Diogo Nogueira faz show em Juiz de Fora neste domingo

Sambista se apresenta no Cultural Bar trazendo, no repertório, seu disco recém-lançado, “Samba de verão”, além de outras clássicas


Por Cecília Itaborahy, sob supervisão de Fabíola Costa

10/06/2022 às 07h00

Diogo Nogueira
Músicas autorais e clássicos do samba estarão no repertório de Diogo Nogueira, atração principal do domingo na Semana Cultural (Foto: Guto Costa/ Divulgação)

Arlindo Cruz já cantou que “É no samba que a gente fica assim sorrindo”. Talvez viver desse gênero seja o que explica o inesgotável sorriso no rosto de Diogo Nogueira. Apesar de ter tido o pai, João Nogueira, ali ao lado guiando esses passos de músico, o cantor sempre sonhou em ser jogador de futebol. Foi a ironia do destino – na verdade uma lesão no joelho – que o fez cair de vez na roda, e ele se encontrou. “O samba tem isso de aproximar as pessoas. A gente se reconhece no samba”, ele diz. Neste domingo (12), véspera de feriado, o sambista faz show no Cultural, dentro da programação da Semana Cultural: projeto que se estende pelo feriado e mescla artistas nacionais com locais, com palco montado, inclusive, no estacionamento da casa, onde Diogo faz o show. No mesmo dia, a partir das 16h, se apresentam Bombocado, Alquimia, Alessandra Crispim e NTI.
“Samba de verão” é o seu trabalho mais recente. O disco, também lançado em DVD, foi gravado em novembro de 2020 em uma balsa na Baía de Guanabara. O extenso álbum, que contém 42 músicas, faz um passeio pelo trabalho de Diogo Nogueira e pelo samba brasileiro, ainda com músicas inéditas. Ele foi dividido em três partes lançadas, também, separadamente: “Sol”, “Céu” e “Lua”. “O Samba de Verão é uma grande celebração ao samba, ao verão. Foi pensado para trazer afeto, alegria e esperança de um novo dia que estava para raiar com a chegada da vacina. Era verão, o dia estava lindo, perfeito para o que queríamos. Gravamos durante o passar de um dia, da tarde até de noite. Daí, fazer esta separação de “Sol”, “Céu” e “Lua” foi fácil”, explica. Para endossar o coro, ele convidou Zeca Pagodinho e Fundo de Quintal, além de outros músicos, que ele chama de “partideiros”, da nova geração.

Misturando e criando

Apesar de ter o samba em sua origem, Diogo Nogueira, como muitos outros músicos, tem flertado com gêneros diversos, apostando na mistura que, para ele, é o que define a brasilidade cultural. Recentemente, por exemplo, lançou a pop “Sorriso é o que nos une”, mas, nos outros singles também recém-lançados, “Deu samba” e “Flor de Caña”, essa dedicada à namorada, a atriz Paola Oliveira, reafirmou seu compromisso com o samba raiz. Ainda neste ano, ele e Hamilton de Holanda retomaram o “Bossa negra” e lançaram a música “Fim do horizonte”. O projeto, idealizado junto com o bandolinista carioca, mesclou os gêneros pelos quais os dois transitam: samba, choro e jazz, colocando em evidência, principalmente, os ritmos afro-brasileiros, com uma pesquisa aprofundada sobre as origens e as diferenciações. O disco, lançado em 2014, reúne músicas brasileiras consagradas com outras inéditas, mas de maneira a evidenciar o resultado dessa mistura entre Diogo e Hamilton. Ele ainda rendeu um Grammy Latino à dupla, e agora, com o novo single, a ideia é que, de alguma forma, esse projeto seja retomado. “A gente está tentando alinhar nossas agendas loucas para lançar um disco novo.”
Ter feito o “Samba na Gamboa”, programa que ia ao ar na TV Brasil, também foi importante para que Diogo Nogueira conseguisse conhecer as nuances do samba e se aproximar da velha guarda e dos novos músicos do cenário brasileiro. “Tivemos alguns dos maiores artistas brasileiros, inclusive artistas que não são considerados sambistas. Foi uma experiência incrível para mim, artisticamente e mesmo de vida. Me aproximei de muitos artistas e conheci o trabalho de grandes artistas que vieram de outros estados e que eu ainda não tinha muita intimidade”, avalia. E isso também impactou a forma como ele enxerga a música. Em 2017, pela primeira vez, Diogo lançou um disco que reunia apenas músicas compostas por ele, o “Munduê”. “Senti que era a hora e aproveitei a celebração de dez anos de carreira naquele ano para fazer um disco 100% autoral. Era o momento de mostrar diversas canções de minha autoria feitas ao longo dos últimos anos, com alguns parceiros, e fazer um disco totalmente autoral. De lá pra cá tenho exercitado mais esta minha porção compositor e espero continuar a ter inspiração pra fazer muitas e muitas músicas novas.”

Show quente

Agora, podendo, enfim, voltar aos palcos, Diogo Nogueira tem tentado passar a sensação de estar na Baía de Guanabara, ainda no verão. Por causa disso, ele garante que as músicas são quentes e levantam o astral. Além de passar pelo “Samba de verão” e suas músicas em alta, como “Pé na areia”, “Alma Boêmia” e “Clareou”, sambas clássicos estão incluídos no repertório, inclusive alguns em homenagem a Beth Carvalho e Gilberto Gil. “É para todo mundo levantar e sambar”, finaliza.

 

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