Serviços de táxis e aplicativos de transporte podem ficar mais caros em 2025
Aumento de preços da gasolina, expectativa de reajuste da tarifa de táxis e oscilação da demanda das corridas por aplicativo podem pesar no bolso do consumidor
Os combustíveis fecharam o ano de 2024 em alta, conforme informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O etanol hidratado subiu 20,4%, enquanto a gasolina, 10,2%. O cenário impacta os custos do transporte urbano, que podem ser repassados ao consumidor final. Em Juiz de Fora, a alta de preços também foi observada nos postos. Paralelamente, os usuários de transporte convivem com a expectativa de reajuste da tarifa do serviço de táxi, congelada desde 2023, e a oscilação nos valores das corridas por aplicativo decorrentes dos picos de demanda.
De acordo com a pesquisa mais recente realizada pela Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JF), a gasolina fechou 2024 com valor médio de R$ 5,92 o litro na cidade, aumento de R$ 0,18 em comparação com o preço médio de R$ 5,74 registrado na primeira pesquisa feita em janeiro do ano passado. Em alguns locais, ela chegou a ser vendida por R$ 6,64 no mês de dezembro.
O preço do etanol também sofreu alterações ao longo do ano. Segundo o Procon-JF, o valor médio registrado na primeira pesquisa de 2024 foi de R$ 3,89 por litro, já em dezembro subiu para R$ 4,13, uma diferença de R$ 0,24. Em alguns postos, o preço chegou a R$ 4,69 o litro no último mês do ano passado.
Além do preço dos combustíveis, outros fatores impactam diretamente o transporte urbano e, consequentemente, o bolso dos usuários. No mês de dezembro, por exemplo, os táxis puderam operar com a bandeira dois ativada, medida prevista na Lei Municipal 9.161, de 4 de dezembro de 1997, que funciona como forma de garantir o 13º salário aos taxistas.
Segundo o presidente do Sinditaxi-JF, José Paulo Moreira, a procura pelo serviço aumenta cerca de 30% no período e aplicação da bandeira dois se torna essencial para cobrir custos adicionais, como combustível, manutenção do veículo e desgaste, e valorizar o esforço do profissional em atender a população em horários menos convencionais.
Defasagem da tarifa
O último reajuste na tarifa do serviço de táxi ocorreu em 2023. Antes disso, o último havia sido em 2016, somando um total de sete anos sem modificações. Por esse motivo, o Sinditaxi-JF solicitou ao município, em 2023, um cálculo para avaliar a defasagem na tarifa do serviço de táxi. Segundo Moreira, a planilha de custos apresentada demonstrou uma defasagem de 41,48% no valor do serviço durante o período de sete anos sem reajustes. Após negociações, o sindicato e o município acordaram um reajuste de 23%, restando 18,58% a serem incorporados em futuros reajustes. Porém, ele explica que em 2024 o sindicato decidiu não solicitar um novo reajuste de tarifa ao município, optando por avaliar a possibilidade de atualizar a tarifa apenas em 2025, conforme os custos do serviço.
Segundo Moreira, as despesas operacionais e a alta de preços também impactam a renda dos taxistas. “Muitos desses custos não têm sido repassados à tarifa devido à crise econômica enfrentada pelo país e à concorrência com o transporte individual por aplicativos, que opera sem regulamentação e fiscalização no município.”
Apesar das dificuldades, Moreira acredita que os valores cobrados pelo serviço seguem competitivos em relação aos aplicativos. “Enquanto o táxi possui um valor fixo registrado no taxímetro, os aplicativos utilizam preços dinâmicos, que variam conforme a demanda. Durante o período de férias escolares, com o aumento da procura, os preços dos aplicativos geralmente superam os do táxi”, compara.
Procurada pela Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora informou que “a regulamentação do transporte por aplicativo no país está sendo analisada pelo Congresso Nacional pelos Projetos de Lei (PL) 4.239/2019, 536/24 e o 12/2024. Já a fiscalização de transportes clandestinos em geral, que são aqueles que não usam o aplicativo e abordam os usuários na via, é realizada em operações periódicas pelos agentes de trânsito e a polícia militar.”
Demanda impacta preços das corridas por aplicativos
Questionadas pela Tribuna sobre o valor das corridas em janeiro, as duas principais empresas de aplicativo que atuam em Juiz de Fora, 99 e Uber, informaram que as cobranças variam.
Segundo a 99, a empresa adota uma política dupla para calcular o preço das corridas. Quando se trata de táxis solicitados pela plataforma, os cálculos realizados pelo taxímetro são respeitados. “O valor não varia de acordo com oferta ou demanda, mantendo a tabela definida pelo poder público como base.”
Por outro lado, para corridas feitas com motoristas parceiros da plataforma, o preço final é calculado com base na distância percorrida e no tempo de deslocamento, o que, segundo a empresa, é definido de acordo com a oferta e demanda de condutores cadastrados na região. Dessa forma, o valor pode variar de acordo com fatores externos, como chuva, excesso de trânsito ou aumento de pedidos na região.
Por fim, a empresa afirmou que “reforça seu compromisso com a sociedade”. E segue: “a plataforma é uma das soluções que colaboram com a mobilidade urbana nas cidades e tem como compromisso garantir transporte acessível e de qualidade a seus usuários e motoristas parceiros”.
Na Uber, o preço final das viagens pode sofrer alterações devido à política de precificação dinâmica. Quando a demanda por corridas em uma área específica supera a disponibilidade de motoristas parceiros, o preço aumenta para equilibrar oferta e demanda.
“O preço dinâmico é aplicado para incentivar que mais motoristas se conectem ao aplicativo e assim os usuários tenham um carro sempre que precisarem. Quando a oferta sobe novamente, os preços voltam aos valores normalmente praticados”, explicou em nota, acrescentando que o valor é apresentado ao usuário no momento de solicitação do serviço. “De qualquer forma, o preço dinâmico sempre é informado ao usuário no momento em que a viagem é solicitada.”