Gaab fala sobre novo projeto, legado familiar e desafios de manter identidade na música

Cantor reflete sobre carreira, processo criativo e a influência da família em sua trajetória


Por Mariana Souza*

18/07/2025 às 17h00

Gaab Divulgacao
Cantor compartilha desejo de fazer projeto no ramo do pagode (Foto:Divulgação)

Dono de uma voz suave e de uma sonoridade que transita entre pagode, R&B, pop e rap, Gaab é, hoje, um dos nomes mais versáteis da nova geração da música brasileira. Hits como “Tem café” e “Cuidado” ajudaram a consolidar sua carreira, marcada por números expressivos nas plataformas digitais e por colaborações com artistas de diferentes gêneros, como Marília Mendonça e Cynthia Luz.

Filho de Rodriguinho e sobrinho de Mr. Dan, o cantor também carrega no currículo o projeto O Legado, ao lado da família, e agora inicia um novo capítulo com o recém-gravado “Gaab acústico”, que traz participações de Jorge Vercillo, Maiara & Maraisa e MC Livinho.

Neste sábado (19), ele se apresenta no Soul Samba, na Privilège, a partir das 16h. Em entrevista à Tribuna, Gaab falou sobre o novo trabalho, o processo criativo, a influência familiar e os desafios de manter uma identidade artística própria.

Tribuna: Entre todas as músicas que você já compôs – para você e para outros artistas – qual é aquela que carrega uma história ou emoção tão forte que até hoje causa arrepio quando ouve?

Gaab: Acho que as músicas que mais mexem comigo são “Para” e “Vai passar”. “Para” já tem uma história especial, “Vai Passar” também, mas quando fizemos o medley no Legado, aquilo ganhou um significado ainda mais bonito para mim. Cantar com meu pai, ver o Lucas cantando com o pai dele… é uma música muito linda. Sou suspeito para falar, mas eu falaria dela.

Seu início como compositor foi muito precoce e já com grandes nomes gravando suas letras. Como você enxerga esse processo criativo hoje? O que mudou na sua forma de escrever com o tempo e as experiências?

É difícil explicar porque música vem do coração. Mas, com o tempo, a gente ganha mais maturidade. Hoje, quando quero passar um sentimento, sei exatamente o que dizer para chegar lá. Venho me aprimorando muito nisso. Eu componho quase todos os dias, trato como um treino, uma rotina mesmo. A repetição vai te tornando melhor, você vai encontrando mais caminhos. Antes eu escrevia mais por impulso; hoje entendo o profissionalismo e como isso toca o coração das pessoas. Tento ser o mais fiel possível a esse propósito.

Você tem uma trajetória de explorar diferentes gêneros – pagode, R&B, pop, funk, MPB. Existe algum gênero ou sonoridade que ainda não explorou e tem curiosidade de se jogar no futuro?

De um tempo para cá, venho ouvindo bastante Afrobeat. Amo tudo que vem desse ritmo, e sei que isso nasce na África. Tento juntar o Afrobeat com o funk brasileiro, com o pagode. Gosto de mesclar. Mas sinto que já me encontrei no pagode, funk, R&B e MPB. No fim, tudo isso é o meu pop. Claro que quero agregar novas coisas, mas dentro desses gêneros já existe muita diversidade para eu me aprimorar.

O Legado uniu três gerações da sua família em um projeto que celebra não só a música, mas a conexão de vocês com ela. O que esse trabalho ensinou sobre a sua própria identidade artística e sobre o que significa dar continuidade a um legado familiar?

O Legado me ensinou algo muito importante. Eu comecei minha carreira na GR6, um escritório de música urbana, principalmente funk, e explorei muito esse lado. Mas quando entrei no Legado, percebi e entendi a força que o pagode tem na minha família. Meu pai começou essa história, meu tio também mantém essa trajetória. Até hoje, sinto uma responsabilidade enorme de fazer algo voltado para o pagode. O Legado me mostrou que o pagode faz parte de quem eu sou e que dar continuidade a isso é essencial.

Com apenas 14 anos você já escrevia para grandes nomes, e hoje, aos 26, tem uma carreira consolidada e influência sobre novos artistas. Como é, para você, olhar para trás e perceber que já está deixando sua marca na música?

Eu fico muito feliz, mas também acho que ainda falta muito. Conhecendo a história do meu pai, do meu tio, do Thiaguinho – que é quase um tio para mim, muito próximo –, percebo que estou construindo algo legal, mas não cheguei onde quero. Isso é bom, porque não me deixa numa zona de conforto. Eu sigo criando, inovando, totalmente ativo. Consolidei algumas coisas, mas sinto que ainda tenho muito a fazer. Isso me move, me faz querer mais.

O “Gaab acústico” foi gravado no seu estúdio em casa, com um clima mais intimista e colaborações diversas. Como foi viver essa experiência tão próxima e pessoal? Esse formato mudou algo na sua relação com as próprias músicas?

Esse projeto teve um significado enorme na minha vida e carreira. Acho que muita gente sabia que eu tinha uma musicalidade, mas não conhecia minha relação com a música como músico. Cresci cercado por música com meu pai. A música urbana me abriu portas, mas agora sinto vontade de mostrar mais o meu lado músico, o Gaab artista. Quero trazer mais musicalidade, mais coisas ao vivo. Estamos numa era digital, mas quero ir no caminho contrário, com sons analógicos, tocados. Esse é o meu momento.

No show deste sábado, o público vai encontrar o Gaab de hoje, depois desse mergulho no acústico. O que esse momento da sua carreira tem de mais especial para você? Qual é a mensagem que quer deixar no palco?

Depois desse mergulho, meu show mudou bastante. Hoje trago banda, músicos no palco. Sempre andei com DJ, com beats, mas agora quero essa outra energia. Isso representa muito o momento e o lugar aonde quero chegar. Para Minas, quero deixar claro o quanto amo esse estado – desde a comida até as pessoas. Quero retribuir esse carinho no palco, cantando e sentindo esse amor junto com vocês. Podem esperar muito mais do que já viram. E, claro, Tem Café não vai faltar – deixo ela para o final, para ser um momento ainda mais especial.

*Estagiária sob a supervisão da editora Gracielle Nocelli

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