Feira ‘É daqui’ comemora 7 anos sendo pioneira em produtos sem glúten
Aniversário da feira “É daqui” conta com edição especial na sexta-feira, no coração da cidade
A feira “É Daqui” completa 7 anos de existência, bem no coração de Juiz de Fora, no Parque Halfeld. Com itens de panificação, verduras orgânicas, alimentos veganos e cosméticos naturais, esta é a primeira feira sem glúten da América Latina. Para celebrar uma história de pioneirismo e inclusão, será realizada uma edição especial na próxima sexta-feira (13), com show ao vivo e sorteio de uma cesta de produtos especiais.
Atualmente, são doze produtores que trazem a diversidade de opções para o público e buscam incluir o maior número possível de pessoas nesse universo, entendendo os diferentes tipos de restrição, alergias e, também, escolhas alimentares. Toda sexta-feira é possível encontrá-los no Parque Halfeld, das 9h às 14h. Nas terças-feiras, parte dos feirantes participa da feira na Rua Mister Moore, também no Centro, no mesmo horário.
Para além de incentivar o comércio local e conseguir um espaço para economias familiares, a presidente da feira “É Daqui”, Natalia Martins Pianta, que também trabalha na barraca do Sítio Estrela de David, acredita que o segredo é ter um propósito. “Temos a missão da alimentação inclusiva. Há muitas pessoas com problemas de saúde, celíacos, com restrição de açúcar e lactose, que procuram alimentos orgânicos e naturais, produzidos sem agrotóxicos. É um público muito grande, mas que encontrava uma oferta muito pequena.”
Compreendendo a importância de atender esse público, a feira foi criada e passou a reunir mais pessoas com o tempo. Estar no Centro fez com que as possibilidades fossem ampliadas. “Muita gente em Juiz de Fora tem essa necessidade, mas não sabe da nossa existência. Descobrem quando passam pela gente (…) Nós conseguimos agregar diversas pessoas, cada uma com seus problemas de saúde, escolhas e curiosidade para saber como funciona uma alimentação mais saudável e natural”, diz ela.
Para isso, a feira também investiu em trazer os produtos em primeira mão, vendidos diretamente pelos produtores, o que possibilitaria mais poder de consumo para o público. “Muitos lugares que oferecem esses produtos têm preços altíssimos, porque a maioria são atravessadores ou revendedores. A nossa feira é diferente. Temos clientes que nos acompanham há muitos anos, são fiéis e acreditam na relevância do nosso trabalho. Isso é muito importante pra gente”, continua. Ela percebe que a presença da feira incentiva mais pessoas a conhecerem os produtos e provar as iguarias, como licores e queijos especiais, que são vendidos.
Essa também é a percepção de Gabriel Marcato, feirante e um dos donos da panificadora Sabores de Mãe. Por trabalhar com produtos que são muito procurados pelos celíacos (pessoas que têm intolerância ao glúten), ele entende que a presença da feira pode fazer a diferença. “Tem gente que tem esses problemas de restrição, mas não tem condições financeiras para lidar com isso. A importância da feira é, justamente, essa, oferecer saúde e uma boa qualidade de vida a preços mais populares”, diz. Percebendo que o público com restrições alimentares passou a buscar o espaço como alternativa para ter onde se alimentar fora de casa, ele conta que também procurou diversificar os produtos.
Empatia e inclusão por meio dos alimentos
Gabriel destaca os desafios enfrentados por pessoas que convivem com algum tipo de restrição alimentar, como a intolerância ao glúten, para se alimentarem fora de casa. Há riscos, por exemplo, da contaminação cruzada, que acontece quando os alimentos sem glúten têm contato com utensílios ou superfícies que tiveram contato com a proteína do trigo, seja por falta de higiene ou pela produção de outros alimentos. Esse tipo de problema é algo que a feira, por ser totalmente voltada para o público, consegue evitar.
A demanda por uma alimentação segura e saudável, para muitos deles, parte da compreensão sobre essas dificuldades, além da noção de mercado. É o que aconteceu com Tatiane Gonçalves Neto, da barraca Saudável Sabor Fit, uma das mais antigas da feira “É daqui”. “Comecei a fazer produtos porque minha filha ficou diabética aos 6 anos. Eu trabalhava na área de finanças e fiquei desempregada. Com esse problema familiar, e como eu já gostava de cozinhar para ela, comecei a fazer comidas sem açúcar”, explica. A partir dessa experiência, Tatiane se especializou na produção de alimentos sem glúten.
Durante a infância da filha, que atualmente já tem 16 anos, ela entendeu bem os desafios. “Minha filha era a única na escola com essas restrições. Então, sempre tive que ter o cuidado de levar as coisas dela separadas”, relembra. Ao transformar o problema em uma oportunidade de fazer a diferença, Tatiane entendeu que deveria buscar “fazer comidas gostosas que são sem açúcar, sem glúten e com baixo carboidrato”. Apesar de, em muitos casos, os insumos que usa para fazer os produtos serem mais caros do que as opções mais generalistas do mercado, entende que para os consumidores é uma escolha vantajosa. “Nós economizamos investindo em saúde.”