BAAPZ lança clipe artístico com Inteligência Artificial

Debate polêmico entre arte e IA não intimidou artista mineiro


Por Pâmela Costa, sob supervisão do editor Marcos Araújo

31/03/2023 às 08h15

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BAAPZ estreou em 2018 e, desde lá, já se lançava em projetos diferentes, como um single gravado em 8D (Foto: Divulgação)

Todo o surrealismo que a tecnologia vem causando com seu avanço foi retratada na metalinguagem do clipe “Maré de Azar”, lançado, nesta semana, pelo músico BAAPZ. Com a premissa de explorar outras ferramentas, como IA (Inteligência Artificial), a produção levou o debate sobre o lugar da arte na contemporaneidade a outro patamar.

O videoclipe conta a história de um homem que, ao refletir sobre sua vida, em determinado momento, é tomado pela tecnologia que atravessa seu cotidiano. A coragem de desfrutar o “novo” rendeu bons resultados que podem ser vistos na plataforma YouTube. BAAPZ, entretanto, confessa uma questão que fica em evidência na obra. “O clipe pode ser polêmico para algumas pessoas, porque foi feito pela máquina, isso é controverso na minha visão como artista”, conta o músico.

A crítica torna a metalinguagem ainda mais potente, à medida que o debate intrigante toma a natureza do cantor no clipe. A interseção entre o lugar da arte e a exploração da AI fazem da obra um bom lugar de reflexão regado a psicodelia. Pedro Baptista, o BAAPZ, confessa que a ideia surgiu a partir da indagação da falta de previsibilidade para os rumos que o digital está levando. “Eu quis entrar no mistério da IA, não sabendo o que poderia acontecer”, diz o artista.

Com uma dedicada produção do artista BAAPZ com colaboração da Filmes do Mato, produtora audiovisual de Cataguases/MG e roteiro de Bruna Schelb Corrêa, o espectador é levado para outro mundo – que não está assim tão distante. O fotógrafo Caio Deziderio também fez parte dessa obra, filmando as atuações de BAAPZ no estúdio da locadora Manchester. Já a montagem das filmagens foi um trabalho desenvolvido por Luis Bocchino. A animação, responsável pela miscelânea entre arte e IA, foi feita por André Salles, amparado pela ferramenta stable diffusion.

Já a música possui uma curiosa história. O primeiro verso que traz a frase “nem precisei abrir meu biscoito da sorte”, surgiu após BAAPZ pedir comida chinesa e não ver a necessidade de descobrir o que estava sendo profetizado. O esvaziamento dos prenúncios contidos dentro da comida, que começaram na China, no século 13, faz com que, atualmente, só se encontre frases genéricas. Foi a partir da recusa ao generalizado que a música e o clipe trazem a proposta do singular.

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