Morte nas alturas


Por JÚLIO BLACK

23/09/2015 às 07h00- Atualizada 23/09/2015 às 11h13

Rob Hall (Jason Clarke) é o experiente guia pego por uma violenta tempestade junto a seus clientes

Rob Hall (Jason Clarke) é o experiente guia pego por uma violenta tempestade junto a seus clientes

Com seus 8.848 metros, o Monte Everest não é apenas a montanha mais alta do mundo, como também causa fascínio pelos perigos decorrentes em se tentar chegar até o seu cume, que fica na altitude de aviões de cruzeiro e onde um ser humano pode morrer rapidamente por causa do frio ou complicações decorrentes de ar rarefeito. E talvez seja “por estar lá”, como disse em 1924 o inglês George Mallory (e que morreu tentando chegar ao “topo do mundo”), que muitos tentem e poucos consigam realizar o feito – caso do neozelandês Edmund Percival Hillary, o primeiro a vencer o Everest, feito alcançado em 1953. E uma das histórias mais trágicas e dramáticas aconteceu em 1996, chegando nesta quinta-feira aos cinemas: “Evereste”, do islandês Baltasar Kormákur, relata as malfadadas expedições que terminaram com a morte de 12 pessoas em menos de dois dias na mais alta das montanhas do Himalaia, na fronteira entre o Nepal e o Tibete.

O filme é baseado em dois livros publicados por sobreviventes da tragédia, o jornalista americano Jon Krakauer e o alpinista russo Anatoli Boukreev, e mostra como uma das aventuras mais perigosas e imprevisíveis do mundo havia se banalizado, mesmo com uma taxa de mortalidade estimada de uma para cada quatro alpinistas. Após o neozelandês Rob Hall (Jason Clarke) criar uma empresa para levar turistas ao cume da montanha, diversas agências do tipo passaram a operar no Himalaia com o mesmo objetivo: levar gente comum, sem experiência com alpinismo, ao cume do Everest.

No dia 10 de maio de 1996, a empresa de Hall (Adventure Consultants) e a Mountain Madness, de Scott Fisher (Jake Gyllenhaal) prosseguem com a rotina de “mais um dia no escritório” e colocam diversos dos seus clientes (entre montanhistas experientes, carteiros e jornalistas) no topo da mais alta montanha do mundo, quando uma série de eventos isolados transforma a aventura em tragédia. Dois dias depois, uma dúzia de pessoas está morta, incluindo Hall e Fisher (cujo corpo continua no local, de acordo com desejo de sua família, e sempre é visto por quem sobe a montanha pela Face Sul).

De todos os imprevistos, o pior de todos foi uma violenta tempestade que se abateu sobre a montanha no meio daquela tarde de 10 de maio, que teve como ingredientes a mais a infecção intestinal de Scott Fisher, rádios com defeito e tanques de oxigênio vazios, entre outros problemas – além de se estar numa situação-limite em que, por mais que tenham passado por treinamento, as pessoas com pouca ou nenhuma experiência no alpinismo não estão acostumadas a experimentar. Com essa história em mãos, Kormákur vai desenhando o passo a passo dos trágico evento, apresentando os personagens, as dificuldades da escalada, o triunfo e a consequente tragédia, mostrando não apenas os dramas dos alpinistas como também de amigos e familiares pelo mundo.

Para rodar a produção, o diretor islandês chegou a gravar algumas cenas pouco acima do Campo Base do Everest, que fica a quase seis mil metros de altitude, mas boa parte do filme teve como locações os Alpes italianos – o que não impede que “Evereste” tenha cenas visualmente impactantes, tornando realista as sensações de frio, medo, desconforto e perigo pelos quais passaram as vítimas de uma das maiores fatalidades ocorridas no Everest – que, apesar de ser a mais alta montanha da Terra, não carrega o título de escalada mais perigosa: o título é disputado pelas montanhas K2 (a segunda mais alta do planeta) e Annapurna I – esta última escalada por menos de 200 pessoas até hoje, sendo que outras 60 morreram na tentativa.

EVERESTE

Estreia nesta

wquinta-feira

UCI 2 (3D/dub): 13h40 (sexta-feira a domingo) e 18h50 (exceto terça-feira). UCI 2 (3D): 16h15 (todos os dias), 21h25 (exceto terça-feira) e meia-noite (sexta-feira e sábado). Cinemais 1 (dub): 13h40, 16h10 (sábado e domingo), 15h (exceto sábado e domingo) e 18h50 (todos os dias). Cinemais 1: 21h20. Cinemais 4 (3D/dub): 16h30 e 21h50

Classificação: 12 anos

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