Laura Assis lança ‘Parkour’

Segundo livro da poeta juiz-forana foi lançado pela editora Macondo, que faz evento neste sábado (30) na cidade


Por Cecília Itaborahy, sob supervisão de Marcos Araújo

29/04/2022 às 07h00- Atualizada 30/04/2022 às 19h05

CAPA PARKOUR

A prática esportiva parkour é definida como um treinamento que permite ao indivíduo ultrapassar qualquer obstáculo usando o próprio corpo. Por mais que se pense em atividade radical, esse é o percurso da vida: atravessar adversidade; dar um pulo e uma pausa; seguir. Escrever um livro é um parkour íntimo, ainda mais sendo ele o primeiro em que é necessário desvendar processos. O segundo é outro caminho, que nem pelo breve costume deixa de ser trabalhoso. Laura Assis, poeta, tradutora, editora e professora, agora, está em pausa – pelo menos na escrita. Seu segundo livro “Parkour” foi lançado no dia 22 pela editora Macondo. Neste sábado (30), ela faz seu lançamento físico, junto com Leonardo Piana, que escreveu o livro “Sismógrafo”, no Estúdio Galeria (Marechal Deodoro 541, sala 209), às 18h.

O nome do livro de Laura foi escolhido pelo sentido mesmo de fazer um percurso: “Eu escolho o título por isto: porque, no final das contas, todos os poemas ou a maior parte deles tem um pouco a ver com uma maneira um pouco menos fácil de estar no mundo, de existir, e de ainda assim ter que seguir fazendo esse percurso”. Laura, em “Parkour”, não quis fazer uma simples reunião das coisas que tinha escrito até então, como fez em seu livro de estreia “Depois de rasgar os mapas”, de 2014. “Eu queria que ele tivesse de fato um projeto. Então, assim, foram entrando nele poemas que tinham a ver com o que eu estava pensando para o título, com o desenvolvimento dos temas que tinham a ver com as seções que já estavam mais ou menos pensadas, e com outros poemas que não entraram. Eu acho que a questão de pensar esse projeto de livro tem mais a ver com isso: o que entra e o que não entra.”

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(Foto: Divulgação)

Poemas-imagens

“Parkour” mostra um caminho atravessado pelos ciclos, dividido, no livro, pelas seções. “É, sim, uma formação das vozes que estão nos poemas. Tem uma voz que vai passando por vários momentos, que começa na menina e vai passando por outras situações, e tem uma linearidade que vai e volta para terminar na menina de novo, no último poema, que é uma visita”, explica. Para que não fossem meros desabafos, ela cria cenas que representam a história e a imagem que deseja captar no texto. A poeta não quer, simplesmente, descrever. Os poemas são imagens.

E por pensar na forma como as imagens vão ser entendidas, vez ou outra, ao virar uma página, o leitor se depara com uma prosa. “O mais importante é a gente conseguir transitar quando é necessário, e não ficar refém de uma forma só. Saber que a linguagem pode acontecer de várias formas. A gente tem que conseguir tomar essas decisões de acordo com o que é melhor para o texto”, acredita. O fascínio pela forma, pela representação e pelas formas de linguagem tem muito a ver com seu trabalho enquanto professora e pesquisadora. Todas as suas atividades profissionais envolvem essas modalidades. Cada uma de uma forma, às vezes, elas se encontram. E isso explica também o motivo de Laura usar a metalinguagem em seus poemas. A própria palavra interessa a ela.

Vida em percurso

O percurso na escrita iniciado com seu primeiro livro foi o que garantiu o nascimento de “Parkour”. “É uma espécie de percurso mesmo”, ela diz. Os oito anos que separam as duas publicações foram necessários para que uma nova Laura surgisse e, junto com ela, um novo olhar para as coisas que precisam ser escritas. Um olhar, como ela mesmo ressalta, menos ingênuo, mais trabalhoso. A pausa de agora, pós-lançamento, é um descanso para o que ainda virá. Para um novo percurso desconhecido, que é, também, a continuação daquele iniciado quando ela ainda era uma criança fascinada pela leitura.

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