A extraordinária e sofrida vida de um gênio

Filme mostra o romance entre Jane Wilde e Stephen Hawking, que foi mais turbulento na vida real
Stephen Hawking é pop. O inglês de 73 anos é um físico que se tornou conhecido mundialmente, nos anos 1980, ao publicar o best-seller “Uma breve história do tempo”, em que explicava de forma simples a origem do universo. Ele participou, ainda, de séries como “Jornada nas estrelas – a nova geração” e “Os Simpsons”, viajou por quase todo o mundo, já esteve no limiar do espaço, nasceu exatamente 300 anos após a morte de Galileu Galilei (9 de janeiro de 1942), foi casado duas vezes, teve três filhos, foi visto frequentando bares de striptease – ah, e também é considerado por muitos como o maior nome da física após Albert Einstein, tendo ocupado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, o mesmo posto de Sir Isaac Newton. Uma vida atribulada para quem sofre há cerca de cinco décadas de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença incurável que leva à perda de movimentos.
Com tanta história vivida, não é de se espantar que a vida de Hawking terminasse em Hollywood por meio de “A teoria de tudo”, filme baseado no livro escrito pela ex-mulher, Jane Wilde, “Travelling to infinity: my life with Stephen”, em que ela relembra os anos que passaram juntos até o divórcio, em 1995. A produção, dirigida por James Marsh, foi indicada a cinco Oscars: melhor filme, ator (Eddie Redmayne), atriz (Felicity Jones), roteiro adaptado e trilha sonora original. O físico inglês já havia sido retratado em uma produção inglesa para a TV em 2003, com Benedict Cumberbatch (que concorre ao Oscar pelo seu papel em “O jogo da imitação”) no papel principal, abrangendo um período maior da vida de Hawking.
Como toda cinebiografia, “A teoria de tudo” faz “ajustes históricos” para tornar o enredo mais acessível ao público. Uma das reclamações levantadas por quem assistiu ao filme é que a família de Stephen Hawking é apresentada como uma trupe adoravelmente excêntrica, ao mesmo tempo em que muitos sempre a considerou extremamente arrogante – no mínimo. O mesmo vale para os casos extraconjugais de Jane, que chegou a levar o amante que conheceu nos Estados Unidos (para onde se mudaram) para morar com a família. A despeito de ela ter realmente se dedicado a Hawking desde que a doença foi descoberta, antes mesmo de se casarem, “A teoria de tudo” se dedica muito mais a adocicar o romance entre a dupla – que se conheceu na Universidade de Oxford graças à irmã dele – do que se debruçar na mente do gênio de Cambridge. Isso não quer dizer, entretanto, que o início da carreira do inglês na seara acadêmica seja ignorado, o mesmo valendo para o romance e drama vividos pelo casal.
Os maiores méritos do filme vão para o casal de protagonistas. Eddie Redmayne tornou-se, nas últimas semanas, o grande favorito ao Oscar de melhor ator, após vencer alguns dos prêmios que servem de termômetro para a premiação do careca dourado, como o Globo de Ouro e o SAG (Sindicato dos Atores de Hollywood). Para muitos, a passagem do jovem saudável e desengonçado que se verá preso a uma cadeira de rodas pode ser comparada (mas sem chegar ao mesmo patamar) à avassaladora interpretação de Daniel Day-Lewis em “Meu pé esquerdo”, de 1989. Felicity Jones também vem sendo muito elogiada pelo papel da esposa que se dedica de corpo e alma ao seu parceiro durante os anos em que viveram juntos, principalmente no início da doença do físico.
A TEORIA DE TUDO
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Classificação: 10 anos