Ah, como ele é bandido

Criminoso interpretado por Johnny Depp aproveitou sua condição de informante do FBI para tomar o controle de todo o crime na região de Boston (Divulgação)
Até ser preso em 22 de junho de 2011 na cidade de Santa Monica, na Califórnia, James Joseph “Whitey” Bulger teve seus quase 82 anos de vida mais que agitados: criminoso, informante do FBI, irmão de senador, traficante, assassino, envolvido com jogatina, apoiador do IRA (Exército Republicano Irlandês), chefão do crime de Boston. Típica história que renderia um filme, que chega aos cinemas nesta quinta-feira com o título de “Aliança do crime” e direção de Scott Cooper. A produção é estrelada por um Johnny Depp irreconhecível graças à prótese que lhe confere uma calvície acentuada, os poucos cabelos loiros, os olhos com lentes de contato azuis e dentes detonados, numa atuação que a crítica acredita que dará ao ator sua quarta indicação ao Oscar. Nada mal para quem, ultimamente, vinha acumulando fracassos de crítica e público, com atuações pouco inspiradas em filmes como “O Cavaleiro solitário”, “Transcendence – A revolução” e “Mortdecai”.
Conhecido por interpretar personagens que trafegam entre o excêntrico, o bizarro e o gótico – como já visto em “Edward Mãos de Tesoura” e “Ed Wood”, entre outros -, Johnny Depp, do alto dos seus 52 anos, fornece a “Whitey” Bulger a maldade e a disciplina necessárias para se tornar o chefão do crime organizado na região de Boston. A história, por si só, mostra como uma agência do porte do FBI pode criar um monstro ainda maior para matar outro menor – da mesma forma que, no Afeganistão, o governo dos Estados Unidos deu todas as bases para a criação do Talibã somente para derrotar a antiga União Soviética.
Bulger era um dos integrantes da gangue de Winter Hill – grupo de mafiosos irlandeses que comandava o crime no Sul de Boston – no início da década de 70, apesar de ser irmão de um dos mais conhecidos senadores do estado de Massachusetts, William “Billy” Bulger (Benedict Cumberbach), que chegou a presidir a Casa e também foi presidente da Universidade de Massachusetts. Como todo gângster, ele não tem pena de passar fogo nos inimigos e é um dos mais conhecidos e temidos criminosos da região.
Um amigo de infância, o agente do FBI John Connolly (Joel Edgerton), convence seu chefe na agência (Kevin Bacon) a oferecer a Bulger a condição de informante com o objetivo de acabar com a máfia italiana na região. Proposta aceita, o FBI, sem saber, acaba por fazer o “trabalho sujo” de “Whitey” Bulger, que aproveita a decadência da concorrência e as prisões de seus antigos companheiros para assumir o controle de todas as atividades criminosas em Boston, eliminando os inimigos ele mesmo quando necessário. Apesar de ter seu nome envolvido em todo tipo de atividade ilegal e criminosa (assassinatos, terrorismo, jogo ilegal, tráfico de drogas e o que mais aparecesse), ele permanecia sem riscos de voltar para a prisão (ele chegou a cumprir pena entre os anos 50 e 60) graças à leniência do FBI e à amizade com Connolly.
Além da reprodução do clima e visual da Boston dos anos 70 e 80, “Aliança do crime” vem ganhando elogios da crítica graças ao trabalho dos atores, em especial Johnny Depp, que, curiosamente, declarou na pré-estreia do filme não ter o menor interesse em ganhar uma estatueta do Oscar. Ao ser entrevistado pela BBC, ele chegou a afirmar não querer jamais ser agraciado com o Careca Dourado, pois ser premiado é a indicação de que se está “competindo com alguém”.
ALIANÇA DO CRIME
UCI 5 (dub): 13h30 (exceto quarta-feira) e 18h40 (todos os dias). UCI 5: 16h05 (exceto quarta-feira) e 21h15 (todos os dias) e 23h50 (sexta-feira e sábado). Cinemais 1 (dub): 14h40 e 19h20. Cinemais 1: 17h e 21h50. Classificação: 16 anos
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