Mobile banking cresce e já ameaça cartão


Por PEDRO BRASIL

07/07/2013 às 07h00

A nova geração de consumidores, que em sua maioria já vive sem dinheiro em espécie na carteira, deve, num futuro próximo, aposentar os cartões de crédito. Na era dos gadgets, os smartphones ou "celulares inteligentes" ganham espaço entre os brasileiros e já são apontados por especialistas como os sucessores na preferência dos clientes. A expectativa é que esse processo seja acelerado pelo incentivo à venda dos smartphones, garantido pelo decreto presidencial nº 7.981/2013, que reduziu a zero a alíquota de PIS e Cofins sobre a venda dos aparelhos produzidos no país com custo de até R$ 1.500. Com mais celulares na praça, o pagamento de serviços pelo telefone – o mobile payment – deve ser intensificado. Nos bancos, os números confirmam o crescimento das transações por meios virtuais, seja pelos celulares ou computadores, notebooks e tablets – internet banking.

Pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta o crescimento exponencial das contas que fazem uso do mobile banking nos últimos anos. Entre 2011 e 2012, o aumento foi de 275%, saltando de 1,6 milhão em 2011 para seis milhões no ano passado. Acompanhando a tendência, os usuários do internet banking, naturalmente, também se multiplicaram. De acordo com o levantamento, as contas com o dispositivo eletrônico somavam 17,4 milhões em 2008 e, cinco anos depois, se tornaram 37 milhões – um crescimento de 112,64%.

O oficial de registro civil Frederico de Carvalho Albuquerque e Castro raramente vai a uma agência bancária. "Eu gerencio minha conta pelo telefone. Por lá faço qualquer tipo de transação. É tudo mais rápido, fácil e seguro". Quando se trata de fazer compras, ele destaca a importância de "rastrear" o histórico da empresa e manter cuidados básicos, como deixar o antivírus atualizado e só comprar de sites confiáveis. O professor universitário Rogério de Paula também utiliza o mobile banking com frequência, principalmente para o pagamento de contas e visualização do saldo da conta. "Pelo código de barras das contas, eu efetuo o pagamento. Ajuda muito, pois evito filas e poupo meu tempo".

Para o empresário Daniel Dias de Almeida, ir ao banco é algo que só acontece quando há a necessidade de dinheiro em espécie. "Comprei o meu primeiro smartphone em 2008 e, com a evolução da tecnologia oferecida pelos bancos, fui gradativamente diminuindo minhas idas às agências. Hoje faço tudo pelo celular", afirma. Daniel acrescenta que também usa o celular para pesquisar as melhores ofertas de produtos. "Pesquiso preços de forma mais ágil na web. Se tivesse que ir à rua, perderia muito tempo. Com exceção ao vestuário, não lembro a última coisa que comprei numa loja", destaca o empresário.

 

Fim do plástico

Para o especialista em canais eletrônicos Marcos Cavagnoli, o mobile payment ou m-payment, como também é conhecida a utilização do celular para compra de produtos ou serviços, já toma espaço dos cartões de crédito e, em um prazo de cinco a dez anos, deve ocupar a preferência dos clientes. Para ele, o celular é "a evolução do cartão de crédito". " O plástico é só um meio. O importante são as informações que podem ser inseridas lá. O cartão irá perder seu espaço. Só não sabemos qual será a tecnologia que terá maior aceitação do usuário", destaca. Atualmente, existem diversas formas de realizar o pagamento de serviços e produtos pelo celular, mas três delas são as principais: a Near Field Comunication (NFC), os aplicativos (apps, como são mais conhecidos) e o Short Message Service (SMS) (ver quadro abaixo). Segundo Cavagnoli, todas já estão em uso no Brasil, mas ainda em fase de "experimentação pelo usuário". O especialista acredita que, nesse momento, de adaptação dos clientes às novas formas de pagamento remoto, nenhum tipo de custo será incorporado ao usuário.

 

Bancos apostam em tendência

Embora faltem números para mensurar o mercado juiz-forano, o crescimento exponencial do uso das tecnologias móveis é confirmado pelas instituições bancárias. De acordo com o Banco do Brasil (BB), desde 2000, o banco disponibiliza o acesso a transações para todos os segmentos de clientes via mobile – pessoa física, pessoa jurídica e setor público, com as tecnologia WAP 2/SMS. Na comparação com as transações feitas em janeiro desse ano e, no mesmo mês do ano passado, o crescimento foi de 404%. No mesmo período, o número de usuários da tecnologia aumentou em 50%. O superintendente regional do BB, Alberto Valério, estima que entre as transações desse tipo no Brasil, 0,2% sejam realizadas em Juiz de Fora.

De acordo com a assessoria de comunicação da Caixa, o internet banking cresceu mais de 38% no último ano em quantidade de usuários, chegando a 9,7 milhões de clientes em maio deste ano. No caso do mobile, o crescimento mensal do número de contas cadastradas e de transações realizadas é de 15% em média.

No Itaú Unibanco, o internet banking é o canal de atendimento mais usado do pelos clientes, com crescimento de 159% da média mensal de transações nos últimos quatro anos. Já no mobile banking, nos últimos dois anos, houve um crescimento de 788% nas transações. A expectativa do banco é que, em breve, o celular seja o segundo maior canal de atendimento.

O diretor de canais digitais do HSBC, Marcello Veronese, diz que, através do aplicativo oferecido aos clientes do banco, é possível acessar todos os dados financeiros – conta corrente, poupança, seguros, entre outros – por um único toque no celular. "Nossa expectativa é de, em pouco tempo, fazer mais transações pelo celular do que pelas agências".

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