Intelectuais do paĆs entrevistam Edimilson de Almeida Pereira
Convidados pela Tribuna, escritores, professores, pesquisadores e crĆticos fazem perguntas ao poeta juiz-forano
Em que momento vocĆŖ descobriu a poesia? Era crianƧa, foi com alguĆ©m ou alguma leitura? Escrever seus prĆ³prios versos veio na sequĆŖncia? Foi logo ou demorou?
JosƩlia Aguiar
Jornalista e mestre em HistĆ³ria pela Universidade de SĆ£o Paulo (USP), trabalhou na Folha de S. Paulo e foi curadora da Festa LiterĆ”ria Internacional de Paraty (Flip) nas ediƧƵes de 2017 e 2018. Ć autora de “Jorge Amado: Uma biografia”, vencedor do Jabuti de melhor biografia em 2019. Ć diretora da Biblioteca MĆ”rio de Andrade, em SĆ£o Paulo.
Edimilson de Almeida Pereira: Tive a sorte de vivenciar essa descoberta antes de aprender a escrever. Nasci no antigo Bairro Benjamin Meggiolaro habitado na dĆ©cada de 1960 por pessoas oriundas do meio rural. Nesse lugar, situado entre cidade e campo, conheci os ritmos dos pregƵes, dos cantos sagrados, das conversas nos portƵes e dos sons do rĆ”dio que atravessavam as janelas. O trato com a palavra nesse ambiente transcendia o seu valor pragmĆ”tico e revelava, muitas vezes, um jogo de imagens e sentidos inesperados, que nos apontavam uma outra ordem de realidade. O ingresso na escola me apresentou, no segundo ano, a poesia de CecĆlia Meireles e depois o universo da poesia escrita. Devo Ć s minhas professoras do ensino fundamental o estĆmulo para ler e escrever. Escrevo desde cedo – por causa delas – como um ato que me exige aplicaĆ§Ć£o, Ć©tica, humildade e tambĆ©m contentamento.
“Devo Ć s minhas professoras do ensino fundamental o estĆmulo para ler e escrever. Escrevo desde cedo – por causa delas – como um ato que me exige aplicaĆ§Ć£o, Ć©tica, humildade e tambĆ©m contentamento”
Edimilson de Almeida Pereira
De que maneira a escrita para as crianƧas dialoga poĆ©tica e filosoficamente com sua criaĆ§Ć£o?
Roger Mello
Ilustrador e autor de livros infantis, recebeu da FundaĆ§Ć£o Nacional do Livro Infantil e Juvenil os prĆŖmios Malba Tahan, LuĆs Jardim, OfĆ©lia Fontes, Melhor IlustraĆ§Ć£o e 15 prĆŖmios Altamente RecomendĆ”vel, o que o tornou hors-concours para as premiaƧƵes da instituiĆ§Ć£o. Em 2014, ganhou o PrĆŖmio Hans Christian Andersen, o mais importante prĆŖmio infantojuvenil do mundo. Dentre seus tĆtulos estĆ£o “InĆŖs”, “Meninos do mangue” e “A flor do lado de lĆ””.
Edimilson de Almeida Pereira: A relaĆ§Ć£o entre experimentaĆ§Ć£o estĆ©tica e consciĆŖncia crĆtica da histĆ³ria, numa perspectiva poĆ©tica, e a percepĆ§Ć£o da escrita como um processo de reflexĆ£o sobre o sujeito e o mundo, numa perspectiva filosĆ³fica, sĆ£o princĆpios que norteiam minha escrita. A distinĆ§Ć£o entre a escrita para crianƧas e adultos Ć© um recurso didĆ”tico, que funciona como um roteiro de leitura. PorĆ©m, em sua gĆŖnese, o modo como escrevo busca um ser humano que, ciente de suas fraturas, se guia pela vontade de viver com justiƧa e liberdade, numa sociedade concreta, no tempo presente.
Sua poesia parece mover-se entre dois polos apenas aparentemente opostos: a produĆ§Ć£o de pensamento e a resistĆŖncia ao sentido. Recentemente, esses polos se manifestaram explicitamente na forma privilegiada do enigma, mais notadamente em seu livro ‘”E”. AlĆ©m disso, seus poemas parecem torcer o legado de mĆŗltiplas tradiƧƵes, originadas em diferentes temporalidades e culturas (coisa notada pelo crĆtico Gustavo Silveira, principalmente em seu livro “Qvasi”. A poesia pra vocĆŖ Ć© uma espĆ©cie de distorĆ§Ć£o do pensamento e da histĆ³ria?
Rafael Zacca
Poeta, crĆtico e oficineiro, Rafael Ć© doutor em Filosofia pela PUC-Rio, professor do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Museu de Arte do Rio (MAR). Ć autor de “Mega Mao” (Editora Caju) e “A estreita artĆ©ria das coisas” (Editora Garupa) e colabora com o site Escamandro.
Edimilson de Almeida Pereira: Eu nĆ£o diria que se trata de uma distorĆ§Ć£o do pensamento e da histĆ³ria, mas de um esforƧo para apreendĆŖ-los a partir de perspectivas pouco consideradas em nossas relaƧƵes concretas. Isso implica em entender o pensamento e a histĆ³ria tambĆ©m como formas narrativas, que podemos articular segundo pontos de vista que nĆ£o estĆ£o no centro da esfera pĆŗblica ou das grandes corporaƧƵes midiĆ”ticas. O desafio consiste em reconhecer nesses pontos de vista as muitas maneiras de ser que nos tornam humanos. Por isso, penso a experiĆŖncia poĆ©tica como um exercĆcio de desdobramento, atravĆ©s do qual o Eu se dispersa para aprender com o Outro o significado das mĆŗltiplas tradiƧƵes culturais. Em funĆ§Ć£o disso, “a resistĆŖncia ao sentido” em minha poĆ©tica se refere Ć quela noĆ§Ć£o de sentido que exclui a pluralidade, ao mesmo tempo em que aposta numa percepĆ§Ć£o de “sentido” como abertura e respeito Ć diversidade que justifica nossa permanĆŖncia no tempo histĆ³rico.
Sua poesia e seu trabalho crĆtico-teĆ³rico tĆŖm uma forte relaĆ§Ć£o com a complexidade histĆ³rica do Brasil, lida de maneira relevantemente paradoxal. Em busca de um posicionamento inclusivo, de uma justiƧa por vir, hĆ” uma Ć©tica da escrita, uma polĆtica da poesia, uma resistĆŖncia pela poesia. Poderia falar um pouco sobre isso?
Alberto Pucheu
Poeta, ensaĆsta, professor de Teoria LiterĆ”ria da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ć© autor do livro de ensaios “Pelo colorido, para alĆ©m do cinzento; a literatura e seus entornos interventivos”, que recebeu o PrĆŖmio MĆ”rio de Andrade de Ensaio LiterĆ”rio, da FundaĆ§Ć£o Biblioteca Nacional. Considerado um dos principais pesquisadores da produĆ§Ć£o atual, publicou, dentre dezenas de outros tĆtulos, “Que poesia Ć© essa – poesia?”, em 2018, e os poemas “Para que poetas em tempos de terrorismo?”, de 2017.
Edimilson de Almeida Pereira: HĆ” muito nĆ£o separo minha “relaĆ§Ć£o com a complexidade histĆ³rica do Brasil” de “uma Ć©tica da escrita”. Para mim, o fato de vivermos numa sociedade marcada pela violĆŖncia e pela desigualdade amplia a responsabilidade de quem faz da escrita, e da poesia em particular, um dos seus modos de interaĆ§Ć£o com o mundo. Por isso, escrever com pertinĆŖncia para denunciar os horrores da sociedade Ć© uma contrapartida do escrever com pertinĆŖncia para realƧar o que hĆ” de digno e justo nessa mesma sociedade. Os lugares que geramos na escrita nĆ£o sĆ£o os lugares da realidade; eles adquirem uma certa autonomia por se organizarem como forma de linguagem. PorĆ©m, nunca Ć© demais lembrar, a linguagem se concretiza no Ć¢mbito da realidade e sofre os tremores que a abalam sistematicamente. Ć no choque entre a autonomia da linguagem e o seu vĆnculo com a realidade histĆ³rica que se detĆ©m a minha consciĆŖncia crĆtica. Confrontado com um Brasil real, costurado sobre ruĆnas (de corpos destruĆdos pelo Estado e de sonhos adiados pela assimetria das classes sociais), creio que uma defesa da poesia implica na articulaĆ§Ć£o de uma linguagem solar, que ilumina os meandros das ruĆnas e, ao mesmo tempo, soma-se aos esforƧos das pessoas que nĆ£o se conformam com o ideĆ”rio de uma sociedade regida pela lĆ³gica da destruiĆ§Ć£o. Nesse sentido, a Ć©tica da escrita se ampara em relaƧƵes de solidariedade, que tornam a voz do poeta – reconhecida em sua especificidade – um grĆ£o entre outras vozes, muitas vozes, enfim, interessadas na defesa da vida.
“Para mim, o fato de vivermos numa sociedade marcada pela violĆŖncia e pela desigualdade amplia a responsabilidade de quem faz da escrita, e da poesia em particular, um dos seus modos de interaĆ§Ć£o com o mundo. Por isso, escrever com pertinĆŖncia para denunciar os horrores da sociedade Ć© uma contrapartida do escrever com pertinĆŖncia para realƧar o que hĆ” de digno e justo nessa mesma sociedade”
Em que medida a heranƧa da “literatura negra ocidental” repercute em sua poesia?
Eduardo de Assis Duarte
Doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade de SĆ£o Paulo (USP) e professor aposentado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mantĆ©m-se colaborando com a instituiĆ§Ć£o no Programa de PĆ³s-graduaĆ§Ć£o em Letras, coordenando o grupo de pesquisa “AfrodescendĆŖncias na Literatura Brasileira” e o “Literafro”, portal da Literatura Afro-brasileira, com bibliografias, crĆticas e excertos de mais de 100 autores. Ć autor de mais de 20 tĆtulos, dentre eles “Literatura Afro-brasileira: 100 autores do sĆ©culo XVIII ao XXI” (Editora Pallas)
Edimilson de Almeida Pereira: Sob essa expressĆ£o se desdobra um universo estĆ©tico, histĆ³rico, polĆtico, econĆ“mico e social muito complexo. Escrever sem levĆ”-lo em conta Ć©, para mim, algo inviĆ”vel. Como negar a heranƧa atroz do trĆ”fico de pessoas negras escravizadas? Mas, tambĆ©m, como nĆ£o reconhecer a influĆŖncia civilizatĆ³ria das culturas negras no ocidente? Ć medida que conhecemos esse viĆ©s literĆ”rio, suas vozes, seus temas, percebemos o quanto da riqueza de uma sociedade depende de sua capacidade de conviver com outras sociedades. Autores como ConceiĆ§Ć£o Evaristo, Toni Morrison, Ana Paula Tavares, AimĆ© CĆ©saire, Derek Walcott e Ćdouard Glissant, apenas para citar alguns nomes, desenham um movimento literĆ”rio cujos elementos transnacionais remetem a uma compreensĆ£o do humano segundo o ponto de vista de quem foi e ainda Ć© sistematicamente desumanizado. Na medida de minhas possibilidades, procuro me inserir nessa heranƧa da “literatura negra ocidental”, tanto quanto em outras, com perspectivas estĆ©ticas e histĆ³ricas desvinculadas da afrodiĆ”spora.
Quando falamos de temas da diĆ”spora, tendemos a focar no(s) tempo(s) passado(s) enquanto na sua poesia os mĆŗltiplos acenos sĆ£o para o contemporĆ¢neo. VocĆŖ parece ir ao passado para realocar o presente. Localizando-se em e entre Brasil, Ćfrica, Europa e AmĆ©ricas, a sua poesia traz vozes e discursos de poetas e artistas de diferentes lugares e Ć©pocas que entram numa espĆ©cie de conversa com vocĆŖ e terminam por abalar qualquer noĆ§Ć£o de tradiĆ§Ć£o poĆ©tica, transbordando em um desafio com a poesia em si. VocĆŖ acha possĆvel e/ou necessĆ”rio reinventar ou recuperar uma tradiĆ§Ć£o que a prĆ³pria diĆ”spora em si guardaria/forjaria?
Milena Britto
Professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, possui pĆ³s-doutorado pela University Of California at Berkley, investigando relaƧƵes de gĆŖnero, crĆtica literĆ”ria, literatura de autoria feminina, literatura latina contemporĆ¢nea e identidades latino-americanas. Ć autora de “Leituras possĆveis nas frestas do cotidiano”.
Edimilson de Almeida Pereira: Segundo um princĆpio da filosofia Sankofa, devemos olhar o passado para compreendermos que suas perdas e ganhos sĆ£o Ćndices para mergulharmos no futuro. Esse Ć© um aspecto importante das culturas africanas, que permeia as culturas afrodiaspĆ³ricas. Falamos pouco sobre esse aspecto. Queremos estar vivos no presente e no futuro, sem que isso implique numa diminuiĆ§Ć£o do significado do passado. Em certa medida, minha escrita sonha e luta pelo agora. HĆ” muitas autoras e autores, afrodiaspĆ³ricos ou nĆ£o, que seguem por essa trilha. Dialogar com eles em textos teĆ³ricos e de criaĆ§Ć£o evidencia a possibilidade de se configurar noƧƵes de tradiĆ§Ć£o poĆ©tica em movimento. Ou seja, o sentido de tradiĆ§Ć£o se revela dinĆ¢mico e, na medida que movemos suas peƧas, o contemporĆ¢neo se organiza atravĆ©s dele. De modo objetivo, quando dialogo com Dylan Thomas e LĆ©opold SĆ©dar Senghor, poetas de territĆ³rios distintos, aprendo com eles a formulaĆ§Ć£o do verso como uma galĆ”xia de sentidos. A revelaĆ§Ć£o de um sentido explode o outro, sucessivamente, criando uma atmosfera de contentamento e agonia, delicadeza e violĆŖncia – traƧos, enfim, que nos revelam humanos mesmo quando parecemos distantes dessa condiĆ§Ć£o. Em vista disso, a tradiĆ§Ć£o da diĆ”spora – relacionada ao exĆlio e Ć fragmentaĆ§Ć£o – traz em si mesma o estĆmulo Ć reinvenĆ§Ć£o; ela Ć©, por forƧa das imposiƧƵes histĆ³rico-sociais, um renascimento contĆnuo, uma recusa Ć s polĆticas de morte que violam os direitos das populaƧƵes menos favorecidas. Os fundamentos das culturas afrodiaspĆ³ricas, para alĆ©m de sua face de crĆtica social, apontam para um acervo cultural dinĆ¢mico, que supera as fronteiras do paĆses e se exprime em todos os campos do conhecimento.
“A tradiĆ§Ć£o da diĆ”spora – relacionada ao exĆlio e Ć fragmentaĆ§Ć£o – traz em si mesma o estĆmulo Ć reinvenĆ§Ć£o; ela Ć©, por forƧa das imposiƧƵes histĆ³rico-sociais, um renascimento contĆnuo, uma recusa Ć s polĆticas de morte que violam os direitos das populaƧƵes menos favorecidas. Os fundamentos das culturas afrodiaspĆ³ricas, para alĆ©m de sua face de crĆtica social, apontam para um acervo cultural dinĆ¢mico, que supera as fronteiras do paĆses e se exprime em todos os campos do conhecimento”
Edimilson de Almeida Pereira
Ć muito notĆ”vel que vocĆŖ escreve livros que vĆ£o se retomando ao longo dos anos, formando verdadeiros grupos ou constelaƧƵes temĆ”ticas e estĆ©ticas, em vez de simplesmente seguir em frente numa linha reta. VocĆŖ poderia explicar um pouco como pensa essas continuidades?
Guilherme Gontijo Flores
Poeta, Ć© doutor em Letras (Letras ClĆ”ssicas) pela Universidade de SĆ£o Paulo (USP), Ć© professor de latim da Universidade Federal do ParanĆ”. Tradutor de, entre outros, “A anatomia da melancolia”, de Robert Burton, com o qual venceu o prĆŖmio Jabuti de 2014 na categoria traduĆ§Ć£o e, tambĆ©m, o APCA do mesmo ano. Em 2017 tambĆ©m voltou a ganhar o APCA com a traduĆ§Ć£o de “Fragmentos Completos”, de Safo. Este ano publicou seu primeiro romance, “HistĆ³ria de Joia” (Editora Todavia).
Edimilson de Almeida Pereira: Essas continuidades sĆ£o intencionais. Diante da impossibilidade de dizer tudo sobre os acontecimentos e as sensaƧƵes, mas diante da necessidade de compreendĆŖ-los, persigo uma poĆ©tica em que os elementos sĆ£o deslocados de suas posiƧƵes e reagrupados constantemente. Por isso, os temas enunciados numa obra sĆ£o retomados, sob perspectivas diferentes, em outras. Esse procedimento exige o aprendizado do enraizamento e da mudanƧa, a permanente autocrĆtica da obra e o desprendimento dos valores que forjam identidades fechadas e excludentes.
“Poesia +” Ć© sua terceira antologia poĆ©tica (considerando o “Corpo vivido” e a sua “Obra reunida”), que tenta, de certo modo, abarcar a produĆ§Ć£o dos Ćŗltimos 30 anos. AlĆ©m dos poemas inĆ©ditos, o que diferencia esse volume que sai agora dos outros anteriores? Fora isso, Ć© tambĆ©m um livro que sai por uma grande editora, algo do qual vocĆŖ esteve afastado nos Ćŗltimos anos (atĆ© o Qvasi, que saiu tambĆ©m pela 34). Pensando nas implicaƧƵes polĆticas de sua poesia, qual a importĆ¢ncia de estar em um circuito comercial no momento presente?
OtƔvio Campos
Doutorando em Estudos LiterĆ”rios pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ć© poeta e editor, fundador da Macondo EdiƧƵes. Publicou os livros “DistĆ¢ncia” (2013), “Os peixes sĆ£o tristes nas fotografias” (2016), “Outros tipos de disparos” (2016) e “Ao jeito dos bichos caƧados” (2017).
Edimilson de Almeida Pereira: A presente antologia apresenta vĆ”rias diferenƧas em relaĆ§Ć£o Ć s anteriores. AlĆ©m dos inĆ©ditos, o ponto relevante Ć© o processo de montagem que a norteou. Os textos que tiveram motivaƧƵes distintas, quando editados em livros individuais, foram aproximados, gerando um novo ambiente de significaĆ§Ć£o. Poemas do inĆcio dos anos 1980, por exemplo, dialogam com outros, recentes, em sessƵes criadas especificamente para identificĆ”-los. A antologia, por conta disso, Ć© um livro novo, no qual a atenĆ§Ć£o ao valor estĆ©tico da palavra se apresenta como uma condiĆ§Ć£o para a sua desejada eficĆ”cia polĆtica. A destruiĆ§Ć£o dessa relaĆ§Ć£o tem sido usada, nos dias de hoje, como uma estratĆ©gia que embrutece as pessoas e inviabiliza a criaĆ§Ć£o de pontes para o entendimento. Em “Poesia +” percebe-se a histĆ³ria em diĆ”logo com a literatura. Espera-se que mediante esse traƧo, num circuito maior de leitores e leitoras, seja possĆvel nĆ£o perder de vista o fato de que somente em estado de liberdade, com responsabilidade em relaĆ§Ć£o ao nossos pensamentos e aƧƵes, podemos nos considerar como sujeitos plenos.
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