Scarlett Superpoderosa
Depois do Megazord, Scarlett Joahnsson. A atriz é a protagonista de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”, que estreia nesta quinta-feira no Brasil e enfim leva para o cinema a versão em carne e osso do mangá “Mobile Armored Riot Police”, criação de Masamune Shirow e publicado originalmente no Japão entre 1989 e 1990. Com o nome que o tornou mais conhecido entre o público, “Ghost in the Sheel”, a história ganhou uma animação em longa metragem em 1995, desdobrando-se posteriormente em outros longas e séries de TV e despertando a ambição de Hollywood. Steven Spielberg e a Dreamworks adquiriram os direitos para a versão live-action em 2008, mas foram quase dez anos até a concretização do projeto, que o estúdio espera transformar em uma franquia cinematográfica.
Com direção de Rupert Sanders, “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” busca manter, segundo os produtores, a maior fidelidade possível em relação ao original. A história se passa em 2029, num Japão distópico, futurista, repleto de mega cidades e corporações que se tornam mais poderosas, muitas vezes, que os políticos. É um mundo em que a tecnologia se desenvolveu de forma vertiginosa, com a inteligência artificial desenvolvida e androides para todos os lados. Neste futuro, as pessoas podem substituir partes do corpo por próteses – sem se esquecer dos cérebros que podem ser conectados às redes virtuais, indo de acessos simples à transposição virtual da memória em caso de traumas severos.
Nem tudo, porém, são flores nesse futuro com um quê de “Blade Runner”. Tanta tecnologia permite a ação de cyber terroristas e hackers, que podem inclusive “invadir” os cérebros das vítimas e as controlarem remotamente. Um deles planeja destruir a tecnologia de inteligência artificial da Hanka Robotics, e é aí que entra a Seção 9, grupo paramilitar que tem por missão impedir o terrorismo cibernético. Quem comanda a equipe é a Major Motoko Kusanagi (Johansson), que teve seu cérebro instalado em um corpo cibernético após um trágico acidente, conferindo a ela habilidades como superforça e invisibilidade.
Ainda que seja eficiente em seu ofício, a Major sente-se deslocada no mundo, principalmente por ter apenas lapsos de sua vida passada e não encontrar ligações afetivas como seus outros colegas. E colocará tudo o que sabe – e o que foi contado a ela – em dúvida quando entrar em contato com os terroristas, que vão colocar um monte de minhocas na cabeça da moça sobre ela ser “a primeira de sua espécie” e das verdadeiras intenções do governo e da Hanka Robotics.
Além da preocupação em não se distanciar do seu material de origem, “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” tem recebido críticas positivas pelas cenas de ação e os efeitos especiais de tirar o fôlego, e ainda de apresentar uma discussão filosófica sobre o quanto restaria de humanidade, de alma, num cérebro que vivesse em um corpo artificial. Ao mesmo tempo, ainda perdura a discussão a respeito do “whitewashing” (embranquecimento) do elenco, uma vez que colocaram Scarlett Johansson para interpretar o papel de uma personagem oriental. O que deve ser mais difícil é explicar para toda essa gente que Hollywood, infelizmente, não tem atrizes asiáticas populares o suficiente para carregar nos ombros uma produção com um custo superior a US$ 100 milhões.