Documentário realizado em JF retrata como mulheres transformaram seus lares e suas histórias
Filme ‘Reescrevendo minha história e ressignificando meu lar’ integra a mostra ‘Narrativas do real – histórias que transformam’ e tem exibição aberta ao público nesta quinta-feira

Produzido por estudantes de Jornalismo da disciplina Teoria e Prática Documental da Estácio Juiz de Fora, o documentário “Reescrevendo minha história e ressignificando meu lar” estreia nesta quinta (26), às 19h, com exibição aberta ao público na instituição. Integrando a mostra “Narrativas do real – histórias que transformam”, o filme aborda a história de quatro mulheres cujas trajetórias revelam a reconstrução pessoal e profissional diante de situações de vulnerabilidade em seus lares.
Gravadas nas casas de cada uma das participantes – Ana Paula Balbino, Gláucia de Oliveira Morato Machado, Marília de Jesus Lino e Rosiléia Pereira Ignacio -, as entrevistas revelaram histórias inspiradoras e comoventes. O responsável pela direção e edição do material, Felipe Ribeiro, relembra momentos marcantes. “Uma das entrevistadas contou que, de tanto querer estudar, já pegou carona até em carro funerário. Também ouvimos relatos muito duros, como o de uma mulher que cuidava de crianças com amor e foi injustamente acusada pela morte de uma delas. Foram histórias que nos atravessaram como comunicadores e pessoas.”
A obra, realizada sob orientação da professora Aline Maia, se baseia no trabalho de integrantes do projeto Mulheres Empreendedoras e Empoderadas (MEE) que, desde 2021, oferece suporte gratuito a mulheres em cenários sensíveis. A iniciativa, que recebeu o reconhecimento do município este ano com o “Troféu Mulher Cidadã”, já atingiu mais de 180 mulheres, impactadas nas áreas de gestão, psicologia e comunicação.
De acordo com a coordenadora do eixo de comunicação do projeto, Tâmara Lis, o impacto é real e visível. “A gente vê mulheres que chegaram desacreditadas de si mesmas e, hoje, estão com seus próprios negócios e, mais do que isso, mais confiantes, seguras, felizes e inspirando outras ao redor. É uma corrente de apoio, de fortalecimento e de reconstrução de autoestima.”
Histórias inspiradoras

Integrante do projeto MEE e participante do documentário, Ana Paula Balbino relata o diferencial da iniciativa. “Apesar do contato com o empreendedorismo anteriormente, sinto que não tinha um direcionamento ideal”, avalia. No trabalho como empreendedora, ela conta que se encantou com bonecas que mostrassem representatividade, principalmente as negras, e se dedicou a desenvolver os brinquedos personalizados.
“Antes do projeto, era uma Paula feirista, artesã, mãe, dona de casa, mas não empoderada. Sentia limitações devido aos relacionamentos pessoais, mas com todo o apoio do MEE, fui amparada, principalmente, pelo eixo de psicologia e consegui desenvolver o meu potencial.”
Sobre a participação na produção audiovisual, define: “sou grata pela oportunidade de contar minha história no documentário, pois sinto que, assim, posso inspirar outras pessoas a desenvolverem independência”.
Proprietária do ateliê GlauciArte, Gláucia Morato também narra a sua trajetória no empreendedorismo. Aposentada, ela decidiu empreender por escolha, mas reconhece as dificuldades das mulheres que empreendem por necessidade. “Hoje, graças a Deus, a mulher está muito valorizada, mas ainda é preciso ter atenção e cuidado com ela”, pontua acrescentando a relevância do tema ser abordado no documentário.
Documentário feito por estudantes

A execução do documentário mobilizou uma equipe composta por alunos da Estácio Juiz de Fora, que teve a oportunidade de aprender não só sobre a prática audiovisual, mas também com as histórias ouvidas.
“A maioria das mulheres exerce suas atividades em casa, espaço que, para algumas, foi sinônimo de dor e sofrimento, por terem passado por situações de constrangimento ou abuso por parte de familiares. A ideia do documentário nasceu da curiosidade e admiração por essas mulheres que resolveram empreender, justamente, onde antes carregavam lembranças difíceis”, reflete. “Trabalhar com a linguagem documental é, como costumo brincar, virar a chavinha da oratória e acionar a da ‘escutatória’. É o momento de ouvir com atenção, com presença, para conseguir se conectar profundamente com cada história”, define.
Para o estudante Carlos André, um dos responsáveis pelas filmagens, o que mais chamou a atenção durante as entrevistas foi que “mesmo com as diferenças existentes e visíveis nessas histórias, cada uma delas (entrevistadas) carrega dentro de si uma infância, uma pureza que somente elas poderiam ter passado”. O estudante acredita que, com o filme, “tornou-se um futuro jornalista com a visão menos turva, quando encara histórias tão individuais e aprende a ter outra visão acerca de contextos tão diferentes dos seus”.
Já Felipe Costa, diretor de fotografia e cinegrafia, afirma: “o processo de criação trouxe muitos aprendizados, e o projeto influenciou na minha trajetória como futuro jornalista, pois foi a minha primeira produção nessa modalidade”. O estudante analisa que as entrevistadas contaram suas histórias com sutileza e nostalgia, e enfatiza que se sentiram confortáveis para revelarem aspectos íntimos de suas vidas em decorrência do tato de fala dos estudantes.
A equipe de produção é formada por Carlos André Fernandes Matos, Felipe Leandro Ribeiro, Felipe Silva Costa, Henrique Albertoni Schmidt Pimenta, Gabriela Cândida Apolinário, Lara Kelly Ferreira e Kaio Victor Marques Pinheiro Weitzel. Além disso, o documentário será exibido dentro da mostra ‘Narrativas do real – histórias que transformam’, que reúne outras quatro produções com temáticas como juventude periférica, esporte adaptado, envelhecimento digno e voluntariado.
* Estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli
Serviço
Exibição do documentário “Reescrevendo minha história e ressignificando meu lar”
Data: 26 de junho
Horário: 19h
Local: Estácio Juiz de Fora (Avenida Presidente João Goulart, 600 – Cruzeiro do Sul)
Entrada franca
Classificação livre