Galera de Juiz de Fora, estou voltando
Dessa vez é para valer. “Galera de Juiz de Fora, estou voltando! Me aguardem que vamos ‘Bellzar’ muito! Espero todos vocês lá!”, garantiu o cantor Bell Marques em entrevista na última segunda-feira. Inaugurando uma nova fase na carreira, depois de 33 anos à frente do Chiclete com Banana, grupo com o qual sempre arrastou multidões no carnaval de Salvador, o baiano fala à Tribuna sobre o show desta sexta-feira, às 23h, no La Rocca. Com a apresentação na cidade, atendendo um acordo com o Procon de Juiz de Fora e o Ministério Público de Minas Gerais, está encerrada a ação movida contra ele por conta do cancelamento do evento marcado para o início do ano, no Parque de Exposições.
“Quando chegamos a Juiz de Fora, em janeiro, fomos informados de que o show não aconteceria em função de algumas irregularidades encontradas pelo Corpo de Bombeiros. Não saímos nem do aeroporto. O responsável pelo evento não era o Chiclete com Banana. Éramos atração contratada, mas a Justiça entendeu, injustamente, a nosso ver, que nós tínhamos as condições financeiras para arcar com os prejuízos, e ficamos judicialmente responsáveis por ter que refazer essa apresentação. Como não estou mais com o Chiclete, estou cumprindo essa determinação do Ministério Público em carreira solo”, diz o artista. lugares restantes estão sendo comercializados no estande montado na Rua Mister Moore. Conforme o Procon, a negociação não prevê restituição do valor já pago, em razão de os organizadores locais do evento cancelado, Cassel Telecomunicações e Informática e SLA Eventos Ltda., não terem apresentado proposta concreta para a devolução do dinheiro.
De acordo com a produção do Chiclete com Banana, quem não conseguiu trocar o ingresso até a última sexta-feira, dia 24, pode fazer a pré-reserva, até amanhã, pelo telefone (71) 3248-1422. A entrada será permitida mediante a apresentação do bilhete original. “Começamos a receber várias ligações de pessoas de Juiz de Fora que viajaram para votar e que, por isso, não conseguiram fazer a troca. Basta digitalizar o convite e nos enviar. Só pedimos que façam com o máximo de antecedência possível”, informou a produção.
Não só os fãs já cativos, mas também novos seguidores poderão curtir hits consagrados na voz do eterno chicleteiro, além do trabalho executado ao lado da Big Band, nome pelo qual são chamados os músicos que o acompanham. “O show não é o mesmo que apresentaria com o Chiclete com Banana, em janeiro, é meu show mais novo, com músicas novas. Claro que o Chiclete faz parte da minha história e está muito presente no repertório. As músicas foram eternizadas na minha voz e eu não deixaria jamais de fora algumas canções. Coloco também já alguns sucessos novos, como “Amor bacana”, “Vumbora vumbora” e a mais nova de todas, “Voltei”. Arranjo sempre um tempinho para colocar grandes sucessos de outros cantores. O público vai poder matar, sim, a saudade.”
Tribuna – Vocês conheciam os produtores do show em Juiz de Fora? Tinham referências?
Bell Marques – Não conhecíamos. Nosso show foi vendido para um promotor de eventos de Salvador, que vendeu a apresentação para outro aí de Juiz de Fora. Era a primeira vez que eles estavam nos contratando, e nunca havíamos passado por situação parecida. Com minha ida a Juiz de Fora, está tudo acertado.
– Como é começar de novo uma carreira, depois de mais de 30 anos à frente do Chiclete com Banana?
– É muito interessante e desafiador. Voltar a sentir aquele frio na barriga é muito bacana. Sou movido a desafios e não poderia estar mais satisfeito.
– Nesta nova fase, você se deparou com muitas mudanças no mercado?
– O mercado muda constantemente. Nos 33 anos que fiquei à frente do Chiclete, vi muitas mudanças, e é normal que elas continuem acontecendo. A sociedade muda, a forma de distribuição de música muda, e o artista vai se adaptando.
– Você acha que esse mercado tem sido justo com quem tem talento?
– De maneira geral, sim. O mercado pressiona bastante o artista que quer se manter no topo. Não é fácil. E, felizmente ou infelizmente, o Brasil tem muitos talentos. Nem todos chegam a despontar por vários motivos.
– Você disse que saiu do Chiclete com Banana porque não estava feliz. Isso passou?
– Hoje, me sinto mais feliz sim. Estou realizado e mais livre para fazer o que quero, tomar minhas decisões, arriscar e experimentar coisas novas. Eu não estava infeliz no Chiclete por um motivo específico. Era mais o contexto, que estava me deixando acomodado. Eu precisava sacudir um pouco!
– Os fãs têm aceitado bem a mudança na sua carreira?
– O tempo é mestre, né? Os fãs que não aceitaram de primeira foram entendendo o que estava acontecendo, o que motivou minha saída e que eu continuaria sendo Bell Marques. Acho que foi só um susto. Eles precisavam assistir ao show. Claro que nem todos os fãs vieram comigo, mas apareceram muitos jovens, que não eram seguidores do Chiclete, e que passaram a curtir meu trabalho.
– “Entrei no axé music, porque é um mundo de sonhos. (…) Montei uma banda que vai me dar possibilidade de muitas coisas”, disse você em uma entrevista. É sua intenção sair do axé?
– Não pretendo sair do axé, que sempre será minha base, mas gosto de misturar ritmos. Comecei no rock, fiz carreira no axé, o nome Chiclete com Banana veio da mistura que sempre gostei de fazer. Já toquei arrocha e tenho um pagodão agora no meu repertório.
– Continua sendo um chicleteiro?
– Se tem alguém que nunca vai deixar de ser chicleteiro sou eu! Risos. Não tem como. Faz parte da minha história, foi o que me trouxe aqui. Jamais negaria esse meu passado no Chiclete.
– Existe alguma possibilidade de volta?
– Não. A decisão foi tomada, e não foi algo decidido do dia para noite. Pensei bastante antes de sair da banda.
BELL MARQUES
Nesta sexta, às 23h
La Rocca
(Av. Deusdedit Salgado 2400 – Salvaterra)