Com juiz-forana no elenco, premiado ‘O rinoceronte’ fica em exibição n’OAndardeBaixo
Evento, que faz parte da 18ª Campanha de Popularização Teatro & Dança, irá até o próximo domingo
Uma cidade comum e pacata tem o cotidiano alterado completamente com o repentino aparecimento de um rinoceronte de origem desconhecida. Esse é o fator motivador de diversos desdobramentos no espetáculo “O rinoceronte”, apresentado pelo Contágio Coletivo n’OAndardeBaixo (Rua Marechal Floriano Peixoto 37, Centro) a partir desta quinta-feira (16), às 20h30. O premiado espetáculo chega a Juiz de Fora trazido pela 18ª Campanha de Popularização Teatro & Dança após seis temporadas de sucesso no Rio de Janeiro (RJ).

O Contágio Coletivo é baseado na capital carioca e traz 16 atores de diversos estados brasileiros para a apresentação do espetáculo, contando, na trupe, com uma atriz juiz-forana: Priscila Helena. As quatro sessões no Centro da cidade serão as primeiras do grupo fora do Rio de Janeiro, motivo de festa para o coletivo. “Nós comemoramos o fato de fazer essa viagem sem contar com nenhum apoio financeiro ou institucional de órgãos públicos ou privados (do Rio)”, conta Ricardo Santos, diretor da peça e idealizador do projeto. “Mesmo com indicações a prêmios, não fomos contemplados em nenhum espaço de teatro do Rio, seja da Prefeitura ou do Estado do Rio. Essas seis temporadas anteriores foram construídas através da vontade de fazer”, destaca o resiliente diretor.
Em vias de completar um ano em cartaz, o espetáculo conquistou seis espaços alternativos em solo carioca para levar teatro do absurdo para públicos diversos e sem cobrar entrada, contando com a colaboração espontânea de quem prestigia. O sucesso rendeu, ao grupo, indicação ao Prêmio Shell de Teatro, como melhor direção, e posição de destaque em edição especial do jornal “O Globo” como uma das melhores peças exibidas no Rio de Janeiro.

Em Juiz de Fora, o texto escrito pelo romeno radicado na França Eugène Ionesco em 1959 toma forma no mesmo viés de popularização dos palcos nos quais foi encenados nos subúrbios cariocas. “Qualquer possibilidade de popularizar, de dar acesso, é muito importante para a gente. Pela própria natureza, ‘O rinoceronte’ pratica isso o tempo inteiro”, analisa Ricardo.
‘Um soco no estômago’
Atriz há 15 anos, Priscila Helena é a única juiz-forana no elenco do espetáculo. Para a atriz, além da pegada popular do grupo, a peça coloca sob a luz questões do cotidiano atual. “‘O rinoceronte’ é um texto extremamente atual. Quando fomos fazer a primeira leitura, nos deparamos com um texto muito social e muito político, com questões importantíssimas, principalmente para serem retratadas hoje em dia”, afirma Priscila. “Para mim, ‘O rinoceronte’ é um soco no estômago, por colocar lupa em uma situação que vivemos cotidianamente”, assegura.

A atriz já participou da Campanha de Popularização do Teatro & Dança em outras oportunidades, mas esta é a primeira vez que subirá ao palco com um espetáculo de outra cidade. “Trazer o coletivo para Juiz de Fora, que é a cidade onde eu comecei a fazer teatro, é inacreditável. A campanha é um evento necessário e que tem que acontecer mesmo com todos os perrengues que a organização passa pela falta de verba e incentivo”, destaca Priscila, sem deixar de ressaltar a importância do diálogo sobre a cultura. “De alguma forma, nós quebramos a bolha que existe na cultura. Na equipe, são pessoas de regiões periféricas, que não estão inseridas no mercado. É um trabalho de resistência, que surgiu da reunião da energia desse coletivo que é grande, forte, potente e, acima de tudo, quer fazer arte. E não quer parar.”
‘O rinoceronte’
Até 19 de janeiro, às 19h, no Espaço OAndarDeBaixo (Rua Floriano Peixoto 37 – Centro).