Bodas de prata com sabor mineiro


Por MAURO MORAIS

03/08/2013 às 07h00

Quando o pagode alcançava altas cifras e discos e mais discos de ouro, além de se manter nas primeiras posições das rádios nacionais, a barata da vizinha (o hit A barata) na voz de um grupo formado por oito franzinos garotos apontava para um sucesso que não se dissolveria facilmente. Criado em Uberlândia, na região do Triângulo Mineiro, em 1989, o Só pra Contrariar (popularmente conhecido como SPC) surgiu no lar do casal João Pires e Maria Abadia, mas logo ganhou o país. Alexandre Pires (voz), o irmão Fernando (bateria e voz), o primo Juliano (percussão) e os amigos Serginho Sales (teclados), Luisinho Vital (contrabaixo), Hamilton Faria (saxofone), Alexandre Popó (surdo) e Luiz Fernando (pandeiro) conseguiram ultrapassar o tempo. No show que apresentam hoje, às 23h, no La Rocca, os oito músicos comemoram, antecipadamente, 25 anos de carreira, recuperando a formação original e preparando-se para lançar disco inédito.

Com quase dez milhões de cópias vendidas ao longo dos anos, o grupo, cuja estreia em disco foi em 1993, com Que se chama amor, se transformou em sucesso absoluto entre os anos de 1995 e 2000. Com O samba não tem fronteiras, de 1995, o SPC vendeu mais de um milhão de discos. Dois anos depois, com Depois do prazer, que trazia o hit Mineirinho, faturou três milhões de cópias comercializadas. Em 1999, ao som de Sai da minha aba, o álbum Interfone também foi um dos mais ouvidos do país. Apesar de representarem a fase brega dos anos 1990, o grupo não se fixou apenas no pagode, mas transita pelo samba e pelo romântico. Quando olha para trás, o que vem à lembrança de Alexandre Pires são aquelas roupas coloridas, a calça quase no peito e aquele bigodinho, além de uma boa dose de fama.

‘Minas é a nossa essência’

Seguindo carreira solo desde 2002, Alexandre Pires abandonou o conjunto mas não deixou de ampliar o repertório de amor que se consolidou como linguagem do SPC. A música romântica nunca vai morrer. Embora haja outros temas que se destacam nas canções que tem feito sucesso hoje, o povo brasileiro é romântico, e eu acredito que as canções de amor sempre terão seu espaço, pontua o músico em entrevista à Tribuna, por e-mail. Acreditando na força da geração de 1990, Pires reuniu-se ao irmão, ao primo e aos amigos para comemorar bodas de prata do grupo.

Apesar das muitas viagens e da maturidade conquistada – Alexandre, por exemplo, como cantor solo estreitou seus laços com o jazz, R&B e pop – o SPC apresenta-se renovado, mas mantendo-se fiel às origens, principalmente em relação ao estado em que surgiu. Minas Gerais é a nossa essência. Embora dois integrantes do grupo sejam de outro estado, Minas é o lugar onde tudo começou, onde aprendemos muita coisa. Nós temos muito orgulho da nossa terra, e isso a gente vai levar para sempre, independentemente do tempo que a gente passe fora, comenta Alexandre.

No repertório da noite, além de sucessos que compõem a trajetória, o grupo apresenta inéditas que deverão integrar o CD e DVD comemorativos Ao som do SPC, que chega às prateleiras ainda no segundo semestre. Temos encontrado muitos dos nossos fãs antigos nessa turnê, e isso é muito gratificante para nós. Paralelo a isso tem um novo público, que não acompanhou a fase anterior do SPC, mas que hoje também vai aos nossos shows, comemora Alexandre, certo de que, contrariando as críticas que surgiram no início da carreira, a resistência da música feita pelo grupo confirma a qualidade do sabor mineiro que injetaram no pagode nacional.

SÓ PRA CONTRARIAR

Hoje, às 23h

La Rocca

(Av.Deusdedith Salgado 2400 – Salvaterra)

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