Primeiro izakaya de Juiz de Fora: conceito de bar japonês chega à cidade

Espaço no São Mateus aposta em lámen, gyoza e drinques com pegada contemporânea


Por Elisabetta Mazocoli

30/11/2025 às 06h50

zuki izakaya
Bar de inspiração japonesa em Juiz de Fora adota proposta intimista típica dos izakayas (Foto: André Miguel Coronha)

O primeiro izakaya de Juiz de Fora acaba de abrir as portas. O Zukí segue o conceito de bar asiático, que recupera a tradição japonesa de beber e comer em um ambiente intimista, com poucos lugares. Os primeiros ambientes do tipo surgiram quando as lojas vendiam saquê a trabalhadores, que passaram a petiscar enquanto escolhiam suas bebidas. Logo, amigos também começaram a se reunir e ficavam nos balcões, conversando com quem preparava a comida. Enquanto os sushibares já ganharam o mundo há bastante tempo, os izakayas foram conquistando espaço aos poucos, consolidando-se, no Brasil,  primeiro em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – que inclusive inspiraram o estabelecimento juiz-forano. A novidade localizada no Bairro São Mateus, Zona Sul, aposta em lámens, porções para compartilhar e drinques com pegada contemporânea, feitos para quem quer experimentar pela primeira vez ou quem quer ter, perto de casa, o melhor desse universo.

A ideia de abrir o estabelecimento surgiu para os sócios Ludmila de Souza e Rodrigo Barbosa em uma das viagens que fizeram para São Paulo, quando viram a diversidade de estabelecimentos do tipo na capital paulista. Apesar de nunca terem ido ao Japão, foi o sabor das comidas quentes desses estabelecimentos que os transportou para lá. A ideia, então, foi proporcionar o mesmo para outras pessoas, que só tinham a opção de experimentar os pratos de maneira sazonal em alguns restaurantes da cidade.

“Foi uma oportunidade da gente pensar fora da caixa e trazer algo diferente para JF. Vimos um apelo da galera querendo e tendo muita procura. E deu essa vontade na gente”, explica a sócia e chef de cozinha. Nesse momento, ela, que é formada em Gastronomia, chamou Luiza Coury, que foi sua professora, para fazer a consultoria do cardápio.

O resultado foram opções que não só inserem as comidas asiáticas quentes, mas também acrescentam um toque contemporâneo a elas. Isso acontece, por exemplo, com o dumpling com recheio de camarão e porco acompanhado de molho de coco oriental, chili oil, crocante de harumaki e amendoim tostado, que acrescenta uma referência tailandesa ao cardápio. Ou com o tempurá de batata com sour cream de yuzu, kimchi e pó de nori. “Gostamos de brincar com insumos e referências”, destaca Ludmila. Essa mesma ideia foi mantida na carta de drinques, desenvolvida por Mateus Vieira, que inclui uma variedade de bebidas com saquê e soju. “Mesmo naqueles clássicos, quisemos trazer uma pegada asiática. O nosso aperol spritz, por exemplo, segue a proposta, mas usa soju, que é um destilado de arroz saborizado”, destaca o sócio administrador e gerente.

Para os dois, os izakayas estão longe de ser uma “modinha” como a febre dos icegurts ou das paletas mexicanas. Isso porque é um conceito histórico, baseado em uma cultura que se fixou em diversos lugares do mundo — e que, se parar pra pensar, também se relaciona com o que os mineiros já estão acostumados, a ideia de ir pro bar jogar conversa fora, petiscar e “tomar uma”. “Estamos vivendo um momento de popularidade, com doramas e o Japão virando um dos países mais visitados do mundo. Então estamos aproveitando essa onda, mas percebemos que é um nicho que existe e sempre existiu”, Mateus. 

zuki-izakaya---Edmundo-Ferreirazuki-izakaya-4--Edmundo-Ferreirazuki-izakaya-3---Edmundo-Ferreirazuki-izakaya-2---Edmundo-Ferreira
<
>
Karaage com molho oriental de laranja (Foto: Edmundo Ferreira)

Para experimentar sem medo

O carro-chefe do Zukí, desde que abriu, são os lámens (ou ramens, como é a palavra original em japonês romanizada). É o prato mais pedido pelos clientes e também o que a casa aposta de mais tradicional dentro do cardápio. Para quem ainda não conhece, é um macarrão servido com caldo quente, geralmente acompanhado de toppings como carne, ovo e legumes. Em Juiz de Fora, esse macarrão é feito com caldo temperado com molho de soja ou missô, junto com carnes e legumes. São quatro opções, incluindo para vegetarianos e veganos. 

A ideia, como explicam os sócios, foi trazer o prato para que fosse uma “porta de entrada” para outros gostos da culinária oriental. “São sabores diferentes, mas que criam também uma zona de conforto no paladar”, define Rodrigo. O que a chef já percebeu, nessa primeira semana aberta em soft opening, é que também ganhou o coração do público o karaage, um tempurá de frango servido com molho oriental de laranja e maionese kewpie de gochujang. E tem ainda um diferencial que faz o coração dela: o cheesecake de matchá com caramelo de missô, feito inclusive como sobremesa em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em gastronomia, e que exige que importem o matchá. A ideia, para eles, é que todos possam experimentar de tudo, sem medo.

Ambiente intimista 

Os lugares mais pessoais são uma característica tradicional dos izakayas e, no Zukí, não poderia ser diferente. São 34 lugares no espaço interno, mas com expectativa de expansão em mesas do lado de fora, parklets e até, no futuro, delivery. Nesse ambiente intimista, o clima acolhedor também se mantém nos pratos: “Praticamente todas as porções, se não todas, são feitas para compartilhar e para a pessoa conseguir experimentar mais de uma opção”, explica o administrador. A ideia, para os dois, é que um casal consiga experimentar entre três e quatro opções, a depender da fome. E isso também vale para acolher diversidades — eles se preocuparam em trazer opções vegetarianas e veganas que realmente fizessem sentido com o conceito do espaço, e que não apenas tirassem ingredientes animais. 

A ideia por trás do nome Zukí combina bem com esse conceito: é um nome próprio e fácil de pronunciar pelos brasileiros, que busca aproximar o público de uma cultura que antes poderia parecer distante. Daqui pra frente, o que a chef de cozinha quer é “continuar trazendo novidades para o cardápio”, e fazendo com que o paladar dos juiz-foranos se amplie cada vez mais.

Tópicos: gastronomia

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.