Assista a 8 filmes do documentarista juiz-forano Marcos Pimentel
Polo Audiovisual TV realiza mostra em homenagem ao diretor
O Polo Audiovisual TV iniciou uma série de homenagens a diretores do cinema nacional, e o primeiro escolhido foi o juiz-forano Marcos Pimentel, que disponibilizou oito de suas obras para serem exibidas gratuitamente na plataforma de streaming (poloaudiovisual.tv). São dois longas – “Sopro” (2013) e “A parte do mundo que me pertence” (2019) – e seis curtas – “Sanã” (2013), “Taba” (2010), “Século” (2011), “Pólis” (2009), “A arquitetura do corpo” (2008) e “O maior espetáculo da Terra” (2005) – marcados pelo cotidiano e o silêncio, características que renderam ao cineasta diversos prêmios mundo afora, sendo destaque em incontáveis festivais internacionais.
Disponível até as 19h desta sexta-feira, “A parte do mundo que me pertence” retrata sonhos e desejos de pessoas comuns, nove moradores de bairros modestos de Juiz de Fora e Belo Horizonte. Para Marcos, o momento de caos e incertezas provocados pela pandemia e o cenário político brasileiro tornam oportuno assistir e discutir essa obra, que fala daquilo que nos move no dia a dia. “Esse filme chama a atenção para como precisamos de sonhos e desejos para viver, que sonhar faz parte da condição de existência humana. Se não tivermos sonhos, não conseguimos avançar. Precisamos desejar algo, acreditar que é possível para que as coisas aconteçam. O sonho traz a carga de esperança que precisamos para tornar o dia mais fácil de ser assimilado e dar leveza às coisas”, destaca o diretor, que irá participar de uma discussão sobre o filme às 19h30 desta sexta (29), no Polo Audiovisual TV. O encontro será conduzido por um jornalista, com participação do público através de perguntas.
Produzido com recursos da Lei Murilo Mendes e filmado na região de Ibitipoca, “Sopro” é considerado o filme mais mineiro de Marcos Pimentel, embora sua mineiridade esteja impressa em muitos trabalhos. Marcado por ser seu primeiro longa-metragem, o filme que retrata a vida e a morte chegou a ser exibido em 72 festivais internacionais em 16 países, abrindo muitas portas para o documentarista. Destacada também por refletir a personalidade do diretor, a obra é um dos títulos disponíveis no Polo Audiovisual TV.
“Esse filme é onde os personagens têm um silêncio e uma introspecção mais recatada de se relacionar com o mundo, que tem muito a ver com minha própria essência. Muito antes de me perder pelo mundo e me tornar documentarista, cada hora em um canto, filmando gente de tudo que é lugar, eu acho que foi na introspecção dessas montanhas próximas a Juiz de Fora que eu me descobri enquanto um ser inquieto que gostava de me relacionar com o mundo de uma forma silenciosa. Foi um filme que me ajudou a me entender enquanto gente e a valorizar cada vez mais minhas raízes”, relembra.
Cinema independente
Formado em psicologia e comunicação social, Marcos descobriu o cinema ainda na faculdade, quando se encantou pelo documentário e, logo depois, foi estudar em Cuba e na Alemanha. “A partir do momento que tive certeza do meu sonho, me preparei para ele. Busquei estudar nas escolas que acreditava que podiam me acrescentar a melhor bagagem possível. É uma área superinstável, mas até hoje pude continuar sonhando em ser documentarista e dar continuidade à minha obra, com uma série de projetos em andamento”, conta.
Fascinado com o cotidiano, ele diz que a magia está nas coisas comuns, triviais e ordinárias. Aprendeu com o tempo a enxergar beleza e histórias em pequenos gestos e momentos da vida. Já o silêncio vem da sua própria personalidade impressa nas obras. “Estou longe de ser uma pessoa expansiva, eu sou muito introspectivo e começo a me aproximar dos meus personagens e do lugar onde decido filmar da mesma forma como eu me aproximo das pessoas ao longo da vida e me relaciono com o mundo. É uma forma mais contemplativa, uma observação recatada daquilo que está acontecendo próximo de mim.”
Adepto do cinema independente e de baixo orçamento, Marcos acredita que outro tipo de cinema é possível. Apesar da carência de recursos, nem de longe há carências de ideias e conceitos. Influenciado pelo clima do momento, porém, o diretor deixou um pouco de sua identidade de lado para discutir questões que permeiam a atualidade. ‘Estou realizando filmes com uma carga política forte, porque acho que estamos vivendo um momento tão complicado que não dá para não falar de algumas coisas”, explica. Seu último lançamento foi “Fé e fúria”, de 2019.
Mostra Marcos Pimentel
Disponível na plataforma de streaming (poloaudiovisual.tv) estão o longa “Sopro” (2013) e os curtas “Sanã” (2013), “Taba” (2010), “Século” (2011), “Pólis” (2009), “A arquitetura do corpo” (2008) e “O maior espetáculo da Terra” (2005). “A parte do mundo que me pertence” (2019) disponível só até sexta, às 19h. Em seguida, às 19h30, discussão sobre o filme