Projeto propõe empenas virtuais em Juiz de Fora

Moradores de Juiz de Fora estampam as laterais dos principais prédios da cidade; algumas intervenções já foram publicadas no Instagram @empenasvirtuais


Por Cecília Itaborahy, sob supervisão de Wendell Guiducci

22/03/2022 às 07h00

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Empena virtual sobre a lateral do Edifício Clube Juiz de Fora foi a primeira divulgada pelo projeto (Foto: Divulgação/@empenasvirtuais)

As empenas são intervenções, geralmente de grafite ou pintura, feitas em laterais de prédios dos grandes centros. São elas que quebram o cinza do concreto. Fazem olhar para cima ao invés de só olhar por onde anda. Juiz de Fora não tem esse tipo de arte urbana. Até que Antônio Henrique, que é professor de história no IF Sudeste, começou a pensar nessa falta. Fazer as empenas reais seria difícil, porque exige investimento. Mas, ainda assim, ele queria uma outra forma de fazer isso acontecer – pelo menos por enquanto – nas redes sociais. Viu, então, nos retratos de Rodrigo Soares a possibilidade de viabilizar essas intervenções. Com o projeto “Empenas virtuais”, uma série de rostos de moradores da cidade, entre anônimos e conhecidos, estampam os principais prédios de Juiz de Fora. Por enquanto, as imagens ocupam o Instagram @empenasvirtuais, mas a ideia é expandir o projeto.

Quando Antônio teve a ideia, Rodrigo estava em Florianópolis. Circulando pela cidade, ele passou a perceber, pessoalmente, quais as características das empenas. O fotógrafo explica que, por lá, a maioria das intervenções traz desenho ou, quando é uma pessoa, alguém histórico na cidade. Como gosta de fotografia documental, harmonizar o aspecto urbano com os retratos não seria difícil. A principal diferença da proposta deles é colocar uma diversidade de rostos pela cidade: humanizar as empenas e as ruas. “A gente percebeu que, a partir dessa ideia, conseguiria trazer também outros conceitos que percebia ser interessante, como humanizar a paisagem da cidade. Porque sempre que a gente pensa em uma cidade, tem como referência o concreto, os prédios. Quando você coloca rostos de pessoas, a gente entende como sendo uma forma de humanizar as paisagens”, diz Antônio. Rodrigo completa dizendo que elas, além disso, trariam uma atmosfera mais poética às ruas, que em sua opinião ainda falta em Juiz de Fora, com o excesso do concreto e do cinza.

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Rodrigo já tinha os retratos e, em um domingo, foi fotografar os pontos que achava interessantes para fazer a intervenção. O designer Samuel Corni se juntou ao projeto para fazer a manipulação das imagens. Colocar textura mesmo. Em preto e branco, é como se a cena fosse real, possível de acontecer. A pretensão, de acordo com eles, não é fazer essas empenas, mas incentivar que elas sejam feitas. “Não tem essa pretensão de fazer, mas de cutucar um pouco a galera que trabalha com arte, da cultura da cidade. Por que não pode mexer com isso?”, questiona o fotógrafo. A ideia é fazer o projeto ganhar as ruas de outra forma, com uma possível exposição. Impressas em uma tamanho grande, além das telas, para Rodrigo, a possibilidade seria ainda mais factível. Enquanto isso, aos poucos, elas ganham as telas virtuais. Até que virem realidade.

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