Programa ‘Minha casa melhor’ não impacta setor moveleiro em JF


Por Tribuna

12/09/2013 às 07h00

Lançado há exatos três meses, o programa "Minha casa melhor" tem aquecido as vendas de eletrodomésticos em todo o país. Depois de um semestre de retração do segmento, por conta do fim da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e do aumento do dólar, o momento é de crescimento em toda a cadeia do setor. Já o segmento de móveis não tem sentido o mesmo impacto com a iniciativa do Governo, que prevê linha de crédito de R$ 5 mil para a compra dos dois tipos de produto pelos beneficiários do "Minha casa, minha vida". Segundo os empresários, isso acontece porque o teto de preços estipulado pelo Governo para os móveis financiados pelo programa está bem abaixo da realidade praticada no mercado. Diante disso, o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) comunicou que irá solicitar formalmente a revisão dos valores.

O "Minha casa melhor" permite ao beneficiário comprar cinco tipos de eletrodomésticos e cinco tipos de móveis, estabelecendo o valor máximo que pode ser gasto com cada item. Os limites são de R$ 1.400 para televisão, R$ 850 para lavadora de roupas, R$ 599 para fogão, R$ 1.090 para refrigerador, R$ 1.150 para computador, R$ 380 para guarda-roupa, R$ 375 para sofá, R$ 300 para mesa com cadeiras, R$ 320 para cama de solteiro e R$ 370 para cama de casal.

Os empresários do setor de móveis em Juiz de Fora apontaram dificuldade em concretizar as vendas para os beneficiários do programa. "A demanda aumentou, mas não temos conseguido atender os clientes, pois os valores estipulados pelo Governo estão muito fora da realidade praticada no mercado", diz o sócio da Nova Móveis, Sérgio Luis. "A iniciativa pode ser uma oportunidade de alavancar as vendas, mas ainda não aconteceu por causa dessa defasagem de valores", analisa.

O mesmo problema é relatado pelo empresário Vanderson Ribeiro da Silva, proprietário da Mobiliadora Ribeiro. "Tentei readequar os meus preços, na medida do possível para atender a demanda destes consumidores. Os valores estabelecidos no programa são muito inferiores ao de qualquer loja." Responsável pelo setor administrativo da Móveis Preço Bom, Rosilaine Costa Pereira disse que os resultados da loja também têm sido tímidos.

Na cidade, cerca de R$ 6,5 milhões já foram utilizados pelas mais de 1.300 famílias cadastradas no programa para aquisição de móveis e eletrodomésticos, conforme informações da Caixa Econômica Federal (CEF). Um total de 34 lojas estão credenciadas para atender a demanda dos clientes. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio da cidade (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, a entidade não recebeu nenhuma informação sobre os impactos do programa "Minha casa melhor" no setor. "Este tipo de iniciativa atrai primeiro as grandes redes, que não costumam nos dar retorno sobre vendas. Acredito que mais para frente teremos maior adesão dos negócios locais."

Eletrônicos

O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Eletrodomésticos (Eletros), Lourival Kiçula, informou que as projeções do setor foram reavaliadas após a implantação do programa. "Esperávamos redução de 5% das vendas em relação ao ano passado, mas com a demanda gerada pelo "Minha casa melhor" acreditamos que iremos alcançar o mesmo resultado. E isto é ótimo, pois em 2012 crescemos 20% frente a 2011." Kiçula afirma que o momento vivido pela indústria é reflexo do que está acontecendo com o varejo. "As lojas vendem mais e, por isso, nos compram mais. O programa está aquecendo toda a cadeia no país."

Avaliação positiva

A gerente regional da superintendência da Caixa, Clara Lúcia Barbosa, disse que até o momento nenhuma reclamação das lojas cadastradas foi recebida. "Tivemos avaliação positiva dos usuários e dos empresários", garante. "Mas entendo que, inicialmente, os impactos sejam diferentes para os dois setores. Os eletrodomésticos são tabelados, já os móveis não, o que gera dificuldade do próprio Governo em precificar. Além disso,no primeiro setor há maior atualização de produtos, o que gera constante demanda."

 

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