Audiodocumentário celebra a carreira de Fernando Pellon
Produção destaca os 40 anos do vinil ‘Cadáver pega fogo durante o velório’ e já tem episódios disponíveis no Spotify
O audiodocumentário “A voz do morto – Vida(s) e obra(s) de Fernando Pellon” celebra a carreira do compositor barbacenense e marca os 40 anos do lançamento do seu icônico disco em vinil “Cadáver pega fogo durante o velório”, obra de referência da sua produção musical. O projeto é dividido em uma trilogia, com produção do podcast “Histórias vizinhas” do roteirista mineiro Felipe Ivanicska. Dois episódios já estão disponíveis no Spotify.
“É feito um panorama histórico do cenário musical e cultural dos anos 1980, na época do ‘Cadáver pega fogo durante o velório’, e, logo em seguida, mergulhamos na vida pessoal dele. O que levou um jovem promissor, com uma enorme paixão pela ciência (Fernando Pellon é Ph.D. em Geologia), a gastar tempo e dinheiro em um disco maravilhoso, mas que pouca gente conhece? E por que será que ele é tão desconhecido, mesmo com uma obra tão genial?”, explicou o autor do projeto sobre o primeiro episódio.
O segundo foca no início da carreira artística de Fernando Pellon, a partir dos anos 1980, quando ele participou do coletivo de compositores e poetas Malta D’Areia, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Com o grupo, ele montou diversos espetáculos, entre os quais “João maus costumes” e “Onde é que cabe um circo” (musical infantil), além de produzir o curta-metragem “É Miquelina, minha mulher”, dirigido por Fátima Lannes.
Segundo Felipe, o público vai ouvir, pela primeira vez, fitas de áudio gravadas no auge da produção da Malta com ensaios, músicas inéditas, conversas e entrevistas.
Fernando Pellon afirma que ficou muito satisfeito com o resultado. “É sempre gratificante ter contato com pessoas que, por meio da internet, passaram a ter interesse no meu trabalho. É enriquecedor ouvir outras perspectivas, com leituras distintas sobre o conteúdo que eu produzi.”
‘Cadáver pega fogo durante o velório’
O disco foi finalizado em 1983, mas lançado apenas no ano seguinte porque teve a música “Com todas as letras” vetada pela censura do regime militar. Só foi liberado após a intervenção do musicólogo e pesquisador Ricardo Cravo Albin no Conselho Superior de Censura. O lançamento foi feito pelo selo independente Vento de Raio. O disco ganhou o troféu Chiquinha Gonzaga da Associação dos Produtores Independentes de Discos (APID).
Com produção do jornalista e crítico de música Roberto M. Moura (1947-2005) e direção musical do violonista João de Aquino, o vinil reúne nove canções, entre sambas e choros. As vozes são do próprio Fernando Pellon, com as participações especiais de Paulinho Lêmos, Sinval Silva, Nadinho da Ilha e Cristina Buarque.
Da base instrumental participaram os músicos Raphael Rabello (violão sete cordas), Helvius Vilela (piano), Marcelo Bernardes (sopros), Oscar Bolão (bateria) e o violonista João de Aquino. A capa é uma obra de arte, criada a partir de manchetes do noticiário policial e de drama social factual do jornal Ultima Hora.