Morre o escritor tcheco Milan Kundera aos 94 anos
Autor de “A Insustentável Leveza do Ser” e um dos principais nomes da literatura mundial, Milan Kundera era conhecido por fazer um sarcástico retrato da condição humana e todas as suas contradições em sua obra
Foi confirmada, na manhã desta quarta-feira (12), a morte do escritor tcheco Milan Kundera, autor de “A Insustentável Leveza do Ser” e um dos principais nomes da literatura mundial. Ele morreu na terça-feira (11), aos 94 anos, após uma longa doença. O autor escrevia em francês desde a década de 1980, e era conhecido por fazer um sarcástico retrato da condição humana e todas as suas contradições em sua obra.
Seu primeiro romance, “A piada”, de 1967, foi considerado inovador pela crítica e passou a chamar atenção para o autor, que já passou a ter sucesso com “Risíveis Amores”, de 1969. Ele também era dramaturgo e poeta, e com os livros “A brincadeira” e “A imortalidade” já tinha conquistado prestígio no meio, mas foi com “A Insustentável Leveza do Ser”, lançado em 1984, que o autor foi realmente aclamado e ganhou milhares de leitores pelo mundo, sendo traduzido em diversas línguas. A obra se passa em Praga e acompanha quatro personagens, entrelaçando temas de amor, exílio, política, erotismo e reflexões sobre a vida.
Milan Kundera nasceu em 1º de abril de 1929 em Brun, no sudeste da República Tcheca, mas passou boa parte da vida exilado na França, inclusive tendo chegado a perder a nacionalidade tcheca durante o regime comunista em seu país de origem. Ele e sua esposa, Vera Hrabánková, então, passaram a viver em Paris, o que fez com que ele ganhasse nacionalidade francesa e passasse a escrever nesta língua. Em 1981, no entanto, ele recuperou a cidadania tcheca.
Mesmo com o fim do comunismo no país, ele retornou à República Checa raras vezes. Suas últimas obras, escritas em francês, nunca foram traduzidas para o tcheco. Mesmo “A Insustentável Leveza do Ser”, seu maior sucesso, só foi traduzido para o tcheco em 2006. O livro ficou no topo da lista dos mais vendidos durante semanas e, no ano seguinte, Kundera ganhou o Prêmio Estadual de Literatura por ele.
Com a projeção mundial do autor, ele frequentemente era um dos grandes nomes apostas para o Nobel da Literatura – que, no entanto, não chegou a ganhar. Sua obra “A Insustentável Leveza do Ser”, no entanto, chegou a ser adaptada para o cinema pelo diretor Philip Kaufman e o roteirista Jean-Claude Carrière, sendo aclamada novamente pelo público e rendendo indicações para o Oscar.
A esposa de Milan Kundera, Vera, foi sua parceira até o final da vida, tendo sido também sua tradutora e secretária social. Kundera era um homem recluso, que evitava a tecnologia e o contato com a mídia, o que fez com que ela atendesse as demandas que ele recebia e, inclusive, fosse sua porta-voz em tantas ocasiões.