Comércio deve abrir mil vagas temporárias até dezembro
Apesar da previsão da CDL, lojistas têm repensado investimentos por conta da crise, e contratações devem acontecer de forma tardia
Por conta do momento econômico do país, empresários do comércio de Juiz de Fora estão repensando os investimentos. Ao mesmo tempo em que buscam tornar a experiência de compra mais atrativa aos consumidores, enxergam a necessidade de também reduzir os custos. A contratação de trabalhadores temporários para o fim de ano, que costuma acontecer em setembro, segue a passos lentos. Poucas lojas já abriram vagas, sendo que, em algumas destas, o número de oportunidades é menor do que oferecido no mesmo período de 2016. Há, ainda, quem pense em trabalhar apenas com o quadro permanente durante as vendas de fim de ano. Mesmo assim, a expectativa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) é que sejam abertos cerca de mil postos de emprego na cidade.
O presidente da CDL, Marcos Casarin, explica que os empresários estão tentando se adaptar ao cenário econômico e, por isso, investindo com mais cautela. “Era comum vermos as contratações de temporários em setembro para que os novos funcionários tivessem mais tempo para serem treinados para as vendas de Natal. Este ano, esta contratação “antecipada” ficou restrita às lojas que trabalham com artigos infantis, para aproveitarem a oportunidade com o Dia das Crianças”, diz. “Os demais segmentos estão postergando a abertura de vagas para reduzir custos.”
No Armarinho Domith, que atua no segmento infantil para vendas no atacado e varejo, duas vagas de emprego temporário foram preenchidas em setembro. “Além da venda para o Dia das Crianças, nós também recebemos uma demanda antecipada do Natal pelo fato de trabalharmos com atacado”, diz o gerente Assed José Domith. Para isso, ele ampliou o quadro de 26 para 28 funcionários. “No ano passado, contratamos um número maior, mas como estamos num momento de incerteza econômica muito grande, preferimos diminuir o número de vagas.”
A gerente da loja de roupas Armadda Girl, Juliana Cristina de Almeida, diz que a abertura de vagas na loja ainda é dúvida. “No ano passado, contratamos duas pessoas, mas não tivemos demanda. Para este ano, estamos pensando em trabalhar apenas com o quadro permanente de cinco funcionários.”
Nas lojas do Shopping Jardim Norte, a oferta de empregos temporários começou este mês. “O processo de contratação se inicia em outubro para que, em novembro, os temporários já sejam treinados e comecem efetivamente a trabalhar”, afirma o superintendente do shopping, Alexandre Barros. “Praticamente todos os segmentos reforçam seu quadro de funcionários, especialmente os setores de brinquedos, vestuário, calçado, artigos de uso pessoal, eletrônicos e eletrodomésticos.”
No Independência Shopping, a abertura de vagas deve se intensificar nas próximas semanas. “Nesta época, as oportunidades aparecem. Como em quase todos os setores do varejo, vagas são criadas para atender à demanda de fim de ano. É um bom momento para se inserir no mercado de trabalho”, destaca a líder de marketing Simone Sternick. “As primeiras vagas que já apareceram são voltadas ao vestuário feminino. Como temos um mix completo, devem surgir oportunidades em vários segmentos.”
Expectativa em novembro com a Black Friday
Para o comércio, o último trimestre do ano tem uma importância significativa, pois, além do Dia das Crianças, comemorado em outubro, há a realização da Black Friday em novembro, e as vendas de Natal, em dezembro. O presidente da CDL, Marcos Casarin, alerta que as lojas que pretendem contratar não devem demorar a fazê-lo. “Sabemos que os consumidores costumam deixar as compras para última hora, o que é outro fator que contribui para que os empresários façam a contratação mais tardia.
No entanto, é importante ressaltar que, para manter a qualidade do atendimento, o novo funcionário deve estar bem treinado. Neste sentido, é importante contratar com um período de antecedência que permita oferecer este treinamento. A abertura ou não de vagas, assim como o número de oportunidades, vai da necessidade de cada um.”
‘Efeito de adiamento’ ocorre em todo o país
O “efeito de adiamento” das contratações tem sido percebido em todo o país, conforme informações da Confederação Nacional do Comércio (CNC). “Antes da crise, mais de 20% das vagas começavam a ser preenchidas em setembro e outubro. Nos dois últimos anos, esse percentual não passou dos 15%”, afirma o chefe da Divisão Econômica da CNC, Flávio Bentes. Para este ano, ele acredita que as contratações poderão ocorrer até dezembro. A estimativa é que sejam contratados 73,1 mil trabalhadores temporários.
Efetivação
A possibilidade de efetivação também existe, de acordo com a CNC. “Ao contrário da média dos dois últimos anos, quando apenas 15% dos trabalhadores contratados em regime temporário foram efetivados após o fim do ano, a reação mais positiva da economia deverá elevar esse percentual para cerca de 27%”, afirma Bentes. No período pré-crise, a taxa média de efetivação foi de 32,5%.