Mashups e redes sociais: conheça o DJ Nikão, que se apresenta nesta sexta-feira em Juiz de Fora

DJ fala sobre suas percepções sobre o funk, trajetória na música e o primeiro show fora do Rio de Janeiro


Por Renato Knopp*

11/04/2025 às 18h01- Atualizada 11/04/2025 às 19h02

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DJ se apresenta nesta sexta-feira no Clube Contra (Foto: Divugação)

O funk brasileiro vem se transformando e sendo, continuamente, expandindo dentro de suas concepções. Uma das várias formas de “adicionar” algo novo ao gênero é por meio de mashups, em que uma música é mesclada com outra para criar uma terceira. Essa técnica utilizada por diversos DJs, quando bem executada, costuma surpreender muitas pessoas, sendo constantemente compartilhada nas redes sociais. Um dos artistas que recentemente teve um boom em suas redes devido à mistura de “That’s what I like” (Bruno Mars) com “Meu carro não tem porta luvas” (Menozin Mr), é DJ Nikão, que se apresenta nesta sexta-feira (11), no Clube Contra (Rua Francisco Maia 90 – Centro), às 22h. Fazem sets ainda os DJs Taian, Crraudio, Amanda Fie e Julliø. 

Confira a entrevista completa com DJ Nikão

Tribuna: Quando começa sua história com a música? 

Nikão: Minha história com a música começou quando eu era criança, muito por conta dos meus pais. Meu pai sempre me incentivou muito a gostar de música, então, ainda criança, ouvíamos muito rock e também alguns artistas de rap. Lá pelos meus 13 anos, assisti a um filme em que o protagonista era DJ, e a maneira como essa arte foi apresentada me deixou muito inspirado. Em 2016, comprei minha primeira controladora DJ, apenas para experimentar e tocar por hobby, sem a pretensão de seguir isso como profissão. Eu já havia começado também a produção musical, mas, em 2021, alguns amigos MCs estavam precisando de um DJ para fazer shows com eles, e foi a partir daí que comecei a desenvolver meu próprio estilo como DJ e produtor musical. Em 2023, comecei a focar nas redes sociais, trazendo remixes que considerava criativos de uma forma interessante no Reels (Instagram) e no TikTok.

Recentemente um mashup seu explodiu no TikTok. Como você enxerga a importância das redes para seu trabalho?

Vejo as redes sociais como a principal forma de levar meu trabalho a novas pessoas e me destacar. Nesse meio, é muito importante formar conexões com o público que vai aos eventos para te ouvir tocar. Como as redes viraram parte da rotina de praticamente todo mundo, é essencial estar presente ali, mesmo fora do palco. É uma forma tanto de me aproximar de pessoas que têm um gosto musical parecido com o meu quanto de divulgar meu trabalho.

Ainda sobre os Mashups, acho interessante como, “juntando” uma música dos EUA, por exemplo, com um funk, isso ajuda em certo sentido a internacionalizar o funk e sua batida, já que é quase uma ponte entre a música de lá e daqui. Você acha que isso faz algum sentido? O que é mais interessante em produzir mashups? 

Acho que o reconhecimento internacional que o funk vem conquistando recentemente é muito importante, não só para que a cultura brasileira seja valorizada ao redor do mundo, mas também para que o brasileiro, finalmente, perceba que sua cultura é rica e valiosa. De certa forma, trata-se da validação do funk, que, por ser um ritmo periférico e preto, foi muito marginalizado por décadas, mas que vem, aos poucos, chegando ao mainstream. O funk sempre utilizou samples de músicas gringas e brasileiras, mas é muito interessante ver que agora nossa cultura está sendo bem vista pelos próprios artistas que antes serviam de referência na hora de samplear. Já sobre a produção de mashups: é o que mais me interessa, pois se baseia em músicas já conhecidas pelo público, o que facilita muito a adesão. Enxergo os mashups como uma forma criativa de produzir algo totalmente novo a partir de elementos que já existem, o que gera uma conexão forte com os fãs do conteúdo original.

Tem rolado uma cena forte, pelo menos no “underground”, de DJs fazendo diversas experimentações com misturas de ritmos e gêneros. Você se enxerga nessa cena? E, para além disso, como caracterizaria o som que faz? 

Ultimamente, o funk underground brasileiro vem se diversificando muito, o que, na minha opinião, só enriquece o gênero e mostra a criatividade de produtores de todo o Brasil que antes não tinham público. Gosto de pensar que estou me inserindo nessa cena, trazendo algo novo para a pista, que eu chamaria de intenso e surpreendente, porque gosto muito de usar a ideia do mashup para surpreender o público com faixas e estilos que eles não esperariam ouvir em um set de funk.

Será sua primeira apresentação em Juiz de Fora. Como está a expectativa?

Sim! Não será apenas minha primeira apresentação em Juiz de Fora, mas também minha primeira visita à cidade e meu primeiro show fora do Rio de Janeiro! Ouvi dizer que o público da cidade é muito animado e aberto a novas experiências, então vai ser uma noite de muita experimentação e muita música quente.

*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy

Tópicos: DJ Nikão

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