O panorama religioso no Brasil após o Censo 2022
“A convivência entre diferentes crenças exigirá do Estado e da sociedade um compromisso maior com a liberdade religiosa”
O Brasil, historicamente reconhecido como a maior nação católica do mundo, vivencia uma transformação significativa em seu panorama religioso. Dados do Censo 2022, do IBGE, mostram um cenário marcado pela diversidade, pelo declínio do catolicismo e pelo crescimento de outras expressões religiosas e não religiosas.
Atualmente, os católicos representam 56,7% da população. Por outro lado, os evangélicos cresceram para 26,9%. O grupo dos “sem religião” também aumentou, passando para 9,3%. Outras tradições, como religiões de matriz africana, espiritismo, budismo e islamismo, compõem o cenário religioso brasileiro, refletindo sua pluralidade.
As projeções indicam que o catolicismo continuará em queda, especialmente entre os jovens e nas grandes cidades. Fatores como secularização, dificuldade de adaptação às questões contemporâneas e concorrência com religiões mais dinâmicas explicam essa retração. Mantido esse ritmo, especialistas projetam que entre 2040 e 2045, os evangélicos poderão ultrapassar os católicos, transformando o perfil religioso do país.
O aumento dos que se declaram “sem religião” também merece destaque. Este grupo, muitas vezes composto por pessoas que mantêm uma espiritualidade não institucionalizada, cresce principalmente entre os jovens urbanos, revelando uma tendência de desinstitucionalização da fé.
Paralelamente, as religiões de matriz africana ganham espaço e reconhecimento, impulsionadas por movimentos de combate à intolerância e de valorização da cultura afro-brasileira. Diante desse contexto, o Brasil caminha para um cenário religioso mais plural e complexo. A convivência entre diferentes crenças exigirá do Estado e da sociedade um compromisso maior com a liberdade religiosa, o combate à intolerância e o fortalecimento do diálogo inter-religioso.
Em síntese, o Censo 2022 revela não apenas a atual configuração religiosa do país, mas também sinaliza um futuro marcado pela diversidade e pela superação do modelo de religiosidade hegemônica. O avanço dos evangélicos e dos “sem religião” indica que o catolicismo poderá deixar de ser majoritário nas próximas décadas, desafiando a sociedade brasileira a repensar o papel da religião em um mundo em constante transformação.
Os dados de JF não são muito diferentes daqueles do cenário nacional, e embora ainda que haja predominância católica, a mesma tem decaído com relação aos últimos censos. Os que se declaram católicos somam 56.80%, e evangélicos 25.30%. A cidade apresenta o maior percentual de espíritas da região, com 5,29% da população. Da mesma forma que a tendência nacional, o grupo “sem religião” cresce, especialmente entre os mais jovens, e na cidade alcança um percentual 7,72%. Também é notável que o número de praticantes de religiões de matriz africana não reflete à realidade, sendo historicamente subnotificado. As principais razões são a perseguição e o preconceito religioso que sofrem seus adeptos, que na cidade aparece com 1,18% da população apenas. A categoria “outras religiosidades” que engloba toda uma diversidade religiosa soma 3,62% dos entrevistados no município.
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