Desempregado faz peregrinação por carteira assinada
A oferta de oportunidades de trabalho não tem acompanhado a urgência das necessidades das pessoas desempregadas, que têm se submetido a uma peregrinação diária em busca de uma vaga. A rotina é dura e inclui acordar cedo, distribuir currículos, fazer biscates e esperar por uma chance. Com menos cinco mil postos formais, considerando os dados do Caged de 2016 e os do início deste ano, Juiz de Fora espelha a difícil capacidade do país de enfrentar a recessão econômica. Para quem tem pressa, entretanto, explicações não bastam. Além da preocupação com a manutenção do lar, muitos trabalhadores se sentem perdidos, impotentes, sem saber a quem recorrer.
“Não sei mais onde devo ir”, afirma H.A., uma mulher de 42 anos, que tem registros na carteira de trabalho de empregada doméstica, cozinheira, comerciária, entre outras ocupações. Ela foi à Unidade de Atendimento Integrado (UAI) em busca de uma vaga específica, mas quando chegou para fazer a consulta, o posto já tinha sido ocupado. “Fui dispensada do meu último emprego em fevereiro de 2015. No momento, aceito o que aparecer, preciso muito voltar a trabalhar”. H.A. vive com um filho de 18 anos, que recebe pensão alimentícia, mas as contas estão todas atrasadas. “Temos que escolher entre comer ou pagar tudo. Tentei vender salgados para fora, para tentar fazer algum dinheiro, mas não deu certo. Agora, estou distribuindo currículos.”
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Sérgio Nascimento, 48, que era ajudante de carga e descarga de caminhões, há um ano não consegue outra oportunidade. Com segundo grau completo, diz que as vagas estão cada vez mais escassas. “As contas estão todas paradas. O seguro-desemprego ajuda no início, mas depois que ele acaba, ficamos sem ter o que fazer.” Assim como H.A., além do aperto financeiro, ele sente a falta de algo que lhe acolha e oriente profissionalmente. “Nós contamos com serviços de oferta de vagas. Os atendentes (do UAI) estão de parabéns, são muito esforçados. Mas, além disso, não temos nenhum outro tipo de apoio”, reclama Sérgio, que diz sentir necessidade de direcionamento.