JF tem refeição mais cara entre 4 cidades de MG

Pesquisa avaliou 4 cidades do estado
O juiz-forano está pagando o valor mais alto de Minas Gerais pelas refeições que faz fora de casa entre as quatro cidades mais populosas do estado. Segundo o Índice Alelo de Preço Médio de Refeição 2012, realizado pelo Datafolha e divulgado ontem, a população da cidade está gastando 8,7% a mais que a da capital, Belo Horizonte, para almoçar na rua (ver quadro). Na comparação com Contagem, o preço médio local ficou 58% mais alto. O valor médio pago em Juiz de Fora pela refeição completa (que inclui prato principal, bebida, sobremesa e café) foi de R$ 26,10. A média nacional verificada pelo índice foi de R$ 27,46 – 5,2% a mais que em JF. No caso da refeição simples (prato principal e bebida), o valor médio em Juiz de Fora foi de R$ 18,71.
Segundo a pesquisa, que analisou 4.312 estabelecimentos de 55 localidades, entre setembro e outubro de 2011, São Luís (MA) é a cidade com a refeição fora de casa mais cara do Brasil, com custo médio R$ 36,21. Em seguida, estão São Vicente (litoral sul de SP), com R$ 34,91, e Rio de Janeiro (RJ), com R$ 32,78. A região Sudeste, que concentra cinco das dez cidades mais caras para se comer e liderava o ranking de 2010, perdeu posição no levantamento para a Nordeste, que ficou com a primeira colocação entre as regiões com valor médio mais alto, de R$ 29,35. Na Sudeste, a média foi de R$ 27,84.
A comerciante Patrícia Martins sempre almoça fora de casa e diz não se preocupar com o preço. "Procuro outros lugares, pois às vezes enjoo da mesma comida. Mas não olho muito o valor."A aposentada Dorvina José Portilho também pede comida todos os dias, há 24 anos. "O que prezo é a qualidade e o atendimento do local. Não deixo de comprar por conta preços altos." Para o representante comercial Rogério Nascimento, a modalidade de refeição faz a diferença no valor final. "Costumo comer bastante fora, e os preços de refeições a quilo não são vantajosos no meu caso. Sempre analiso o valor do preço fixo, para gastar menos." Já a atendente Camila Horsti prefere levar a comida de casa, para evitar os gastos com almoço. "Sai muito caro. Quando não dá tempo de preparar nada, acabo comendo um salgado, que fica mais em conta."
Para o gerente do restaurante Salsa Parilla, no Centro, Felipe Lawall, o movimento em restaurantes têm crescido. "Percebemos que as pessoas estão buscando mais qualidade do que preço nas refeições." A sócia gerente do restaurante Gula Gula, Tânia Cabido, também avalia que a busca pela qualidade está em primeiro lugar na avaliação dos juiz-foranos. "É melhor priorizarmos alimentos com maior valor do que apresentar opções com menos variedade. As pessoas mudam de local quando isso acontece. Se o preço aumenta, a troca é menos comum." Já a proprietária do Marquise, Heliane Machado, diz que os aumentos não são bem recebidos pelos juiz-foranos. "O tíquete médio aqui fica entre R$ 18 e R$ 19. Tem meses que precisamos reduzir nossa margem."
Demanda
O valor médio da cesta básica em Juiz de Fora é 16% menor que o cobrado em Belo Horizonte, segundo dados do Dieese e da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA), o que não se traduz em refeições mais baratas fora de casa. Segundo a professora e especialista em finanças pessoais, Fernanda Perobelli, um dos motivos para a variação pode estar relacionado à demanda local. "Não tem números, mas em Belo Horizonte há mais indústrias de grande porte que oferecem refeições aos funcionários. Aqui a pressão da demanda é maior." A população em trânsito e o maior percentual de estudantes em Juiz de Fora também são apontados pela professora com um dos fatores que podem impactar no valor final.
Menos restaurantes self service
Segundo a pesquisa, o número de estabelecimentos com a oferta de self service apresentou queda, mas continuam sendo a maioria. Ao todo, 58% dos estabelecimentos pesquisados oferecem o sistema de refeição self service, o que representa uma queda de seis pontos percentuais em relação à última edição do levantamento. O tradicional prato comercial subiu sete pontos, e o executivo, cinco pontos percentuais. Segundo o diretor executivo de Comercial, Marketing, Produtos e Novos Negócios da Alelo, Ronaldo Varela, o aumento do emprego e do poder aquisitivo dos brasileiros estão estimulando o setor. "O trabalhador brasileiro conta com oportunidades crescentes no mercado formal, melhores remunerações e acesso a mais benefícios. Com a ampliação do poder de consumo, está migrando e experimentando outros sistemas de refeição. Quem antes se alimentava apenas com o tradicional prato comercial hoje adota as opções self service ou até mesmo a la carte", comenta Varela. Para o executivo, o aumento da oferta dos sistemas de refeição comercial e executivo é resultado de uma possível adequação dos estabelecimentos a essa mudança de comportamento.
Na comparação com a mesma pesquisa realizada no último ano, o valor médio das refeições no país subiu 2,54%. Neste mesmo período (janeiro a outubro de 2011), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) específico dos alimentos e bebidas evoluiu 4,76%, e o IPCA geral avançou 5,43%. Na região Sudeste, os fatores que mais impulsionaram o aumento foram o cafezinho (que aumentou 9,35%) e a bebida (que subiu 6,02%). Já o prato principal caiu 0,13% na região.