Reajuste no preço do gás de cozinha deve chegar a Juiz de Fora

Petrobras aumenta preço em 5% a partir desta sexta-feira (27), mas valor deverá variar entre 2% a 3% nas distribuidoras


Por Gabriel Silva, estagiário sob supervisão do editor Eduardo Valente

27/12/2019 às 13h04

O gás liquefeito de petróleo (GLP) sofreu reajuste de 5% nesta sexta-feira (27) nas refinarias da Petrobras. O aumento vai impactar em todos os tipos de GLP: comercial; industrial, e residencial – o chamado gás de cozinha – que são vendidos em botijões de 13 a 90 quilos. No mercado juiz-forano, alguns distribuidores irão repassar o reajuste e o valor do gás de cozinha pode sofrer com variação de até 3% após o fim do estoque com o antigo preço.

Como o valor do GLP não é tabelado, assim como os derivados, a incorporação do reajuste até a chegada ao consumidor final pode variar. No entanto, como a matéria prima representa 54% do preço final do produto, o custo do gás de cozinha deverá aumentar em cerca de 3% em relação ao atual. A última alteração nas refinarias da Petrobras havia sido anunciada no dia 25 de novembro.

‘Fica cada vez mais difícil’

Proprietário da Sassá Gás, no Bairro Grama, Zona Nordeste, Luciano Costa vende o produto a R$ 70 e cobra mais R$ 5 pela entrega. De acordo com ele, com o reajuste nas refinarias o preço deverá subir em até R$ 3 para os consumidores. “Os reajustes infelizmente acabam sendo repassados para o consumidor, que é o maior prejudicado nisso tudo. Neste ano, já sofremos seis reajustes e, a cada dia que passa, fica mais difícil trabalhar com este segmento”, lamenta. 

Os consecutivos aumentos nos combustíveis também foram citados por Luciano como dificultadores, uma vez que influencia no custo do transporte do gás de cozinha, e gera uma diminuição na demanda dos consumidores. “A gente percebeu diminuição no consumo em torno de 20%. O cliente que fazia um bolo, que reunia a família e fazia um assado, já não faz mais. Tem ainda o aumento do preço da carne, que resulta em diminuição do consumo e, consequentemente, do uso do gás”, pontua o empresário.

Já a Liquigás da BR Distribuidora, no Bairro Santa Luzia, na Zona Sul, adota uma postura diferente para evitar a perda de clientes. Conforme o proprietário Jânio Ervilha, a distribuidora assume os reajustes e não repassa para o consumidor final, diminuindo a margem de lucro. “Apesar do aumento da Petrobras, o mercado está muito acirrado e, por esse motivo, não estamos conseguindo repassar os aumentos para o consumidor”, afirma.  Durante o ano, o proprietário tentou incorporar parte do valor reajustado no valor de venda, mas a tentativa foi frustrada pelo baixo consumo. No entanto, mesmo com a manutenção do gás de cozinha a R$ 60, as vendas ainda caíram. “A demanda foi negativa. Apesar dos reajustes que sofremos, nada evoluiu durante esse período”, analisa.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), divulgados dia 16 de dezembro, antes do novo reajuste, o preço médio do GLP em Juiz de Fora é de R$ 67,83. O valor está abaixo da média praticada no mesmo mês em 2018, quando o gás de cozinha era vendido por R$ 69,32. Entretanto, o valor médio no município sofreu aumento em oito dos nove últimos meses e não incorporou baixa nas tarifas anunciadas pela Petrobras em agosto.

Associação considera aumento abusivo

O reajuste da Petrobras motivou críticas do presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), Alexandre Borjaili. Segundo ele, o aumento é abusivo, uma vez que a Petrobras repassa o ajuste acima do valor praticado pelo mercado internacional. “Ela (Petrobras) põe a margem de lucro em cima desse preço, trabalhando acima dos valores do mercado internacional. E o pior: há duas semanas, a ANP havia anunciado queda no preço do gás de cozinha no mercado internacional, e a Petrobras, em seguida, anuncia o aumento para hoje. O que está seguindo? Apenas lucro?”, questiona Borjaili, que culpa a formação de cartel no mercado brasileiro como aliado nos consecutivos aumentos. “A Petrobras pode colocar o preço do gás de cozinha no valor que ela quiser, porque as cinco companhias que detém o mercado nacional vão colocar o valor da maneira que elas quiserem, como já estão fazendo”, afirma.

Para o presidente da Asmirg, as privatizações da Liquigás e de refinarias da Petrobras vão resultar em aumentos ainda mais significativos para o próximo ano, podendo resultar também em maior monopólio no mercado. “A perspectiva para 2020 é para que o gás seja cada vez mais difícil de ser comprado. E as revisões, quando a Petrobras faz, não chegam ao consumidor”, critica. 

De acordo com Alexandre, a Asmirg mantém contato com intermediários do Ministério de Minas e Energia e do Ministério da Economia para manifestar o descontentamento com as privatizações, mas, até o momento, não teve sucesso nas reivindicações. “O Governo está tirando o monopólio da Petrobras que, em tese, deveria ser uma extensão governamental para combater abusos do mercado, e entregando para empresas multinacionais, que visam ao lucro e não vão ter nenhum critério com relação às condições de atender a população. O Governo está lavando as mãos e entregando tudo para as multinacionais e o povo brasileiro que pague a conta”.

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