Diário de bordo
Assim que soube, em julho deste ano, que minha irmã planejava ficar com seus familiares por 21 dias em Israel, não tive dúvidas. Vou junto!, pensei. Partimos do Rio e, após 12 horas de voo, chegamos a Roma. De lá até Tel Aviv foram mais três horas de voo. De Tel Aviv, nosso cicerone, um amigo palestino, nos levou para Netanya, onde nos hospedamos por 12 dias. Netanya é uma cidade litorânea, na costa mediterrânea, com um mar azul belíssimo, de águas calmas e mornas, infraestrutura de primeira, com restaurantes charmosos em uma orla florida e bem cuidada. Essa cidade, a 30 quilômetros ao Norte de Tel Aviv, é frequentada, principalmente, por turistas franceses. A escolha por Netanya se deu pela sua localização central e seu clima menos quente, facilitando a ida e a vinda, diariamente, por muitas cidades, como Haifa e seu belíssimo jardim no Centro Mundial da Fé Bahà’í, considerada a mais recente religião mundial.
Outra cidade próxima é Cesarea, que possui o Parque Nacional, cujas ruínas impressionam e nos remetem, inevitavelmente, a muitas reflexões sobre a história da humanidade. Conhecemos também Old Jaffa, Mar da Galileia, Tiberíades, Yardenit – Rio Jordão, Nazareth, Acre (Akko) – com seu porto considerado um dos mais antigos do mundo -, Nakura – na divisa com o Líbano – , Taiybe, Tul Karm, Nablus, Jericó e Herzliya.
Para entrar em algumas cidades palestinas, como previsto, tínhamos que mostrar passaporte ao exército israelense. No início, isso gerou tensão, mas, ao final, vale destacar que fomos bem recebidos por todos da região. Aliás, ficou evidente a boa acolhida e o quanto eles gostam do Brasil. Era só falar o português para perguntarem qual era essa língua e, daí, ganhar um sorriso e uma receptividade impressionante.
Ficamos mais nove dias viajando de carro. Fomos para Eilat, ao Sul de Israel, divisa com Jordânia, na bacia de Aqaba, Mar Vermelho, uma cidade atraente que, com seus 46º C durante o dia, fazia com que a noite fervilhasse de turistas nas ruas, nas sorveterias, nas lojas com preços livres de impostos. Esse diário ficaria extenso ao detalhar também as brincadeiras de não afundar no Mar Morto, o sabor das comidas árabes e seus temperos fortes, o jantar no Café Tapuz, um charmoso restaurante, pertencente a um kibutz, em meio a um laranjal, em Moshav Bazra.
Além disso, lembrar da sensação de só ouvir música da região nas longas horas de viagem pelo deserto de Negev, do esforço de falar várias línguas (e gestos) ao mesmo tempo, das visitas às igrejas, ver as muitas mesquitas, sentir a indignação com o muro de Belém separando os habitantes dessa cidade, além de conhecer a cosmopolita Jerusalém, com sua mescla de religiões. Tudo isso será inesquecível. O desejo de retornar é imenso. Tenho a certeza do quanto é válido viajar e conhecer outras culturas, e desejo que eles encontrem a paz.