Família Dinossauros

Primeiro dinossauro aquático da franquia, mosassauro é uma das principais novidades de ‘Jurassic World’
Para falar de “Jurassic World: O mundo dos dinossauros”, que estreia nesta quinta-feira, é preciso antes voltar no tempo e falar um pouco de Steven Spielberg. Foi ele, ainda na década de 1970, que entregou ao mundo aquele que é considerado o primeiro exemplar de blockbuster: “Tubarão”, que juntou em um mesmo pacote um tubarão assustador e a tensão sempre presente para arrastar milhões aos cinemas. Menos de 20 anos depois, em 1993, ele adaptou um livro de Michael Crichton para criar “Parque dos Dinossauros”, um dos maiores sucessos do cinema de aventura e ação da época e uma das primeiras produções a mostrar todo o potencial que a computação gráfica pode oferecer à Sétima Arte. Para muitos, foi a primeira vez que se viu na tela do cinema – ou em casa, para quem assistiu em VHS – dinossauros que realmente pareciam reais, tamanha a fluidez dos gestos e a composição física dos “personagens”. Para ficar perfeita, a produção criou cenas de ação incríveis graças à informática, como a clássica e aterrorizante cena em que a T-rex ataca o jipe em que estão os netos do criador do parque, John Hammond.
O tempo passou, o filme teve duas sequências menos célebres, cientistas passaram a afirmar que os dinos tinham penas – mas não os chamem de “galinhas gigantes”, que eles ficam ofendidos -, e uma volta ao universo da Ilha Nublar (onde fica o parque) sempre era esperada, ainda mais com os maiores e melhores efeitos especiais da atualidade. Spielberg, mais uma vez, abdicou da direção e manteve-se como produtor. A cadeira de diretor ficou com Colin Trevorrow, que teve à disposição um orçamento milionário. O longa se passa 20 anos depois do original e é uma continuação direta deste – ou seja, “apagaram” da cronologia a segunda e a terceira parte.
A trama do novo filme mostra que o sonho de John Hammond (Richard Attenborough, morto em 2014 e que ganhou o Oscar de melhor diretor por “Gandhi”) tornou-se realidade. O “Jurassic World” é uma das maiores atrações turísticas do mundo, com cerca de dez milhões de pessoas visitando todos os anos a Ilha Nublar. O local é um verdadeiro parque temático com dinossauros (todas fêmeas), comparável ao Sea World, e há de tudo um pouco ali: é possível, entre outras atrações, passear como num safári entre animais do porte do apatossauro, brincar, acariciar e abraçar filhotes de dinos, assistir à veterana T-rex (quase 30 anos de idade!) do primeiro filme se alimentando, admirar os pterossauros no aviário e os famosos velociraptors se “divertindo”.
O filme mostra, ainda, os primeiros dinossauros aquáticos da franquia, com destaque para o gigantesco tanque onde fica o mosassauro, que se alimenta de tubarões da mesma forma que golfinhos saltam no ar para buscar seus peixes. O local, claro, tem toda a estrutura para receber o turista (hotel, restaurantes, campo de golfe) e promete ser o parque temático mais seguro do mundo.
Ação, efeitos especiais e tensão
Mas o populacho, claro, sempre quer mais, poder conhecer centenas de espécies pré-históricas não é suficiente. Como o capitalismo é selvagem, os donos do parque logo colocam os cientistas para trabalharem e literalmente criarem novas atrações para “Jurassic World” – de preferência, mais perigosas. E é assim que uma nova espécie é criada pela equipe da doutora Claire Dearing (Dallas Bryce Howard): mescla dos DNAs de velociraptor, T-rex, outros dinos, cobra e lula, a indominus rex tem 12 metros de comprimento (“atualmente”, ressalta o site de divulgação do filme) e é muito mais forte, feroz e inteligente que os outros dinossauros, e essa vai ser a deixa para tudo dar errado.
Antes mesmo de ser apresentada ao público, a nova atração consegue escapar e começa a matar tudo o que vê pela frente, gente e répteis. Uma equipe comandada por Owen Grady (Chris Pratt) é enviada para caçar a dinossauro, mas o resultado da missão é o caos na Ilha Nublar, com velociraptors, pterossauros e outros dinos predadores partindo atrás dos mais de 20 mil turistas presentes na ilha, que rapidamente passam para a base da cadeia alimentar de “Jurassic World”.
Pelo que já pôde ser visto nos trailers, a nova produção de Steven Spielberg mantém o clima do primeiro longa, misturando aventura, ação, suspense e medo, muito medo dos dinossauros, com cenas que remetem aos momentos de pavor do filme de 1993. Graças aos avanços tecnológicos, os efeitos especiais mostram dinossauros ainda mais “realistas” e em maior variedade que há 22 anos, coisa que deve impressionar muita gente na sala escura. A exceção, claro, serão os especialistas em paleontologia e outras áreas, que desde o ano passado já criticavam os erros científicos e históricos apresentados nos trailers. Se a intenção for apenas se divertir, porém, os vacilos científicos não vão estragar a nova experiência jurássica.