex-jogador e palestrante, a sua escola tem como foco principal a formação do cidadão. “Muitos vêm para as escolas de futebol com o sonho de ser jogador, mas acho que para acontecer isso, precisa de um pouco de atenção no dia a dia, cuidar da saúde, manter firme os estudos. Em nada os estudos me atrapalharam, o Flamengo foi importante para que eu tivesse isso, assim como outros jovens daquela época. Me formei e passamos isso, esses valores, a importância do coletivo, o futebol é o nós e não eu. Procuramos saber que o espaço do companheiro começa quando termina o seu. A criança vai pegando desde cedo e as coisas vão se tornando mais fáceis”, recomenda.