PM usa spray de pimenta para dispersar protesto contra aumento de passagem
Atualizada às 22h08
[Relaciondas_post] A Polícia Militar (PM) usou spray de pimenta para dispersar os cerca de 200 manifestantes que, durante pouco mais de uma hora, comprometeram o tráfego de veículos e ônibus no principal corredor da cidade: a Avenida Rio Branco. O protesto, que terminou pouco antes das 20h, foi convocado por meio do evento “Não vai ter aumento”, criado no Facebook contra o aumento da passagem de ônibus para R$ 2,75. Durante o movimento, houve congestionamento de carros e os pontos de ônibus ficaram lotados. A PM, por diversas vezes, tentou negociar um trajeto para o ato e, sem sucesso, usou do artefato para dispersar a multidão. O repórter fotográfico da Tribuna, Leonardo Costa, que fazia a cobertura, foi atingido pela substância durante a ação. O número de participantes foi estimado pela polícia.
O ato começou tímido, por volta das 18h30, reunindo cerca de 60 pessoas, a maioria estudantes, que portavam faixas e gritavam palavras de ordem em frente à Câmara Municipal. Logo depois, ganhou corpo, e cerca de 150 jovens tomaram as pistas de ônibus e veículos, nos dois sentidos, na esquina com a Rua Halfeld. Lá, eles batucaram, cantaram, sentaram no chão e fizeram “assembleias” improvisadas, com o objetivo de definir os rumos do movimento. Por conta própria, os jovens liberavam e interditavam as pistas, revezando o bloqueio, que também aconteceu na esquina da Rio Branco com a Rua Marechal Deodoro. O tumulto no trânsito foi inevitável, e a fila de coletivos ficou quilométrica.
Os pontos de ônibus estavam lotados, e só restava aos passageiros, que estavam dentro dos coletivos ou à espera deles, aguardar a definição dos rumos do movimento. Nas pistas de veículos, os condutores estavam visivelmente irritados com a interrupção do tráfego. Houve buzinaço. Os motociclistas que tentavam furar o bloqueio eram cercados pelos manifestantes, causando princípio de tumulto. Alguns lojistas fecharam as portas dos estabelecimentos.
Por volta das 19h30, enquanto os manifestantes decidiam se prosseguiam, em passeata, até a Avenida Getúlio Vargas ou permaneciam interrompendo, por completo, o tráfego na Rio Branco, houve a primeira intervenção policial. Os militares liberaram a pista de carros (sentido Manoel Honório) e a de ônibus, fazendo uma espécie de cerco aos estudantes, restringindo a presença deles à pista de veículos no sentido Bom Pastor. Neste momento, o clima ficou tenso. Alguns policiais chegaram a sacar sprays de pimenta, mas não chegaram a utilizá-los. A PM tentou negociar a definição de um trajeto, cobrando organização e alegando que o grupo não poderia interromper o tráfego.
Em seguida, os manifestantes seguiram pela Rio Branco rumo à Getúlio Vargas. Na esquina com a avenida, em frente à Cesama, voltaram a se sentar no chão, para, mais uma vez, definir os rumos do ato. Neste momento – pouco antes das 20h -, os policiais se juntaram e usaram o spray para dispersar a multidão. Também houve um estouro, semelhante ao de acionamento de uma bomba de efeito moral. No meio da multidão, uma moça com um bebê no colo também foi atingida. A grande maioria dos jovens foi embora, mas houve quem protestasse, aos gritos, contra a ação policial.
À Tribuna, a PM alegou que não houve comunicação sobre o ato, que o tráfego foi interrompido na Avenida Rio Branco e que os manifestantes não cumpriram “acordo” de seguir uma rota até a Praça da Estação. O argumento usado foi que, embora o efetivo estivesse lá também para garantir a segurança dos manifestantes, o grupo não poderia impedir o direito da população de ir e vir.
Reajuste começa a valer na segunda
O decreto do prefeito Bruno Siqueira (PMDB) que reajusta em 10% a tarifa dos atuais R$ 2,50 para R$ 2,75 foi publicado nesta quarta-feira (30). O novo valor começa a valer a partir de segunda-feira (4). A tarifa do bilhete único também sobe de R$ 3,75 para R$ 4,13 na cidade.
No Decreto 12.626, que dispõe sobre o reajuste da tarifa, o prefeito justifica que “a atualização do preço da passagem é o único meio capaz de assegurar a continuidade, a boa qualidade dos serviços públicos prestados aos usuários e o equilíbrio econômico-financeiro do sistema”. No texto, é ressaltado ainda que as disposições previstas na Lei 11.755/2009 (apresentação da planilha em audiência pública na Câmara) foram rigorosamente atendidas, assim como foi considerada a apreciação do Conselho Municipal de Transporte. Em reunião realizada na segunda-feira, dos 19 conselheiros presentes, 16 votaram a favor, e um, contra. Os outros dois participantes, por serem suplentes, não tiveram direito a voto.