O que houve com o monumento a Bernardo Mascarenhas?
Monumento a Bernardo Mascarenhas, tombado pelo município e atingido por árvore em novembro de 2020, encontra-se sem as imagens em bronze há oito meses, e com a base toda pichada

O monumento a Bernardo Mascarenhas, localizado na Praça Antônio Carlos, na região central, foi parcialmente destruído em novembro de 2020 após a queda de uma árvore sobre ele. Mas, ao contrário de Borba Gato, Bernardo Mascarenhas está alijado de discussões de descolonização histórica. O monumento ao bandeirante situado em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, foi incendiado no último sábado (24) em ação reivindicada pelo Grupo Revolução Periférica. Já o busto de Bernardo Mascarenhas foi atingido por uma árvore, devido a fortes chuvas na época. Desde então, apenas a base do busto, mal conservada, permanece de pé, com pichação ao redor.

Fotos Jéssica Pereira
Desde dezembro de 2000, o Monumento a Bernardo Mascarenhas é tombado pelo município pelo valor histórico e cultural – Decreto 6.941. Além do busto, o bem é acompanhado por mais duas imagens em granito e bronze. A feminina é uma alegoria para a indústria. A masculina, para o trabalho. O instrumento de preservação considera “a homenagem aos personagens e épocas que marcaram o desenvolvimento urbano, industrial artístico e cultural da cidade” e “a expressividade plástica representativa de membros influentes da comunidade local”. O bem foi inaugurado em maio de 1938, em meio às comemorações do aniversário de Juiz de Fora. A iniciativa foi do então vereador Antônio Ribeiro de Sá.

De acordo com a Funalfa, o maior impacto do incidente de novembro de 2020 foi sobre a alegoria masculina que representa o trabalho, já que os membros superiores se desprenderam do corpo. “No entanto, essas peças não sofreram ruptura, estando apenas desencaixadas”, pontua, em nota, a Funalfa. Já o pedestal de granito, que sustentava o busto de Bernardo Mascarenhas, “se desprendeu em várias peças”. O próprio busto e a alegoria feminina sofreram impactos menores. “Conforme relatório realizado, na época, pela antiga Divisão de Patrimônio Cultural (Dipac) – atual Departamento de Memória e Patrimônio Cultural -, o busto e a alegoria feminina também foram atingidos, mas não sofreram danos importantes”, detalha a Funalfa.
O órgão ressalta que a reparação do Monumento a Bernardo Mascarenhas deverá ser realizada por profissional especializado em restauro. No entanto, ainda não há data prevista. “A atual gestão, empossada em janeiro deste ano, ainda não tem data fechada para o restauro do monumento, mas informa que seu retorno ao logradouro público é parte do projeto de requalificação do Complexo Mascarenhas, que inclui a Praça Antônio Carlos.”
Conforme a Funalfa, o busto e as alegorias do Monumento a Bernardo Mascarenhas foram esculpidos por José Octavio Correia Lima, aluno de Rodolpho Bernardelli. “Correia Lima foi premiado na Exposição Geral de 1899, residiu em Paris e deu aulas em Roma. Em 1907, já de volta ao Brasil, classificou-se em primeiro lugar no concurso do Ministério da Justiça para execução do monumento ao Almirante Barroso, hoje localizado na Praça Paris, no Rio de Janeiro.” Além disso, o escultor também foi presidente de honra da Sociedade Brasileira de Belas Artes do Rio de Janeiro.
O bem já passou por outras intervenções nos últimos anos. Em setembro de 2009, por exemplo, o busto foi reparado pela PJF com a utilização de “produtos químicos especiais”, e uma das placas, substituída por uma réplica. Em 2013, as placas, até então de bronze, foram trocadas, e o bem passou a ter iluminação.

Foto PJF/Divulgação